quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

NOVA MORADA


Tereza Soares

Portais de esperança abrem-se e invadem sons da antiga mata
Ninhos na tentativa de esconder-se

_ Predadores à vista!

E eu entendo mais o que é concreto
Desacredito no fazer aqui e vão efeito
Passo a sonhar então com a primavera que aflora a uma salto da morada que escolhi

Temos hoje mais demônios que anjos
De vez em quando um guardião do tempo nos ajuda a atravessar a rua

_"Homens trabalhando", diz a placa
Minha lança nunca acerta aquele alvo

Quero hoje construções interiores de luxo bem intencionadas
Sublimes pinturas que cintilam a ótica de quem está com sono
Acordar para ver mudar o céu desta incrível ambivalência
Que impõe um crescer sem esperanças
num bairro onde a morte faz muralha de campo minado

ENSEADA – JANEIRO 99

*Tereza Soares é membro da Academia Cabense de Letras

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