segunda-feira, 23 de novembro de 2009

RÉU


Neino Azevedo

Quero estar preso em mim
hermeticamente fechado
habitando meus mundos
domesticando meus pesadelos
desfazendo e tecendo minhas ilusões
como um eterno Sísifo.

Sou meu próprio deus
mas perdi a fé
-talvez nunca a tive
Sou apenas um ateu
de mim mesmo
enjaulado em mim mesmo
engessado nas fardas da minha própria voz
fisgado pelo anzol da desesperança.

Sou réu nesse mundaréu
de deuses e re(i)ses
sem nenhuma razão
e sem nenhuma utopia
mas com a única certeza
de que a humanidade
é a mãe de todos os males.

*Nelino Azevedo é membro da Academia Cabense de Letras

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