segunda-feira, 16 de novembro de 2009
PERNAMBUCARNAVAL
Gustavo Krause
Território: “Recife cidade lendária” e “Olinda cidade eterna”.
Governo: ginecocracia absoluta, exercida pela Rainha do Maracatu com poderes mágicos de fada-madrinha e de Santa. O Rei Momo é o bobo da corte.
Constituição: “Art.1- Fica instituído o reino da alegria e decretada a folia, em todo o território do Pernambucarnaval, sob os acordes do Frevo e do Maracatu.
Art. 2- Esta constituição estará em vigor do sábado de Zé Pereira até a Quarta-Feira de Cinzas, revogados a tristeza, o mau humor, o pessimismo e o azar”.
Neste reino, o tempo é o presente e não haverá saudades.
Todos estarão vivos,
“de braços para o alto/frevando sem parar”,
assim na terra como no céu.
As mulheres serão “morenas da cor de canela”,“
"diabos louros com cara de gente”,
“mulatas da alma cor de anil”.
E todas terão “pele macia, carne de caju, saliva doce...”
Os homens serão bons e pacíficos.
Sairão fantasiados de anjos,
dizendo a uma só voz:
“Olinda, quero cantar a ti esta canção”.
(O amor será livre, leve e louco).
Todos comerão o Pão que Deus amassou.
Beberão “bate-bate com doce”.
Provarão do vinho que Baco ofertou.
E a sobremesa será filhoses.
À noite,
serão iluminadas as casas e as ruas
(em vez de lâmpadas)
por pedaços de lua.
“Na madrugada do terceiro dia”,
choverá um minuto de cinzas
para lembrar que somos pó
e que ao “Bacalhau na vara” retornaremos.
Depois, todos dormirão em paz.
Durante 361 dias, sonharão com “serpentinas partidas”,
até que “o Galo canta e anuncia
a madrugada de um novo dia”.
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