segunda-feira, 23 de novembro de 2009

E O MEU AMIGO TOINHO ESTÁ LÁ...


Antonino Oliveira Júnior

A IV SEMANA CABENSE DE CULTURA começou no Dia da Consciência Negra. Acompanhei, ainda que distante, a preocupação da equipe da Secretaria de Cultura em preparar uma programação diversificada, ainda que enxuta. Segundo se dizia, os recursos eram muito pequenos, o que não é novidade por estes lados. O problema é que não há recursos disponíveis e muito menos decisão política, por parte do prefeito, para que ações culturais aconteçam no município. O resultado é o que se viu na abertura: um evento que tem tudo para ser sucesso, acontece de maneira sofrível, não na qualidade da arte apresentada, mas, pela forma como foi tratada pelo próprio governo municipal. Iniciou de forma anônima, sem divulgação, sem mobilização na cidade, e, o que é pior, desprestigiada pelo próprio governo, mais uma vez.

Ano passado, expressei meu desapontamento já na abertura, no Teatro Barreto Júnior, quando sequer um só secretário esteve presente ao evento, salvo, claro, o secretário de cultura, que tinha mesmo que estar. Foi uma abertura esvaziada, triste, sem o dinamismo dos eventos culturais. Este ano, não foi diferente, com o agravamento de que foi numa praça pública, expondo os organizadores e artistas aos olhares de um povo que passava e não sabia o que estava acontecendo. O povo não sabia que estava acontecendo a abertura da Semana Cabense de Cultura. Mais uma vez faltou criar um clima na cidade, motivar a população a ir às ruas, ocupar a Praça e assistir seus artistas e suas obras.

Vou continuar batendo na mesma tecla. Tudo passa pelo respeito à cultura. Não adianta pintar tantas vezes o teatro Barreto Júnior, por exemplo, se na essência se vira o rosto aos artistas e à cultura, de um modo geral. Continua a mesma conversa de sempre. Vamos fazer a Semana de Cultura e se chama o artista cabense para colaborar, quase de graça (alguns, acho que são mesmo) sob a alegação de não ter dinheiro. Que história é essa? Aqui não é Manari, gente (cidade muito pobre do sertão pernambucano), mas, uma das mais ricas cidades do Estado, com uma receita grandiosa. Falta mesmo é um gestor municipal que respeite a cultura e, se não disponibiliza os recursos necessários, que dê respaldo político à sua secretaria de cultura na busca por patrocínios e apoios. Jamais expor a equipe de trabalho e os artistas ao vexame de serem co-autores de um evento que a cidade nem sabia que estava por acontecer. Não tiramos o mérito da Secretaria de Cultura, que demonstrou esforço e montou uma programação diversificada, é verdade, mas, na abertura já deu para ver que faltou a presença do governo municipal. Ficou muito claro que não foi uma ação da administração.

E é uma cidade cujo prefeito foi “ Leão do Norte” em Cultura. Antes, fosse um bichinho menos feroz, porém, com mais sensibilidade para entender e tratar melhor a cultura de sua cidade. E essa história batida e rebatida de que não existe dinheiro, já está no tempo de ser mudada. Não dá mais para engolir. Existe dinheiro. Falta respeito à cultura.

O tempo passa e meu amigo Toinho, mentor da Semana de Cultura, está lá, sonhando, lutando e sofrendo, com certeza.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

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