terça-feira, 1 de março de 2011

LIRA DA MOCIDADE RESGATA AUTÊNTICOS CARNAVAIS



Antonino Oliveira Júnior
(Crônica publicada no Jornal A VOZ - 1993

Lá vem o Lira da Mocidade, e, com ele, o os pierrôs e colombinas, figuras há tanto tempo afastadas de nosso carnaval, que não têm, sequer, as suas fantasias reconhecidas pela nova geração, a ponto de serem chamadas de palhaços e bailarinas.

Como se não bastassem a alegria, a organização e o visual apresentados pelo Lira, iniciou-se, neste carnaval, um processo que resgata os valores dos carnavais de máscaras e fantasias. Um carnaval poético, romântico e sentimental, onde cada mascarada era disputada pelo pierrô de rosto coberto.

Como se não bastassem as lindas garotas e o bom gosto na decoração de seus carros alegóricos, o Lira resgata o desfile da elegâmcia, dos braços abertos, do sorriso na face e do convite permanente para um amor de três dias. A multidão chegava a ficar atônita, não sabendo ao certo o que era melhor para ela: acompanhar o Clube fazendo o passo ou parar e admirar aquela máquina do tempo, que trouxe para a geração dos computadores o lirismo dos carnavais de nossos pais e de nossos avós.

E a juventude "se ligou! na mensagem do Lira, "sacou" o que ele queria dizer e viu que o belo não tem idade, que o jovem ficaria bonito numa fantasia, que a gatinha ficaria mais mimosa vestida de colombina, que o gato estaria um charme vestido de pierrô.

E que gostosa a paquera dos fantasiados, tímidos foliões, que, sob a máscara, transformam-se em galantes conquistadores. Foram dus horas de desfile no domingo e mais duas na terça-feira, o que foi muito pouco, como pouco é um carnaval de três dias, diz o autêntico folião. Se no domingo, o desfile do Lira foi um sucesso pelo impacto causado, na terça foi um delírio, com o povão curtindo cada passada de seus integrantes, com os fantasiados e mascarados com um pique de quem estava apenas iniciando o carnaval (nem parecia o 3º dia).

Terminado o desfile, entreolhavam-se, como quem pergunta: "Por que parou?" "Parou por quê?" Era a hora de recolher. O estandarte baixava lentamente, os afagos carinhosos entre os mascarados demonstravam uma vontade imensa de continuar. O povo aplaudindo e cantando parecia querer parar o tempo...mas era terça-feira...

"...e a cidade adormecia / ficava a sonhar / ao som da triste melodia..."


*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário