sábado, 5 de dezembro de 2009

TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM


CELINA DE HOLANDA

Era Jornalista e Poeta, nasceu no engenho Pantorra, município do Cabo, no dia 19 de junho de 1915. Transferiu-se depois para o Recife, onde atuou na Imprensa escrita da capital. Publicou seus primeiros poemas nos Suplementos Literários do Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco, e seu primeiro livro (O espelho e a rosa) só foi editado quando ela tinha 55 anos de idade. Além de participar de várias coletâneas (Palavra de mulher, A cor da onda por dentro, , Antologia Didática de Poetas Pernambucanos, entre outras), sua obra é composta pelos seguintes livros: O espelho e a rosa (1970), A mão extrema (1976), Sobre esta cidade de Rios (1979), Roda d’água (1981), As Viagens (1984), Viagens Gerais (1985), Pantorra, o Engenho (1990), e mais os inéditos “Afogo e faca” e “Tarefas de ninguém”. Faleceu no Recife, em 4 de junho de 1999.

ALGUNS DE SEUS POEMAS

AS VIAGENS

Viajo nos livros que faço,
mas sempre torno,
para escrevê-los
onde a vida
é uma menina pobre chorando
entre as moitas.
Trago-a de volta
ao seu colo, sua casa,
até que venha e me leve
o meu amado.


RETORNO

Este chão é pausa.
Dêem-me a infância
para que eu retorne
reencontre meu chão,
seu verde, seus marcos,
seu barro plasmável.

Quero saber de novo
de terreiros limpos
com vassouras verdes

do tempo correndo
branco como um rio,
carregando as roupas
qual nuvens mais alvas.

Massapê das margens,
sapatos de lama,
toalhas de vento
e o regresso limpo,
lento como a tarde.


O CICLO


Na sala o espelho,
a rua na sala, a moça
o relógio ao contrário.
A moça decide o cabelo
à altura do amado,
que decide o seu sol
à altura da vida, de muros
tão altos.


MERIDIANO


Vivemos a grande noite.
Cada amor em seu amor
se oculta.
Quem nos roubou a ternura
escondida? O corpo claro
e diurno?
Como os animais e as crianças
um dia a vida será só vida


PASSEIO NO PARQUE
(Óleo sobre tela, de Seurat)

Neste parque imutável
até hoje passeiam
estes homens de escuro
e estas frágeis mulheres.
Até hoje as flores, os cristais
e as toalhas
são sem mácula
nas salas de esperar
o amigo, o amado
ou a chuva passar. Nada
de apocalipse
a terrível Besta e poços
insondáveis. Nada
a relembrar o abismo
que somos.


DIA 12: ZECA PLECH
NO TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM

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