sexta-feira, 26 de novembro de 2010

MANDACARU



Benedito da Cunha Melo

Vejo-te sempre às margens dos caminhos
ou nas caatingas secas; à adustão
do sol exposto, expostos aos redemoinhos,
mandacaru bravio do sertão!

Em ti não fazem festa os passarinhos...
como os teus cardos agressivos são!
Mandacaru, conheço-te os espinhos!
já uma vez tu me feriste a mão.

Ferido, embora, não te amaldiçôo...
acostumei-me à dor, e é comovido
e quase com prazer que te perdôo.

Pois, na vida - esse agreste de aflição,
quantos mandacarus me têm ferido,
Mandacaru bravio do sertão!?

(do Livro Versos Diversos / 1948)

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