terça-feira, 22 de março de 2011

ENTRE “A VIDA” E “A VIDA”, EXISTE O NÓ


Antonino Oliveira Júnior

Sempre considerei a MOCASPE um grande e importante laboratório cênico. Hoje, talvez, o mais importante de Pernambuco, não só pela quantidade, mas, e principalmente, pela qualidade de suas revelações. Luiz Navarro, ednilson Oliveira, Josete Azevedo, Evânia Copino, Flávio Alves, Lugg Alves, Vidigal, Francisco Alves, etc., foram fruto ou amadureceram artisticamente por conta do exercício da MOCASPE.

Outras gerações se sucederam, revelando excelentes atores e técnicos. Este ano, um grupo que apareceu aos nossos olhos, em 2010, como uma grata surpresa, por mesclar dança e teatro, consolida seu trabalho na edição 2011, com o espetáculo O NÓ, mais uma vez aliando a dança contemporânea ao teatro, utilizando texto de Marcílio Moraes.

Um grupo de jovens aproveita o Programa escola Aberta para trabalhar seus espetáculos. Do trabalho da MOCASPE 2011, destacamos o desempenho coletivo, que consegue manter um ritmo horizontal em todos os momentos, de modo que o trabalho de interpretação da atriz PRETA BREU é um destaque inevitável. Domínio nas marcações, segurança no soltar o texto, juntam-se a uma interpretação que faz da emoção o seu forte..

A dança contemporânea, que é mostrada de forma madura, ensaiada e com disciplina nas marcações, é o suporte para a grandeza do espetáculo que se complementa e se completa com um texto profundo e complexo, apesar de saído da cabeça de um adolescente de apenas 16 anos. Marcílio Moraes supera as expectativas ao surgir abordando um tema que coloca em discussão transição entre uma vida material e a vida espiritual que substitui a morte. A personagem central debate-se contra uma realidade exclusivamente sua, deparando-se com um momento complexo, de enfrentamento com suas realidades passadas e atuais, que, por certo serão decisivas para elucidar o mistério dessa transição.

A atmosfera umbrálica, tão decantada no universo espiiritualista, poderá ser esse nó que ata os momentos que formaram e formam nossas vidas, de ontem, de hoje e de amanhã. O nó é a pausa para reflexão entre a angústia e o recuperar. Um nó que existe entre uma vida e outra vida, capaz de amarrar aquele que ainda não consegue entender os seus próprios caminhos e descaminhos. O nó existe representando o momento em que cada um é levado a responder por seus atos, até que tenha consciência de que precisa refazer conceitos e valores que possam levá-lo a um despertar dessa angústia transitória.

Existe um nó que pode ser desatado com atos de humildade e de arrependimento, primeiros passos na direção de uma vida de amor. Isso eu vi no espetáculo O nó, da Cia. Dinâmica de Dança e Teatro.


*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras

Um comentário:

  1. A MOCASPE É UM LABORATÓRIO DE FAZER ARTE, ACHO QUE ESTÁ CHEGANDO A HORA DE DIZER ADEUS, MAIS A TURMA NOVA É MUITO SHOW! E JÁ ENTENDEM MUITO BEM A MOCASPE, VALE INFORMAR QUE É NECESSÁRIO SEMPRE A HUMILDADE PARA COMPLETAR TODO ESTE UNIVERSO, E DESTA FORMA NÃO TENHO DÚVIDA QUE TEREMOS ARTÍSTAS FANTÁSTICOS DANDO CONTINUIDADE AO TEATRO CABENSE E OBVIAMENTE A MOCASPE.
    ABRAÇOS A TODOS!
    LUGG ALVES

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