domingo, 25 de novembro de 2012

CARLA

Miró *


Conheci Carla catando lata
seus olhos brilhavam
como alumínio ao sol
São Paulo ardia num calor
de quase quarenta graus
pisou na lata,
como pisam os policiais
nos internos da Febem
jogou no saco
com a precisão
que os internos jogam
monitores dos telhados
e rápido foi embora,
tal qual sequestro relâmpago
deixando a lembrança de um tempo
que não havia
 sequestros,
Febem,
nem tanta polícia
muito menos
catadores de lata...

os olhos de Carla
nem desse poema precisavam.

*Miró é um poeta de Muribeca

POEMA PARA MAIS UM DOMINGO

Frederico Menezes*


Agora já se esvai mais um domingo...a saudade do teu amor,
atravessando séculos e sonhos, como um domingo que amanhece,
teima em permanecer.
E permanece o manancial de ternura e a força do teu amor, que o tempo,
esse escravo do teu magnetismo, não consegue apagar.

Agora, já se esvai o domingo, nessa noite chuvosa a despertar
um perfume de nostalgia,
um anseio de amanhã, um cheiro de algo já vivido.
E permanece esse impulso indecifrável, esse quase desmaiar de tarde
nos olhos tocados pela espera doce.
Espera que o tempo, escravo do teu poder,
não consegue diluir.

Agora, já se esvai mais um domingo e me acena o outro dia
Com a possibilidade de servir e aspirar atender a tua vontade,
e, em teus braços, entregar coração e alma
na certeza de que tua paz perene
que o tempo, escravo do teu querer, não poderá, jamais, impedir.


*Frederico Menezes é da Academia Cabense de Letras.



PINDORAMA, CARAVELA E MALUNGO

Foto: Aryella Lira

O Grupo Quadro de Cena está com o espetáculo PINDORAMA, CARAVELA E MALUNGO em cartaz. A criação é coletiva e se propõe a falar sobre a terra brasileira, em uma peça para todas as idades. Com cinquenta minutos de duração, a montagem baseia-se no ato de contar e narrar evidenciando a memória e a palavra a partir de lendas e contos africanos, portugueses e indígenas que revelam esse Brasil.
Com caráter itinerante, a montagem poderá ser vista nos seguintes locais, sempre com entrada grátis:

29/11 - Museu Murillo La Greca - 11 horas

15/12 - Museu da Abolição - 14 horas.

As apresentações iniciaram nos dias 23 e 24/11

domingo, 18 de novembro de 2012

NASCE UMA ESTRELA

BÁRBARA é o nome da jovem que surpreendeu a todos no Clube da Associação Comercial de Gameleira, sábado. O Baile da Família corria solto, quando o cantor da Orquestra Nostalgia, que animava a festa, pediu a presença da jovem BÁRBARA no palco.

Integrante de família conhecida na cidade, BÁRBARA subiu ao palco e com seu jeito de menina, sem nunca ter ensaiado com a Orquestra, soltando seu vozeirão, encantando a todos com a interpretação de uma música de Alcione e uma outra de Bruno e Marrone.

A Orquestra e os visitantes ficaram surpresos e emocionados com a apresentação da jovem, que mostrou uma voz madura e um invejável segurança para cantar em público. Não será surpresa se, de repente, aquela voz segura se espalhar nos palcos de Pernambuco.

A PAZ QUE ME ACOLHE

Antonino Oliveira Júnior*



Deitei meu olhar
Na relva macia que é teu corpo
E ali deixei que repousassem meus sentimentos;
Teu silêncio,
A paz que acalenta e acolhe minh’alma.

Quem se abriga nas asas do amor,
Vence tempos, ventos e tempestades.


*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras

O DOIDO

Jairo Lima*

Clara noite alucinante
em que banha-se o luar.
Lá passa o doido uivante
com louco grito suplicante,
que mais parece se torturar.

Dizem que foi pela partida
de alguém que lhe negou,
Endoideceu. Triste vida.
Que dor aquela, tão sofrida,
que o amante tresloucou.

Desde que ele enlouqueceu
que fúnebre sina, que destino!
olhando o céu, nunca esqueceu,
chama a noiva que morreu
no mesmo roto figurino.

E noivando, seguindo a lua, vai
esperando um sinal, um acenar.
Do peito um suspiro opresso sai
ao encontro da lágrima que lhe cai
pois seu canto agora é chorar.

(Inspirado o poema A DOIDA, de Florbela Espanca)
*Jairo Lima é da Academia Cabense de Letras.

REUNIÃO DE BLOGS LITERÁRIOS

Maceió sediará a 2ª REUNIÃO DE BLOGS LITERÁRIOS DO NORDESTE, que acontece em maio de 2013. O evento, coordenado pelo poeta pernambucano Juareiz Correya, já conta com a confirmação de 21 Blogueiros inscritos.

O Blog tem se destacado no universo da mídia eletrônica e cresce a cada dia o número de Blogs voltados para a literatura. Da terrinha teremos a participação do BLOG DE ANTONINO, coordenado por Antonino Oliveira Júnior, e do BLOG DOMINGO COM POESIA, do poeta Natanael Lima Júnior.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A BANDA QUE PASSA

Douglas Menezes*



O menino observa, escuta o som que começa a ficar nítido. Tem os olhos acesos o menino, brilham, percebendo a chegada de um prazer esperado com ânsia. Agora, a música totalmente ouvida, bonita a melodia, mesmo sem a presença ainda visível de quem toca. Não vacila, o garoto, em expressar um sorriso ingênuo, sábio, porém. Aquele som ritmado, ele sabe, coeso, acompanhá-lo irá para sempre, vida afora, gerações vindouras. Sabe, também, o menino, que seus pais, seus avós, da mesma forma que ele, também se deslumbraram com a sua banda, com a banda da sua cidade. Carregará a marca daqui pra frente: símbolo cultural do lugar onde ele nasceu.

A sensibilidade à flor da pele, pois a banda passa. Bate palmas o garoto, em meio à multidão. Nada mais a enxergar, a não ser o som de sua orquestra predileta. A sua orquestra, segunda melhor do Brasil, como ele, lentamente crescendo, sacrifício dos artistas humildes, pobres, ricos, no entanto, de amor à sua terra, à sua música.

A banda que ganhou as ruas, que faz o menino correr entre as pernas dos adultos para alcança-la. Não quer perder momento algum do concerto ambulante. Também o povo acompanha. É a banda da cidade de Santo Agostinho, de nome pouco charmoso, mas que é graça, mas que produz um encantamento atravessando décadas. A Filarmônica distribui alegria pelas ruas do Cabo. E como disse o poeta, as dores são esquecidas, pelo menos no momento em que ela toca.

O menino e o povo num reino mágico, só contentamento a cidade respira com sua 15 de Novembro Cabense. É a banda que passa, é a banda que é graça. A poesia flui, enche de emoção o peito do pequenino garoto cabense.

Do livro Uma Declaração de Amor, em parceria com José Ferreira.1985.

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

domingo, 11 de novembro de 2012

CULPA DE GODARD

Roberto Menezes*


Captar o teu olhar de cigana
na quase não - fila do cinema
para ver um filme de Godard
é fogo que virou poema
e me abrasou, e meu fez capitular.
E te seguir até à cadeira
onde você ficou a esperar
o desprezado filme de Godard.
Mas nem bem o filme começa
o ator na tela acaricia Brigite Bardot
e faz comovida jura de amor:
"te amo docemente
ternamente
tragicamente".
E teu choro de repente
pungente, obscuro
fez tremer as cadeiras
incendiou o escuro
e tua saída intempestiva
tuas lágrimas, teu segredo.
Nunca mais te vi
e no meu degredo
me tornei Bento e Escobar
devorados no ciúme e na ressaca
eles, culpa de Machado
eu, culpa de Godard.


(Ano passado em São Paulo. Durante lançamento da cópia remasterizada de O DESPREZO, do velho e sempre novo Jean- Luc Godard. Dedico à escritora Danielly Teles, que me entregou dois contos que escreveu, para que eu  filmasse o Curta "MENINA: DOIS EM UM)


AINDA BATEM EM NOSSOS CORAÇÕES


(A Paulo Cultura, poeta sempre.)
Antonino Oliveira Júnior

Fala,  poeta,
A tua voz que não morre;
Fala,  poeta,
Teu canto de amor à vida;
Fala, poeta,
Porque, ainda que te deixem longe,
Estarás  perto de nós,
Pois teus versos
Não respeitam o tempo,
Não respeitam a distância,
Ignoram a fronteira entre o corpo e a alma
E ainda batem em nossos corações.

A MINHA VIDA É UM BARCO ABANDONADO

Fernando Pessoa


A minha vida é um barco abandonado
infiel, no ermo porto, ao seu destino
por que não ergue ferro e segue o atino
de navegar, casado com o seu fado?
Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
torne seu vulto em velas; peregrino
frescor de afastamento, no divino
amplexo da manhã, puro e salgado.
Morto corpo da ação sem vontade
que o viva, vulto estéril de viver,
boiando à tona inútil da saudade.
Os limos esverdeiam tua quilha
os ventos embala-te sem te mover,
e é para além do mar a ansiada ilha.

NÃO SÓ COMOVENTE E HUMANO


DOUGLAS MENEZES*

  Não só comovente e humano; nem apenas um drama familiar dentro de uma produção bem realizada, que leva ao riso e ao choro. Que nos faz  refletir e virar menino na sala escura. Mas uma obra que, sem ser genial, tem a importância de nos alertar para a necessidade de valorização de nossos aspectos culturais mais caros. O filme sobre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha é daqueles que deveriam ser vistos por todos os brasileiros, principalmente por tratar da existência de dois ícones de nossa vida artística, assim classificados por absoluto mérito, pela inserção comunicativa com a realidade do Brasil, cada um a seu modo.
   Luiz Gonzaga de Pai para Filho, mesmo com alguns classificando-o  como filme “chapa branca” e com toda a carga negativa que essa expressão carrega, é uma obra que não se limita a uma biografia, tem pretensão de ser arte,  até ficção, pela dramaticidade dada aos conflitos, à vida conturbada,  mas rica porém, dos dois personagens. Quer ser arte e consegue. A começar pela linguagem simbólica,  especial, conotativa, o que o faz diferir de um simples documentário de duas vidas, levando-nos a um clima de um trama romanesca,  às vezes de tirar o fôlego, apesar de em alguns momentos se tornar monótono. Um enredo tipicamente de uma história de ficção, prendendo o espectador do começo ao fim, como se a gente não soubesse  o  que aconteceu durante a passagem por aqui, de Gonzaga e Gonzaguinha. É um presente ao público o ritmo do enredo, entrelaçado com fatos históricos e músicas que marcaram a carreira dos dois. Ressaltemos, inclusive,  a coragem do autor, em desvendar os  aspectos negativos da relação pai e filho. Mostrando, inclusive, ter sido Gonzaga um relapso, que não cuidou como devia da educação e da afetividade de Gonzaguinha, expondo-o ao mundo urbano violento e até a maus-tratos de sua segunda mulher, muito embora a reconciliação venha a preencher a expectativa do público,  retomando a condição de ídolos do país  dos dois grandes artistas. Essa coragem é outro mérito da obra: a de expor um ídolo nacional a sua condição humana, de virtudes e defeitos.
   Some-se a tudo isso, a dimensão dada à diversidade brasileira. O Brasil urbano e rural. A mentalidade de um homem de formação rude, e mesmo assim,  sensível, um conservador que ainda hoje encanta os modernos; e o outro, uma figura da cidade, com uma obra revolucionária, portentosa, muito diferente do pai, politicamente assumido como uma pessoa de esquerda e inimigo da ditadura militar, ficando bem claro  como eram díspares as personalidades de ambos.  E esse Brasil contraditório do sertão e do cais; das feiras interioranas, que ainda existem, e dos arranha-céus, já existentes em décadas passadas e do sufoco urbano na luta pela sobrevivência, é mostrado com um certo ar de saudosismo, mas querendo  expressar que somos um  e muitos ao mesmo tempo.
    Então, vale a pena curtir esse filme. Não sendo uma obra prima, nos leva, no  entanto, a  entender que as transformações mudam o mundo, mas que a tradição e a história formam os alicerces para a identidade humana e  cultural de um país.


*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras
  
  

sábado, 10 de novembro de 2012

A FACE OCULTA DE BELCHIOR


Douglas Menezes*

Escuto com prazer e sempre numa paixão renovada “De Primeira Grandeza”, poesia música do compositor cearense Belchior. Canção transformada em hino do amor de todas formas. Uma exaltação aos deuses que propagam a afetividade sem medida, inclusive aquela cuja sociedade hipócrita ainda põe como pecado e passível de recriminação pública.
  Música de melodia simples, sensível, mas de uma letra profunda, tem, no eu- lírico, a voz homossexual declarada logo no começo, como um aviso aos navegantes, ao mesmo tempo que expressa a condição de artista, daquele que vai ao palco para brilhar, difundir ilusões e talvez mostrar sua outra face, que a vida real não permite mostrar. Início de uma canção marcante, como de resto é toda obra do cantor brasileiro: “Quando estou sob as luzes / Não tenho medo de nada / E a face oculta da lua que é a minha/ Aparece iluminada/ Sou o que escondo sendo uma mulher / Igual a tua namorada...”
    A partir daí, no entanto, há toda uma valorização da condição masculina e feminina. A importância de todos os gêneros aflora de modo cristalino, mostrando que somos seres em igualdade de condições, independente de opção sexual, para viver a vida com intensidade e paixão.
    Primeiro, a força masculina, sua importância para a existência humana: “ A força masculina atrai e não é só ilusão”. Lembrando antes a presença feminina atraída pelo oposto: “Musa, deusa, mulher, cantora e bailarina”. Como fica evidente, então, a concepção democrática do eu-lírico! Como difere daqueles movimentos “libertadores” que criam abismos humanos, incentivando o rancor e a noção de que a liberdade deve ser cultuada apenas para o gênero que se supõe merecedor dela! O cearense dá a noção exata do valor humano como um todo, inclusive lembrando ao ouvinte essa visão, quando junta os dois lados humanos, homem e mulher: “ Anjo, herói, Prometeu, poeta e dançarino / A glória feminina existe e não se fez em vão”. Então, o homossexual do início, conclama a todos a serem iguais enquanto seres fazedores da humanidade. A primeira grandeza é justamente a busca da fraternidade e do direito ao prazer que as pessoas deveriam possuir.
   Por fim, a certeza de que só se vive bem a vida quando, no cerne dela, existe paixão. Tudo o que a humanidade construiu de bom e de ruim até hoje foi fruto de uma visão apaixonada: “ E se destina ao gozo a mais que se imagina / O louco que pensou a vida sem paixão”.


*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras
 

FESTIVAL SESI DE BONECOS DO MUNDO

Recife é a capital mundial dos Bonecos. Até este domingo, dia 11 de Novembro acontece o FESTIVAL SESI DE BONECOS DO MUNDO, com apresentações de teatro de bonecos de diversos países. Os espetáculos acontecem no Teatro de Santa Izabel e no Parque Treze de Maio, levando aos locais públicos grandiosos, que saem das apresentações maravilhados com os trabalhos dos Grupos.

O Festival começou no dia 7 e termina neste domingo, dia 11 de Novembro.

MOSTRA "PARA TODOS"

Inaugurada com sucesso, neste dia 7, a Exposição com o Tema "PARA TODOS - O MOVIMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL", no Aeroporto Internacional dos Guararapes. A solenidade de abertura contou com a presença do Secretário Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e outras autoridades nacionais e estaduais.

A Exposição acontece no Aeroporto Internacional dos Guararapes até o dia 24 do mês em curso e a entrada é grátis.

NÓS E OS NÓS

Roberto Menezes*


Entre nós
nos negamos
como somos nós:
amantes antes
e sempre.
Nó se desata
embora o nó cego
da faca sente falta
e sobramos nós
pobres de nós
o nosso amar
amarga que nem jiló
tão longe tão perto
e é só um nó.

sábado, 3 de novembro de 2012

AMAR SE APRENDE AMANDO

Carlos Drummond de Andrade



O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.

1985.

A PRIMEIRA ACÁCIA

Antonino Oliveira Júnior*


Não é apenas um cacho de flores
é uma acácia...
também não é, apenas,
uma acácia...
é a nossa primeira,
fecundada, cuidada, esperada
e que nasce para fazer renascer
nos corações justos e perfeitos
o amor pela humanidade.


*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras

VISÃO DO MAL

Cláudio Oliveira
(à minha irmã Jura, partícula do meu coração)

Jesus, quando veio ao mundo, sem vaidade
Unindo o bem ao amor e à perfeição
Recebeu em troca de sua bondade
A recompensa cruel de um não cristão.
Calmo, sereno e justo sem a maldade
Irmã do egoismo e da traição.

O Cristo-Rei entre a torpe humanidade
Leu nas faces do homem a traição;
Ignorantes somos aqui na Terra,
Voltados a todo mal que nela encerra,
Encobrindo com um sorriso a hipocrisia.
Indiferente e alheio eu passo a vida,
Recordando a minha infância querida,
A saudade do tempo que sorria.


Acróstico feito em 12/09/1935, no Cabo

FESTIVAL DO CIRCO 2012


Recife é a capital brasileira do Circo, em evento que teve início dia 01 e segue até este domingo, 04 de Novembro. O Festival, que conta com artistas circenses de diversos países, ocupa Teatros, Praças e Ruas da capital pernambucana, encantando ao público de todas as idades.

Duas boas opções gratuitas são as apresentações que acontecem na Praça do Diário (Centro da cidade) e no Parque dona Lindu (Boa Viagem) e o público terá oportunidade de ver excelentes artistas.