quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PORTO INSEGURO

Adonis Diordigues

Venho hoje, sentimento sobre o mar
bandeira içada, branca, qual seus argumentos,
qual o náufrago, sem as rosas-dos-ventos,
perdido em si mesmo, pode ter achar?

Vês que é a dor que a tudo ancora
quando tu cais, a beira do meu porto
que nas águas mansas, só prá teu conforto
é banco de areia que não te deixa ir embora.

Pedaço de terra ao longe, perdida ilha
da submersa atlântica também és filha
e ao meu tesouro, só você escafandra.

Das armadilhas do mar, com a força das quilhas,
sou o que rasga, nesse azul que não sangra,
sou terra, barco à vela numa tela, sou angra.

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