segunda-feira, 30 de novembro de 2009

EU NÃO TENHO MEDO DO MEU PAI


Antonino Oliveira Júnior

Temente: Que tem medo; Temível: De quem se tem medo.
Deus é Amor: I João 4:8 / 4:18


Em maio de 1997, decidi por me tornar evangélico, ingressando na Primeira Igreja Batista do Cabo, transferindo-me dois anos e meio depois para a Igreja Batista da Cohab, onde permaneço. Desde aquela época, quando dei os primeiros passos como evangélico, já discordava da expressão “SOU TEMENTE A DEUS”, muito usada pelos crentes, por achar que não se deve sentir medo de quem nos ama e vice-versa. Como sempre procurei estudar a Bíblia (e não apenas ler), constatei que o Novo Testamento era, sem dúvida, o mais recente pacto de Deus para com a humanidade, o pacto da Nova e Eterna Aliança, através da prática do amor.

O Apóstolo João fala-nos com muita propriedade, quando afirma que Deus é amor, e, aí, perguntamos: Como pode Ele ser temível? Como posso temer aquele que nos mandou Seu filho para viver e pregar a prática do amor entre nós? Ser temente a Deus é, no mínimo uma contradição de quem apresenta um discurso de transformação do homem, de confiança no Pai e da pregação do amor entre as pessoas. Até quando, penso eu, ficaremos marcando passo alimentando a adoração a quem nos mete medo? Temos que avançar e passar a adorar o Pai que nos ama, que nós amamos, aquele que é puro amor.

Com Ele devemos ter uma relação própria dos que se amam, ou seja, de respeito, de lealdade, de afeto, de carinho, de renúncia em favor do outro, de cumplicidade. É esta relação que mantenho com meu Deus, com o meu Pai.
Recentemente, um estudo da psicologia reforçou meus fundamentos, afirmando que a maioria das crianças e adolescentes sofre distúrbios que têm origem nesse temor a Deus. Quem, dentre nós, não ouviu dos pais biológicos, parentes e professoras, a expressão repressiva: “Papai do céu briga!!!” ou, então, “Não faça isso, que Deus castiga!!”, além de outras “pérolas”, tipo, “Deus dá e tira, ele dá prosperidade a uns e dissabores a outros”. Isso é um absurdo sem precedentes. Um Deus punitivo, que se vinga de quem não faz a “Sua vontade”…

Eu prefiro adorar o Deus que me fala ao coração as coisas mais belas que sinto, o Deus que toda hora faz questão de lembrar-me que preciso perdoar, que devo ser solidário, companheiro, amigo, além, claro, de me dar muito afeto, carinho e compreensão nas horas que mais preciso. E todas as vezes em que cometi um deslize, um erro, recebi Dele, como meu Pai amado, uma infinita dose de amor e em seus braços chorei minhas lágrimas de arrependimento. Com meu Deus, vivi, também, a felicidade dos momentos de acertos que compartilhei com Ele. Senti de perto a Sua alegria…e que pai não se alegra com a felicidade do filho? É assim a minha relação com o meu Pai amado. Uma troca de afeto, uma troca permanente de emoções. Ele me perdoa e me toma nos Seus braços quando erro, Ele sorri e me beija e me abraça com carinho, também, quando faço coisas certas.

Queiram perdoar-me os que pensam diferente de mim, os que insistem em sentir medo de Deus, mas eu penso e ajo assim, mantendo com o meu Deus, com o meu Pai amado uma relação própria dos que se amam. E vou orar para que eles consigam, também, cada vez mais, ficar íntimo desse Deus que é amor, como falou o Apóstolo João.
Repensem tudo, porque eu não consigo ter medo do meu PAI!.

* ANTONINO OLIVEIRA JÚNIOR é poeta, escritor,
presidente da Casa da Memória do Cabo, membro da Igreja Batista da Cohab,
no Cabo de Santo Agostinho (PE) e membro da Academia Cabense de Letras.

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