domingo, 18 de novembro de 2012

O DOIDO

Jairo Lima*

Clara noite alucinante
em que banha-se o luar.
Lá passa o doido uivante
com louco grito suplicante,
que mais parece se torturar.

Dizem que foi pela partida
de alguém que lhe negou,
Endoideceu. Triste vida.
Que dor aquela, tão sofrida,
que o amante tresloucou.

Desde que ele enlouqueceu
que fúnebre sina, que destino!
olhando o céu, nunca esqueceu,
chama a noiva que morreu
no mesmo roto figurino.

E noivando, seguindo a lua, vai
esperando um sinal, um acenar.
Do peito um suspiro opresso sai
ao encontro da lágrima que lhe cai
pois seu canto agora é chorar.

(Inspirado o poema A DOIDA, de Florbela Espanca)
*Jairo Lima é da Academia Cabense de Letras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário