quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SOBRE O NATAL



Hoje o nosso Blog publica dois artigos bem distintos acerca do Natal, porém, os dois dão ênfase ao sentido distorcido que é imposto ao povo. A mídia transformou o nascimento de Jesus num grande negócio de papai noel.

Espero que todos tenham um Natal que seja prenúncio ou confirmação de harmonia no lar e nas relações entre as pessoas, expressando, verdadeiramente, o sentido do Natal que comemora o aniversário de Jesus.

Hoje estamos dando uma parada nas atualizações do Blog, mas estaremos de volta no dia 26/12, sábado, com o Trbuto aos poetas que se foram, homenageando Paulo Cultura.


E SE JESUS FOSSE UMA MENTIRA?
Antonino Oliveira Júnior

O Natal deste ano é o menos cristão de todos os tempos. A mídia vicia os ouvidos e faz a mente trabalhar na contra-mão dos sentimentos, levando o povo a adorar um pai falso, desagregador, excludente, esquecendo por completo do verdadeiro sentido das comemorações natalinas. Os meios de comunicação, contando com a omissão dos seguimentos religiosos, conseguiram colocar o nascimento de Jesus em segundo plano, impondo, de forma selvagem, a cultura do consumismo e da submissão ao personagem papai Noel, uma figura criada nos estúdios norte-americanos e espalhado pelo mundo, com o objetivo de viciar as pessoas na obrigação do “dar presentes”. E ainda fazem a campanha da compensação, da doação de presentes para os necessitados, já que o papai tão endeusado por eles não gosta de dar presentes para as crianças muito pobres. Seria até ridículo, se não fosse tão vergonhoso. Seria até cômico, se não fosse tão trágico. Mas, fazer o que? É a serviço disso que a comunicação está, uma vez que ela sobrevive do patrocínio dos que têm o lucro como a prioridade das prioridades.

Como leio jornais, ouço rádio e vejo TV diariamente, não consigo sentir raiva da mídia por agir assim, mas, confesso, estou profundamente entristecido por ver artigos escritos por lideranças religiosas publicados em jornais, programas de rádio e de TV, verdadeiros espetáculos apresentados por Pastores, Padres, Espíritas e, no entanto, até agora, 21:50 horas do dia 21 de dezembro de 2009, não vi nenhuma dessas lideranças/comunicadoras contestar essa inversão de valores que acontece no Natal, em especial, neste Natal. Ninguém lembra do aniversário de Jesus. Nem eles, os líderes religiosos, a quem cabe o papel principal de combater essa avalanche de exaltação ao consumismo, procurando tirar o povo dessa dependência tão ou quase tão degradante quanto o uso do crack (sem exageros).

Ninguém se contrapõe ao império da comunicação, que transforma mentiras em verdades, que desarticula as pobres cabeças dependentes de um consumismo selvagem pelos aliciadores da comunicação. Fosse Jesus uma mentira, eles já o teriam tirado de circulação. Não conseguem isso porque Jesus não é um mito, mas, uma verdade que se materializa nos sentimentos mais nobres, que não abandona Seus irmãos, ainda que estes esqueçam até de seu aniversário.
Padres, Pastores, lideranças religiosas outras, reajam, usem seus caros e importantes horários na mídia e lembrem ao povo, que no dia 24 de dezembro se comemora o aniversário de Jesus e que Ele é o responsável pela esperança que ainda persiste e resiste dentro de nós, de que um dia o amor vencerá e o bem consolidará o seu triunfo contra o mal.

Jesus, eu não esqueci o seu aniversário. Parabéns!


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras



...PORQUE É NATAL DOUGLAS MENEZES

Porque é Natal o Espírito de Deus-menino vaga sobre a face da Terra. Dorme inquieta a criança Divina. Não tem sonhos leves, mas pesadelo a sacudi-lo qual vítima de convulsão contínua. Luz da lua embaçada, céu de chumbo. E porque é Natal. E como Ele é a verdade, a dor não passa escondida. Para que ocultar o consumismo hipócrita, mal disfarçado na multidão anestesiada, sonâmbula, num humanismo apenas de superfície? Amar somente as compras, realizar o sonho de ter o objeto desejado. Estrelas que cruzam o céu tão fugidias quanto os olhares que não encaram outros olhos, pois a gente não quer mostrar a alma.

Aqui, a cordialidade brasileira tão decantada é apenas um sopro de memória. A violência atesta isto. Os brasileiros matam-se todos os dias, todas as horas, na selvagem guerra civil que não admitimos existir. O medo nas ruas e lares deixa de ser exceção. É institucionalizado. Choca a fotografia, mas é comum: crianças brincam, indiferentes, juntas a um corpo sem vida.

E porque é Natal, desviam-se os donativos que seriam destinados às vítimas das enchentes em Santa Catarina. O cinismo não respeita o nascimento do menino Maior. País sem compaixão. Claro, nem todos. Nuvens carregadas agitam a Criança. Você não vale mais pelo seu caráter: o empresário emergente impõe seu nome através do dinheiro que acumula, tão-somente. As páginas policiais expõem aqueles que não deveriam estar ali.

E porque é Natal, a esperteza aumenta. Se a roupa tem que ser nova, novo será o preço, alimentando a avareza de quem já tem demais. O ingênuo não vencerá nunca, sendo bom e puro. Um sol que nasce apenas para poucos.

Dilui-se a crença num mundo melhor. A voz rouca de uma massa sem rumo é só um sussurro que os ouvidos moucos de quem manda teimam em não ouvir.

Deus renasce no filho, morto todos os dias nas vielas imundas. Jesus assassinado desde menino.. Desde adolescente. Desde jovem. Ele está no lixo do recém-nascido jogado assim, coisa que talvez, um dia, seria gente. Pois resolvemos sacrificar os meninos, como anunciando o prematuro final da humanidade. E porque é Natal.

Assim, ao som de uma valsa triste, Deus-Criança chora, porque a gente não honra a condição de criatura que um dia, cheio de amor, ternura e carinho, Seu Pai muito amado Criou.

*Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

Um comentário:

  1. Em comunhão com os irmãos, me atrevo a citar um trecho deste fantástico texto de Aldemar Paiva.


    "Eu não gosto de você Papai Noel! Também não gosto desse seu papel de vender ilusão pra burguesia. Se os meninos pobres da cidade soubessem o desprezo que você tem pelos humildes; pela humildade, eu acho que eles jogavam pedra em sua fantasia...
    Você! Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou...Sem pai e sem brinquedo, afinal, dos meus presentes não há um que sobre da riqueza de um menino pobre, que sonha o ano inteiro com a noite de Natal! Meu pobre pai, mal vestido, pra não me ver naquele dia desiludido, pagou bem caro a minha ilusão... Num gesto nobre, humano e decisivo, ele foi longe demais pra me trazer aquele lenitivo; tinha roubado aquele trenzinho do filho do patrão! Quando ele sumiu, eu pensei que ele tinha viajado, só depois de eu grande minha mãe em prantos me contou... que ele foi preso, coitado! E transformado em réu. Ninguém pra absolver meu pai se atrevia. Ele foi definhando na cadeia até que um dia, Nosso Senhor... Deus nosso Pai...Jesus entrou em sua cela e libertou ele pro céu."

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