terça-feira, 19 de novembro de 2013

40 ANOS DE VIDA LITERÁRIA

Acontecerá em Dezembro o lançamento do Livro "SENTIMENTOS POEMADOS", que marca as comemorações de 40 anos de vida literária de Antonino Oliveira Júnior. O livro reúne poemas e crônicas escritas por Antonino ao longo de quatro décadas e sobre ele dois membros da Academia Cabense de Letras têm a seguinte opinião:

"Os sentimentos poemados de Antonino Oliveira Júnior falam pela racionalidade do coração. São mensagens e vozes que expressam o que há no interior humano, no obscuro do coração, onde a razão científica não pode chegar" (Nelino Azevedo - Presidente)

"O poeta expõe sua vida, sua história, suas fraquezas e fortalezas. Sua visão de mundo quase completa, porque retrata o amor, o sofrimento. O autor consegue, como um gênio, santificar o profano e profanar o santo. O erotismo por ele retratado é quase angelical, de tão respeitoso" (Pastor Erivaldo Alves)

O livro de Antonino está sendo editado pela Editora Brother e em breve será divulgado o local do lançamento da obra.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

THÉO SILVA: INFÂNCIA E DESENCANTO

    
Douglas Menezes*

      O que há de comum entre Théo Silva, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Raul Pompeia e Manuel bandeira, só para citar esses? A visão, muitas vezes, amarga da infância, o desencanto expresso em forma de reminiscências.  A mostra maior de que a primeira idade nunca foi um momento cor de rosa que alguns insistem em pintar. A melancolia de um período que marca com a dor e os traumas que virão depois, que acompanharão o adulto para sempre.
     Mas essa visão traumática e realista atesta a grandeza desses escritores. É a vida observada como consequência da soma de experiências que começam cedo. A tristeza de ver seus passos tolhidos precocemente, os sonhos tornando-se realidade frustrante.
      Então, adulto já, a voz da desilusão com a existência: “Vamos saber sentir a dor que nos maltrata / A dor que mata lentamente o riso / de todo orgulho banal de viver/ Porque  tudo na vida é falível / E tudo passa nesse mundo de ilusão e sofrer”.
     Como Théo Silva se aproxima de Manuel bandeira no seu poema “Meu Natal de Ontem e Meu Natal de Hoje”, na linguagem simples, na expressão narrativa do texto, na tristeza nítida, sem ornamentos romantizados e trazendo a angústia sincera de mostrar já um mundo despoetizado da infância, onde os meninos pobres apenas sonhavam, sem ter: “Mas infelizmente eu fui criado na rede encardida da necessidade / Nunca tive mais que um tostão no bolso em dia de festa / Nunca ouvi falar num presente de natal / A única coisa que me contentava na vida / Era ter,  todo ano  na festa de São Sebastião, uma roupinha nova de marujo,  mal  feita”.
       Théo Silva viveu no Cabo, nasceu no Cabo, terra dos canaviais, do cheiro de cana, do doce que era amargo para os meninos pobres, a maioria.  E o adulto atestou isso. Num de seus poemas a lembrança que nos traz da criança num momento de peraltice. Na igreja abriu a caixinha de hóstia e comeu cinco, fato que o marcou profundamente já como adulto. A primeira idade estigmatizando  o homem feito.  A hóstia, no poema Superstição, não trouxe a bênção sagrada,  mas a certeza de que as dores ao longo da vida é reflexo dos primeiros momentos infantis: “ Quem sabe se não foi aquilo / E parece mesmo verdade / Porque a felicidade / Vive correndo de mim”.
         A obra de Théo Silva possui a marca trágica de um caminho que a Literatura dos grandes escritores procura expressar. Obra potente marcada por uma desilusão, um desencanto que parece ser algo individual, mas, na verdade, demonstra universalidade. Essa busca incessante de felicidade que o homem carrega no seu interior em qualquer lugar do planeta e que, não raras vezes, se transforma num processo de sofrimento e decadência até o final da vida: “O destino jogou-me na rua da vida / E a vida amparou-me nos braços / A ilusão se fez a minha amante trágica /  E eu morri para tudo quanto foi amor”.
      É importante também citar, dentro da poesia de Théo Silva, a musicalidade, a sonoridade Neosimbolista, o ritmo a serviço de uma visão solitária sobre a humanidade, a onomatopeia que lembra uma cantiga infantil, porém com o sopro da amargura adulta: “Blim blão...blim blão /  Quem é que não tem na vida o sino da solidão / O badalar dentro d’alma / Quando morre uma ilusão? / Blim blão, blim blão”.
       Por fim, insistamos no  aspecto que achamos norteador da obra do poeta Théo Silva: a infância como combustível para uma poesia cercada pelo pessimismo, solidão e um destino fatalista que parece ser o de final trágico da humanidade: “Quem não conhece a história /  Dessa velha que pediu, / Quando caiu na fogueira / ‘Bota água meu netinho’ / Mas a criança se esconde/ ( Se ia morrer na grelha!? / Pois assim é meu destino / Peço  água,  ele responde / Igual àquele menino: ‘ Azeite,  senhora velha’  “.
         Douglas Menezes, ano da graça de 2013, 6 de agosto
       
      
     

          

O Mesmo Pai...o mesmo Filho...o mesmo Amor;


O Movimento Cristãos sem Fronteiras promove, dia 23 de agosto de 2013, na Câmara de Vereadores do Cabo, um Encontro de Cristãos de vários segmentos. O Tema do Encontro é AMAMO-NOS PORQUE JESUS NOS AMA e terá como palestrantes: FREI TITO FIGUEIROA (católico), FREDERICO MENEZES (Espírita) e PASTOR ERIVALDO ALVES (Evangélico). O evento acontece a partir das 19 horas.

SENTIMENTOS POEMADOS


A Publikimagem prepara a coletânea de poemas produzidos por Antonino Oliveira Júnior em quatro décadas. O livro vai ter como título "Sentimentos Poemados" e será lançado ainda neste segundo semestre, reunindo cerca de 70 poemas do autor cabense.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

HIROSHIMA SEM AMOR


             

Douglas Menezes*
                                                                                          
  O cogumelo parece sair das entranhas da terra. Como um deus sentenciando a todos. A rosa que o poeta falou: sem cor, sem brilho, sem cheiro, fabricando um jardim disforme, florido de flamejantes flores do inferno. A floresta do mal enegrecida pela intolerância do império. A história sempre foi assim: o poder não tem sentimentos. Não precisa de justificativa, a existência é feita de paradoxos: há vida, porque há morte. Na ação, todos os inocentes são culpados.
    Hiroshima não foi diferente. Hiroshima não é diferente. Ficou o mundo sob o domínio do medo. Até hoje os nascidos agora refletem o pesadelo. O argumento é forte: destruir para renascer. Hiroshima não tem amor. Dói muito, no entanto. Nascemos todos depois, mas é como tivéssemos nascidos antes. Ficar fazendo parágrafos para relembrar uma data que poderia ter sumido no tempo. Afinal, foi mais um ato histórico comum.
     Porém os eventos de outrora deixam vestígios de destruição, mas são congelados no passado, mumificam-se com o passar dos séculos. Hiroshima é outra história: o passado vive no presente e no futuro. Ainda estão nascendo os frutos daquela árvore: cancerosos, acéfalos, anencéfalos, mal pensantes, raquíticos, cegos e surdos. Hiroshima Meu Amor, a paz que reencontra o medo, o trauma, a vivência que não apaga da memória o horror. Templo nenhum que console os que surgiram pranteando aquele momento, que insiste em viver. Há mais de seis décadas Hiroshima foi o recado dado ao mundo: há sempre um rei em todos os tempos, e essa história imutável carrega o barco da humanidade de uma esperança  que deve ser a última a morrer, sem sabermos quando.
       Que se tenha em mente a necessidade de reviver. O esquecimento pode incentivar a repetição, pois eles se multiplicam como a Hidra de Lerna, da mitologia para os dias de hoje. E o dilúvio que destruiu um tempo nas águas da ira de Deus, poderá retornar trazendo não a força da enxurrada líquida,  mas a luz incandescente e envenenada do cogumelo do mal. Hiroshima, Hiroshima ....
 7 de agosto de 2013
  *Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.     



sábado, 3 de agosto de 2013

ACADEMIA CABENSE DE LETRAS RECEBE A UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES

               
           
Foto: ENCONTRO DA ACADEMIA CABENSE DE LETRAS E UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES, EM NAZARÉ.
ACL e UBE em Nazaré 


             A Academia Cabense de Letras recebeu neste sábado, a delegação da União Brasileira de Escriutores. O evento aconteceu na Pousada Caravela de Pinzón, em Gaibu, iniciando as atividades com um café da manhã, para logo depois se reunirem num dos auditórios da Pousada, quando aconteceu uma interessante rodada literária. às 11 horas foram todos para uma visita à parte histórica da Vila de Nazaré.

No retorno os dois grupos almoçaram no restaurante da Pousada.
O MUNICIPALISMO É A SAÍDA
                                                       DOUGLAS MENEZES
           
  A divulgação do Índice de desenvolvimento Humano dos Municípios Brasileiros deixa evidente, mais uma vez, a necessidade de se questionar o modelo federativo do Brasil. Aliás, não se sabe se realmente temos uma federação, tal a concentração de recursos nas mãos do governo federal. Na verdade, estamos mais próximos de um regime autocrata no  sentido político e econômico do que mesmo de um modelo típico americano, com estados com razoável independência em relação ao poder central. Lá, até o judiciário possui leis próprias dependendo da unidade federativa, por isso os estados são unidos em um poder maior, mas livres econômica e politicamente, tendo, portanto, vida própria.
    Aqui em “Pindorama”, no entanto, o esmagamento constante pelo qual passam estados e municípios, principalmente na esfera econômica, chega às raias da imoralidade tal o poder de barganha que o governo de Brasília possui em relação aos outros entes federativos, chegando a comprometer o conceito de democracia constitucional adotado no país: criam-se isenções fiscais para automóveis, eletrodomésticos, por exemplo, retirando-se substanciais recursos dos estados e municípios, estes últimos os que mais precisam  pois “vivem” perto da população,  escutam suas carências e, na maioria das vezes, não têm como resolver esses problemas devido à escassez financeira. Além do aspecto desumano, aparece a questão ética, pois o poder maior estabelece maioria no legislativo por conta da liberação ou não de recursos, dependendo desse apoio ou do humor do “chefe” de momento.

          Mudanças são necessárias. O caminho, porém, não é o de realizar marchas para Brasília de pires na mão , como fazem os prefeitos. Mas com um novo ordenamento financeiro do país, em um moderno pacto federativo, que tenha no seu bojo uma consolidada independência política e financeira dos federados, notadamente os municípios, onde o povo vive e necessita ver resolvidas suas necessidades básicas de educação, saúde, segurança, trabalho e Lazer.

sábado, 27 de julho de 2013

PARCERIA VIABILIZA RESGATE DA OBRA DE THEO SILVA


A Academia Cabense de Letras formalizou parceria com a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, com o objetivo de viabilizar o resgate da obra do poeta Theo Silva. O livro com a obra literária de Theo Silva será publicado pelo Editora Bagaço.

O livro terá lançamento neste segundo semestre e terá distribuição para todas a rede de ensino municipal. Theo Silva é cabense e um poeta de grandes trabalhos, ainda desconhecidos da população de sua cidade.

UM DIA CINZENTO DE JULHO

  Douglas Meneses*


Julho está preparando agosto. Cor cinza anunciando ventos e a chegada possível de uma primavera. Tristeza que invade essa necessidade vital de dizer alguma coisa. Às vezes penso que se não escrever logo a morte será algo instantâneo. Outros também já disseram: escrevo para não morrer. Talvez não a morte física, mas aquele medo de saber ou não poder dizer mais nada para ninguém, já que existe a certeza de ser pouco ouvido. Homem trancado, tímido e de poucas  palavras.
   Julho num dia, sem a animação e a esperança de junho com o povo nas ruas. A ingênua visão sentimental de que as coisas vão mudar de repente, que a vergonha chegou aos que mandam. Ah! O povo nas ruas. A sensação, agora, é de que a massa adormeceu. Aqui parece sempre desse jeito: não há conclusão, nem solução definitiva para nada. Lembro-me do grande Bandeira: “Todos dormem profundamente”. E eles parecem saber das coisas do povo, da acomodação, como se esperassem esse  desfecho.
    Os jornais dizem: deixaram de votar matérias importantes, entraram de férias, mais uma. E continuam a fazer jantares de quase trinta mil reais, e os professores pagando imposto de renda, como se ganhassem tanto para isso. Um jantar pré- férias, quase trinta mil, outros virão. A presidente, no inferno momentâneo, pensando num céu de brigadeiro, para garantir-lhe mais anos de poder. O ex negando a candidatura, mas se movimentando  feliz  pelo messianismo, pela paixão que muitos lhe devotam. Dois mil e catorze chegou, sem ter chegado. E o reino do faz de conta continua vivo, muito ativo.
      A memória é curta: esquecidos os aviões oficiais carregando parentes. Já são voos passados. Comportem-se crianças,  recomendação dada antes de entrarem de férias. Ou seja, façam as coisas mais ocultas, não vacilem, pois podem querer voltar às ruas. Ah, o jornal falou: “integrantes do governo aportam na Suíça pernambucana levando de carona  parentes e amigos. Tudo registrado nas redes sociais”.
       Ah, dia de julho. Que venha agosto, com gosto de novidade e notícias alvissareiras. Que esse silêncio se transforme em vida pulsante, e a gente na esteira do novo, possa pensar, finalmente, que o céu é mais perto do que imaginamos ser, bem mais perto que o infinito cinzento desse mês de julho. Sem povo, sem massa, sem graça.

*Douglas é da Academia Cabense de Letras.

 


A MÁQUINA E EU

A MÁQUINA E EU
Antonino Oliveira Júnior

Triste, sem cor, abatido, chego no final da batalha daquele dia diante de quem imaginei como inimigo maior. Estou diante da máquina, séria, fria, que me olha e esboça um leve sorriso de vencedor, notado apenas por mim. As pessoas falavam ao meu redor e quase não as escutava, com os olhos fixos naquele ar de riso à minha frente, cuja dona estava a poucos centímetros de me tocar e de se tornar vencedora por inteiro.

Com a dignidade de quem sabe perder, entreguei-me à vencedora, cujos braços não me machucaram, mas, acolheram-me como uma mãe à sua cria mais nova. Apesar do medo, cheguei dormir ao seu lado, tanto foi o sentimento de afeto que recebi. Quem eu tanto imaginei que me mataria, dava-me vida e, ao ouvir a voz do médico falando que “encerrara por hoje”, levantei corado, falante, um novo homem. Olhei para trás e vi aquele ar de riso e vibrações que me mandaram uma mensagem : “Tá vendo? Eu só queria ajudar...”

Feliz, revigorado, estava saindo da sala e virei para um derradeiro olhar daquele dia. A máquina estava igualmente feliz. E se aos olhos de qualquer outro, ela não passa de um equipamento frio e inerte, aos meus olhos é um coração que pulsa ao lado do meu.

*Antonino é da Academia Cabense de Letras

SE EU MORRER...

Vinicius de Moraes

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O PÃO QUE ESCRAVIZARA


Erivaldo Alves*

O povo está a dizer nas ruas: O pão não é suficiente!
Chega de nos fazer escravos dando-=nos o pão (as bolsas de Dilma);
Nosso Cristo já disse: "Nem só de pão vive o homem"
isso quando o demônio o quis tornar escravo pelo pão.
A emergência de uma nova vitalidade surgiu
houve rebelião contra a divindade
O fogo está sendo roubado dos deuses (Prometeu X Zeus)
Se estiver havendo queda, essa queda é para cima (como diria Hegel).

*Erivaldo Alves é Pastor e membro da Academia Cabense de Letras.

A GERAÇÃO DIGITAL E O POVO NAS RUAS

DOUGLAS MENEZES*

Eles chegam às ruas como se conhecessem e não se conhecem. Gritam palavras de ordem que não partem de nenhum comandante. Se perguntados quem é o líder, a resposta pode ser invariável: é o “face”. Em outras palavras, inaugura-se no Brasil um modo diferente de se mobilizar, de se fazer política de massa. A bofetada arremessada contra \os políticos e seus partidos nesses dias tensos de manifestações, expressa uma mudança até pouco tempo inimaginável no país, um modo avançado de se juntar povo nas ruas, baseado totalmente na tecnologia, na civilização digital, e um aviso de que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia”. A história está sendo reescrita ou seja, digitada pela nova geração. 

E a ausência de um conteúdo ideológicos nos protestos, antes de ser um componente alienante, serve para marcar espaço, para dizer que as velhas práticas políticas, com seus conceitos arcaicos e dissociados do momento atual, deve ser substituído por algo novo, que não sabemos, na verdade, o que é. Há, nisso tudo, um elemento sensitivo, à flor da pele, não sendo cerebral, é captado de modo espontâneo, baseado nas carências do dia a dia, que mexem, principalmente, com a sobrevivência de cada indivíduo: Educação, Saúde, Transporte, Inflação, Impostos e Corrupção dos políticos.

Por outro lado, observamos um aspecto cuja evidência ficou constatada nas manifestações: a classe política mostrou-se totalmente despreparada para entender e aplicar as novas tecnologias em suas ações. As velhas práticas seculares de anestesiar o povo, principalmente com o assistencialismo, o sempre deixar para amanhã o que é urgente, a distância entre a sociedade e seus gabinetes, o sentimento de impunidade, a esperteza, a endêmica incompetência, tudo isso parecia intocável para os políticos, mas a gota d’água chegou através dos gastos astronômicos com a copa do mundo, a ser realizada no próximo ano. Na verdade, o argumento da copa foi o acordar de um vulcão que há muito já soltava suas lavas.

A juventude digital, então, não perdoou. Se os excessos acontecem, a legitimidade do que ocorre nas ruas é incontestável. Que se cuidem as velhas direita e esquerda. Elas ainda cultivam

ultrapassados líderes ditatoriais, que tratam seus países como feudos e impedem suas populações de terem acesso aos avanços tecnológicos e às transformações pelas quais passa o planeta. A Sociedade desorganizada está protestando, já alguns tímidos resultados aparecem. O que virá daqui para frente, não sabemos. Sentimos, no entanto, os ventos da mudança soprando. A continuidade das velhas práticas cansou a todos. A geração “ face book” deixa o recado claro: “ Nada do que foi será do jeito que já foi um dia” .
Douglas Menezes, 27 de junho de 2013.

*Douglas é da Academia Cabense de Letras.


sábado, 8 de junho de 2013

(A)FETO



Antonino Oliveira Júnior

O olhar, a simpatia,
a atração, o querer,
as mãos, o desejo,
o prazer e a consumação.
Unidos, os dois,
corpo e mente...
O gozo pelo amor
sem egoísmo,
sentido por dois
em função de três.
Dedicação, entrega, sussurros
e um amor intenso

deixando vestígios no mundo.

BANQUETE PARA IMPRESTÁVEIS

Está sendo preparado e logo estará no forno, o novo livro do Pastor Erivaldo Alves, intitulado "BANQUETE   PARA IMPRESTÁVEIS".  Como sugere o título, o livro reúne text os que expressam seu compromisso com o Evangelho.

O Pastor Erivaldo Alves é o titular dda Igreja Batista da Cohab, no Cabo de Santo Agostinho e membro da Academia Cabense de Letras.

UMA FLOR ENTRE AS PEDRAS



DOUGLAS MENEZES*

Vi agora, no visual árido, uma flor que vai brotando, como se o impossível fosse possível, e foi. Um alerta, um alento. A aridez e a explosão nascida de uma flor que nem sei o nome. Exuberante, desafiando o que se pensa não ter vida. A natureza põe poesia na existência. A crônica se faz das coisas singelas. Constatação óbvia, verdadeira, no entanto.

Vi essa imagem no velho computador, na luz artificial, alguém a colocou para o mundo. Gente sensível, que conheço, compartilhou como se mostrasse a senha para que consigamos viver o simples e entendamos a essência das coisas. A fertilidade pode estar onde aparentemente o estéril domine.

Não se trata apenas de uma filosofia de vida, mas de uma verdade. Tirar leite de pedras é mais comum do que se pensa. Pessoas há que fazem do pessimismo paranoico uma marca de existência: enxergam falta de saída em tudo. Não conseguem regar a planta do seu dia a dia e veem sempre para si um mundo deserto. Claro, o otimismo piegas, alienado, sem consistência, também é um lado da moeda a ser evitado. Não mais das vezes, gente assim torna-se parecida com personagem de livros de auto ajuda, que engordam as contas das editoras e autores e não fazem uma leitura real da vida.

O que pensamos, na verdade, é que , muitas vezes, podemos dar soluções a problemas que não possuem a gravidade que imaginamos. sem necessidade, tornamos nossas próprias dores ilimitadas. Não reconhecemos a força que possuímos, subestimamos nosso valor, nossa capacidade de reagir.

Por que não compreendermos melhor a força da natureza, da qual fazemos parte? Por que não fazermos dos fracassos, combustíveis para consequentes vitórias? Afinal, uma flor nasceu entre as pedras, celebrando, assim, a poesia da vida, em qualquer lugar do planeta.

DOUGLAS MENEZES é da Academia Cabense de Letras.

sábado, 1 de junho de 2013

AMOR SEM ROMANCE



Antonino Oliveira Júnior


Eu nem abri meu coração
E você, lentamente,
foi  transpondo tecidos,
músculos,  células,
penetrando  suave,
como  suave é o ato de amar;
E aquietou meu coração arrítmico,
ditou  seu compasso,
irrigou  vasos,
liberou  artérias
e concedeu vida à minh’alma;
Dois seres felizes,
prenhes  de amor,
de um amor sem paixão,
de um amor sem romance,

de um amor que é só vida.

As Sem - Razões do Amor

Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre  sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

MAR


Vinicius de Morais

Na melancolia de teus olhos
eu sinto a noite se inclinar
e ouço as cantigas antigas
do mar.

Nos frios espaços de teus braços
eu me perco em carícias de água
e durmo escutando em vão
o silêncio

e anseio em teu misterioso seio
na atonia das ondas redondas
náufrago entregue ao fluxo forte
da morte.

domingo, 26 de maio de 2013

A OSTRA: DENSO E VERDADEIRO

A OSTRA, de Luiz Navarro, integrou a programação da MOCASPE no última sábado, 25, juntamente com mais dois Skates: Esperando Godot e o Deus que devasta é o mesmo que cura.

Sobre a OSTRA, trata-se de um espetáculo denso, com um texto muito forte e situações que exigiram muito do elenco. A relação doentia entre mãe e filha que se anulam é uma  verdade que constatamos, ao longo dos tempos. Bem no estilo de Navarro.

No elenco, duas mulheres deram vida ao texto de Navarro: Belly Nascimento e Luiza (Lu) Oliveira. Foram competentes, principalmente por fazerem drama sem estereotipar. Foi uma interpretação intimista, capaz de nos levar a ser um pouco a filha ou a mãe.

CASA DA MEMÓRIA: UM PROJETO DE TODOS

Casa Grande do Engenho Boa Vista

 O Prefeito Vado bateu o martelo e autorizou a montagem da Casa da Memória do Cabo, que será instalada em módulos, no antigo prédio da Prefeitura. Será montado por módulos porque o acervo é muito erande e o espaço ainda não é suficiente, mas, existe a promessa do Prefeito em ir, na medida do possível, sendo ampliado.

Segundo Antonino Oliveira Júnior, que coordena o projeto, contando com a importante colaboração de Isbelo  Fonseca, Ian Carlo e Reginaldo  Pereira, a expectativa é que de que a primeira fase seja inaugurada no dia 9 de julho, aniversário da cidade.

A CULTURA CIRCENSE RESISTE

Encontra-se em curta temporada no Cabo de Santo Agostinho, o CIRCO MILENIUM, armado em frente à Igreja da Destilaria. Na sexta-feira passada, dia 24, fui com minhas netinhas assistir ao espetáculo. Nada de grandioso, mas saí feliz, ao sentir que um grupo de jovens, provavelmente  parentes,  está, bravamente, literalmente tocando o circo adiante.

Percebe-se claramente que os jovens de  revesam na nobre tarefa de divertir o público e, ao mesmo tempo, preservar sua cultura e uma das mais importantes manifestações artísticas. Malabaristas, equilibristas e um interessante trabalho de palhaços.

Parabéns aos circenses do Milenium e que tenham bom público no final da temporada.

A ORAÇÃO E ELA

DOUGLAS MENEZES*

QUE DEMORE, MAS VENHA
QUE DIGA SIM E NÃO, MAS DIGA
QUE FAÇA SOFRER, MAS PEÇA PERDÃO
QUE SEJA MALANDRO, MAS TENHA CARÁTER
QUE DEIXE MINHA VIDA VIRAR LUZ
ATÉ MESMO QUANDO A TREVA CHEGAR
AMOR SEM ALMA, AMOR DE GRAÇA, AMOR MORDAÇA
QUE APAREÇA COM CARA DE ANJO
E JEITO HUMANO DE OSSO E CARNE
QUE ENCHA OS ESPAÇOS, SUFOCANDO E LIBERTANDO O
SER CATIVO
QUE VENHA DO CÉU, DA TERRA OU DO MAR,
MAS QUE VENHA, COM A LEVEZA DOS VENTOS
OU COM A ENXURRADA DAS TEMPESTADES
QUE DEMORE, MAS VENHA ENFIM
E QUE SEJA O SULCO DA TERRA ARADA
PINGOS NAS FOLHAS DA MANHÃ DE NÉVOA
ARREBENTANDO AS CERCAS, FORA E DENTRO DE MIM.


*DOUGLAS MENEZES É DA ACADEMIA CABENSE DE LETRAS


segunda-feira, 20 de maio de 2013

PRODUÇÃO DE TEXTO: A PARÁFRASE

Douglas Menezes*


Paráfrase significa transposição. Em redação, é transformar um poema (texto em versos) numa produção escrita em prosa ( texto em linhas contínuas).
A Paráfrase não se trata de uma interpretação do poema, mas uma redação que contenha o mesmo conteúdo. É como se você se transformasse no próprio poeta, sendo que o novo texto, seria em prosa e com suas próprias palavras. O conteúdo do poema não muda, mudam os vocábulos, aparecem novas ideias e exemplos, enriquecendo o texto que deu origem à Paráfrase. É uma técnica que contribui muito para o desenvolvimento intelectual daqueles que pretendem escrever bem.
Na Paráfrase há uma ampliação do conteúdo. Procure introduzir conceitos seus. Fazendo isto, você estará demonstrando personalidade e passando a escrever com desembaraço.
Veja um exemplo de um texto parafraseado. Trata-se do poema Sobre a Ambição, de Guilherme de Almeida. Note que a Paráfrase não é uma imitação, mas uma recriação de um conteúdo, portanto não é plágio, mas um processo de Intertextualidade.


SOBRE A AMBIÇÃO: PARÁFRASE
"SOBRE A AMBIÇÃO"
GUILHERME DE ALMEIDA 
Só de pó Deus o fez. Mas ele, em vez de se conformar,
 quis ser sol, e ser mar, e ser céu... Ser tudo, enfim.
 Mas nada pôde! E foi assim que se pôs a chorar de furor... 
Mas ah! foi sobre sua própria dor que as lágrimas tristes rolaram. 
E o pó, molhado, ficou sendo lodo - e lodo só!

Veja, agora, uma Paráfrase resumida deste poema.

SOBRE A AMBIÇÃO
A ambição do ser humano não tem limite. Quanto mais tem, mais quer. Não importa se para conseguir seus objetivos, tenha que “pisar” nos semelhantes. Sua sede de conquista é tão grande que até mesmo seu Criador é esquecido.
Embora tenha surgido do nada, criado para servir a Deus, o homem, através dos séculos, vem procurando dominar tudo o que aparece à sua frente. No entanto, a limitação que ele possui termina causando-lhe uma profunda frustração, pois, por mais que avance, esbarra na condição de que veio do pó e para o pó irá voltar.
Por isso, não adianta riquezas, ostentações, orgulho, poder, pois quando menos se espera, eis que a trama da vida é cortada e simplesmente o homem retorna à origem. Pior: apodrece, enche-se de vermes, no estranho processo onde todos são iguais, sem distinção de cor e raça ou nação. Enfim, o padecimento, a constatação de que nada mais é a não ser lama.
Douglas Menezes
Você observou que o conteúdo, apesar de manter sua essência, foi ampliado por novas ideias e um vocabulário próprio.

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

sábado, 18 de maio de 2013

VOCÊ

Douglas Menezes*


NÃO A ALMA BEIJADA COMO FALOU O CHICO
NÃO O CORPO NAVEGANTE
NO ESPÍRITO LEVE DO AMOR POSSÍVEL
QUE INFANTIL EU DISSE UM DIA
VOCÊ, O PUNHAL, VÍSCERAS À MOSTRA
GIRANDO NA CARNE ACOSTUMADA À DOR
VOCÊ ACABANDO TUDO SEM TERMINAR
VOCÊ, NÃO O MOMENTO ETERNO DO ROMANTISMO BESTA
MAS VOCÊ A LÂMINA
JORRO SEM FINAL
ALMA E CORPO EU, SANGRANDO...
SANGRANDO... SANGRANDO, SEM MORRER

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.

LEO GUILHERME JÁ É UMA REALIDADE

o Cantor LEO GUILHERME, que até poucos tempos era uma cara nova no cast dos cantores do estilo Sertanejo/Universitário, tornou-se uma realidade e já acumula fãs e admiradores pelo Brasil afora. 

Garoto que surgiu nas festas e encontros da família Guilherme, no Cabo de Santo Agostinho, assumiu uma postura profissional e "estourou" nos palcos dos grandes eventos. Uma voz madura e segura credencia o trabalho de LEO GUILHERME, sem dúvida a grande revelação dos palcos pernambucanos.

DESEJOS E DEVANEIOS

Será  n o dia 01 de junho, no Cabo de Santo Agostinho, o lançamento do livro DESEJOS E DEVANEIOS, da poetisa Neilza Buarque. O evento acontecerá no Restaurante Natrielli, no Shopping Costa Dourada, a partir das 18:30 horas.

O lançamento tem o apoio da Academia Cabense de Letras e será regado a um bom repertório de MPB.

OLIVIER E LILI

OLIVIER E LILI: UMA HISTÓRIA DE AMOR EM 900 FRASES está na Programação do Festival   Palco Giratório, do SESC, em apresentação única, neste domingo, dia 19 de maio, às 19 horas, no Teatro Hermilo Borba Filho, tendo no elenco Fátima Pontes e Leidson Ferraz.

Oportunidade única de assistir este espetáculo maravilhoso.

sábado, 11 de maio de 2013

AÇUCENA, MANDACARU E AMOR

Antonino Oliveira Júnior



É meu Dia
E ele nem sabe...
Chora há dias
Com sede, com fome,
Por causa da sua cabrinha
Que já não fica em pé...
Um menino que só tem dez anos
E junta tanta dor...
Como lembrar que hoje é meu Dia?
Queria saber o que ele sente
Quando olha pra mim
E vê meu rosto igual ao chão...
Foi desmamado cedo demais
Do peito seco de leite
Como lembrar que é meu Dia?
Seu olhar adulto de apenas dez anos
Olha meu rosto sofrido igual ao chão
E não entende
Quando passo a mão no peito seco
Para mostrar um coração de mãe,
Cheio de amor
E um olhar de tristeza
De onde nem lágrima brota.

DEUS É MÃE...?


Pr. Adriel Henrique

Infelizmente, para muitas pessoas Deus só é concebido como pai. Lamentavelmente, muitos não conseguem aceitar o fato de que Deus não pode ser classificado como feminino (mulher) e muito menos como masculino (homem). Deus é espírito apenas, e não é nada mais que isto ou além disto. Querer acreditar e difundir uma concepção errada sobre Deus é um pecado “mortal”. Calma, pois Deus não é como o homem que não perdoa, Ele sempre perdoa todos os pecadores. Eu poderia dizer que: Deus perdoa como aquela mãe que perdoa o filho ou a filha que transgrediu sem condicionar nada. Já os pais geralmente expulsam de casa ou do convívio estes mesmos filhos, principalmente se estes forem mulheres.
Na época de Jesus, era inconcebível a idéia de um pai perdoador. Principalmente um pai que fica esperando que seu filho transgressor volte para casa, e muito menos que quando o avista de longe sai correndo ao seu encontro. Para os judeus, este pai perdeu o juízo. Já o filho transgressor, caso se arrependesse, não esperava que o seu pai o recebesse de volta e muito menos que o considerasse como seu filho. A parábola do Filho Pródigo exemplifica muito bem esta concepção.
Quando, na parábola citada, Jesus usa a figura do pai para falar sobre o perdão, não é uma questão de preferência em relação à figura feminina da mãe, e sim por Ele querer demonstrar o tipo de atitude que Deus tem para com os seus filhos. O curioso nesta parábola é que a atitude deste pai representa a maneira que uma mãe naturalmente reagiria em tal situação. Nas entrelinhas, Jesus disse para os seus conterrâneos que eles deveriam ter uma atitude materna e não paterna, ou seja, uma atitude feminina e não masculina. Quando uma mãe age como o pai da parábola agiu, os pais geralmente dizem: “Mãe é bicho besta”. Pois é: Deus agiu e age como uma mãe agiria.
Precisamos aceitar o fato de que o ser humano foi formado à imagem e semelhança de Deus. Penso que seja no mínimo intrigante como as mães (as mulheres) demonstram com maior facilidade reflexos de Deus como perdão, amor incondicional, acolhimento, tolerância, cuidado, preocupação e esperança. Eu nunca ouvi dizer, por exemplo, que “no coração de pai sempre cabe mais um”; ou que “pai quer todos os seus filhos debaixo das suas asas”. E você, já ouviu?
Tem pessoas que diante de algumas situações afirmam que “Deus é pai”. Vale pontuar que essa afirmação é só da boca para fora. Além disso, a maneira como é utilizada distorce a imagem de Deus. Fico encantado quando vemos na Bíblia a apresentação da face materna de Deus. O bom é ouvir Jesus dizer: “Quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha junta os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” (Lc 13.34).
Penso que pelo fato de a mulher representar a imagem e semelhança de Deus, posso entender e compreender melhor a ação de Deus em suas vidas, principalmente se estas forem mães. Já que aceitamos o fato de que a mulher possui a imagem e semelhança de Deus, podemos crer também que Deus possui uma face materna. Aleluia! Acho que só uma compreensão materna para entender a dor, o sofrimento, o desespero de uma mãe. Lembro-me da minha amiga em sala de aula no seminário que conseguiu sentir a dor da mãe dos filhos de Jó, esta que muitos condenam a atitude que ela teve em meio a uma grande tragédia. Eu nunca vi um pregador defendendo esta mãe. E você, já viu?
A face materna de Deus nos faz perceber a dimensão da grandeza de Deus. Pois esta face o fez ir ao encontro de mães aflitas e necessitadas como Hagar, mãe de Ismael, e Joquebede, mãe de Moisés. Em outros momentos, esta face concedeu a realização do sonho da maternidade a Ana, mãe de Samuel, Sarah, mãe de Isaque, à mulher de Suném (2 Rs 4.8-37), à mãe de Sansão, a Isabel, mãe do profeta João Batista, entre outras. Como diz o salmista no salmo 113, é Deus que faz com que a mulher estéril habite em família e seja uma alegre mãe de filhos.
Não sei se você considera ou passou a considerar Deus como mãe. Mesmo assim, em um texto futuro, compartilharei as respostas de outras amigas e amigos. Todavia retorno para você a pergunta da minha amiga Sílvia: “A mãe que eu sou testemunha a mãe/pai que Deus é? O pai que eu sou testemunha o pai/mãe que Deus é?”. Espero que sim. Neste final, deixo para vocês a saudação que geralmente Sílvia me faz: “Que o Deus pai/mãe esteja com vocês.” Amém?

terça-feira, 30 de abril de 2013

A NITIDEZ POLÍTICA E A DITADURA

Douglas Menezes*



Não é saudosismo, e talvez até seja. Não nego que uma das coisas que me deixa com saudade no período da ditadura, claro, não o regime em si, era a transparência de lado que existia na política. Mesmo abrigados na oposição consentida do MDB, e da situação, expressa pela Aliança renovadora nacional (ARENA), os grupos de direita, centro e esquerda delimitavam seu território. Sabíamos onde estávamos pisando. Os políticos não escondiam suas posições, apesar dos riscos. Lembro, ainda menino, criei verdadeiros ídolos, que nos faziam vibrar pelas atuações combativas. Estavam lá povoando o sonho de mais liberdade na visão do ainda adolescente, Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos, Maurílio ferreira Lima, Fernando Lyra, Cristina Tavares, Egídio Ferreira Lima, entre tantos outros.

A luta contra o regime de exceção era uma verdadeira escola política, Como foi pedagógica para milhares de jovens adquirirem consciência democrática. A juventude brasileira entendia valer a pena correr riscos, e os anos de chumbo não eram brinquedo.

Crescemos nesse ambiente de ebulição, aprendendo que liberdade se conquista na luta e, apesar dos exageros próprios da idade, foi um período de aprendizagem que moldou o caráter, para o bem, de muita gente. As pessoas aprendiam ter lado, a definir objetivos, inclusive no aspecto cultural. Havia uma “guerra” na música. Definíamos nossa preferência também pela posição dos artistas, pela postura contra ou a favor do sistema. A MPB fervia, e grandes nomes confirmaram através dos anos o valor artístico de suas obras. Estão aí, eternos, Vinicius, Chico, Tom, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Vandré, Edu Lobo, e tantos que enriqueceram nossa cultura, a partir da postura política, de buscar a democracia e a liberdade de expressão pela arte.

Tempo diferente de hoje. Se as conquistas democráticas se configuraram e vivemos num estado de direito quase pleno, por outro lado, abdicamos, e isso é muito ruim, de uma nitidez política necessária a qualquer democracia que se preze. Hoje, partidos que deveriam apresentar uma linha mais definida, como o PT e PCDB, na busca das transformações ainda muito necessárias ao país, Se apresentam como partidos que trocaram um projeto Brasil, por uma continuidade de poder: temos ainda, uma péssima distribuição de renda, uma Educação ruim, uma saúde capenga, que não corresponde às reais necessidades do povo e uma segurança que deixa a desejar. Sem falar da tentativa de controlar e cercear a livre expressão da imprensa.

Que aqueles anos não voltem mais. Todavia, dá saudade sim, de ver o povo nas ruas pedindo Diretas Já, mobilizado, “sem ódio e sem medo”, numa consciência política pouco vista hoje. Agora, o noticiário é de escândalos, de desvio de dinheiro público de violência e de outras mazelas que nos fazem menor. Além de uma juventude sem rumo. Essa mesma que um dia assumirá o comando do país.

Que voltemos a ter um confronto nítido de ideias, projetos claros para o país. Que retornemos ao Nacionalismo que tanto acalentou gerações, para que não tenhamos saudade do que passou.

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

sábado, 27 de abril de 2013

COISA AMAR




Manuel Alegre

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

  

O BOM JOSÉ


G.Moustaki – Versão: Nara Leão
Gravada por Rita Lee

Olhe  que foi meu bom José
Se apaixonar pela donzela
Dentre todas a mais bela
De toda a sua Galiléia


Casar com Débora ou com Sara
Meu bom José, você podia
E nada disso acontecia
Mas você foi amar Maria

Você podia simplesmente
Ser carpinteiro e trabalhar
Sem nunca ter que se exilar
De se esconder com Maria
Meu bom José você podia
ter muitos filhos com Maria
E teu ofício ensinar
Como teu pai sempre fazia

Por que será, meu bom José
Que este teu pobre filho um dia
Andou com estranhas idéias
Que fizeram chorar Maria

Me lembro às vezes de você
Meu bom José, meu pobre amigo
Que dessa vida só queria
Ser feliz com sua Maria

MANHÃ DE CHUVA



*Douglas Menezes*


Tem dias assim, onde a poesia transparece não com o sol brilhando, mas num céu carrancudo, de nuvens que pesam mais que chumbo. Um amanhecer escuro, forte a água que cai. O levantar disposto por sentir um momento diferente. Falta do sol, nenhuma, estranho sentimento de que a névoa traz uma verdade nova.
Ruas mais tranquilas, estudantes em algazarra, poucos, professores parados, escolas vazias e a sensação de que esta chuva veio não só para molhar caras e cabelos, mas para lavar a alma carecendo de limpeza. Preciso, então, espiritualizar esses pingos grossos, musicalizar esse ruído, harmonia doce só ouvida por quem tem olhos para enxergarem os sons. Não perceber frieza na água descendo sobre a pele. Ao contrário, sensualizar os poros, misturados ao líquido, quase sêmen, que penetra o corpo e encontra uma alma receptiva à purificação.
Manhã de chuva. Filosofando eu aqui, ainda sem coragem de me completar nas águas que vêm lá de cima. Deus chorando de alegria por confortar a terra seca. Um cão passeia impassível sob o temporal, felpudo, não sente frio, parece, como disse Manuel Bandeira, um homem de negócio preocupado com suas empresas. Cão passando, personalidade forte enfrentando o tempo bom de chuva. Necessito desse encorajamento. Na vida quem não se molha, não vive. Observar, não só; contemplar apenas é teorizar a carência prática do existirmos.
Então, a criança resolve ser o seu herói. Banhar-se ali, agora, correr na avenida. Ser menino já velho. Aumentam os pingos. Colada ao corpo a roupa. A sensação de felicidade. Ser louco para todos, não importa, pois entre trovões e relâmpagos e debaixo das águas torrenciais, aqui, agora, pelo menos nesse momento, eu sou feliz, para mim.


*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

domingo, 21 de abril de 2013

CORAÇÃO EM EROSÃO



Antonino Oliveira Júnior


Você chegou daquele jeito...
Tinha que ser assim...
Suas carícias, seus carinhos,
Uma enxurrada de prazer
Causando essa erosão em meu coração,
Uma fenda profunda
Preenchida por tudo o que sinto,
Por tudo o que desejo,
Pelo tudo que é você.

Não fala nada agora
E apenas fecha os olhos...
E com o sal de seu suor
Batizo com o nome de amor
o  recheio dessa fenda
que me abre e me preenche o peito.

VEM AÍ A 18ª MOCASPE

O homenageado: Marcelo Rushansky

A 18ª MOSTRA CABENSE DE SKETES E POESIAS ENCENADAS (MOCASPE) acontece no mês de maio, de 15 a 17 com a Mostra Infantil, e de 18 a 26 com a Mostra de Espetáculos Adultos.

O evento é uma realização do Movimento Teatral do Cabo de Santo Agostinho, com o apoio da Secretaria de Cultura local. Na versão deste ano, a Mocaspe homenageia o ator  Marcelo Rushansky, recentemente assassinado na Praia de Gaibu.

Breve divulgaremos a Programação completa.

I FESTIVAL DE CIRCO A CEU ABERTO

Grupo Seres de Luz

Começa quarta-feira, 24 de abril, o I Festival de Circo a Céu Aberto, realização da Caravana Tapioca, dos artistas Giulia Cooper  e Anderson Machado, em parceria com a Papelão Produções, da também artista Marina Duarte.

O Festival tem o patrocínio do Funcultura e apoio  do Centro Cultural dos Correios e a programação acontecerá  no Parque da Jaqueira, em Recife, e na Praça do Carmo, em Olinda, com Oficinas, Batepapo e Espetáculos circenses à noite.

A Programação, com detalhes, você encontra no site: www.carvanatapioca.com