quarta-feira, 18 de agosto de 2010

AS MORENAS, nos escritos de ANTONINO E THEO SILVA



FRUTA DO MATO
Theo Silva(1943)


Foi a morena mais bonita que minha terra criou...

Eu não sei mesmo dizer assim,
Ao pé da letra,
Mas uma morena daquela só podia ter nascido
Na casa do Nosso Senhor!

-Foi a morena que eu vi não ter chiquê nem faceta.

É aquilo mesmo bonito
Que a gente gosta de ver...
E quanto mais a gente vê,
Mais vontade tem de ver...
É como fruta do mato, que a gente tem sem querer,
Aquela vontade danada
De pegar, partir e comer!


DOCE MASCAVO
Antonino Oliveira Júnior (2009)


No horizonte que alcanço,
teus olhos verdes,
canaviais que se perdem
no tempo de um tempo já sem tempo...
e tua pele
morena como o açúcar
que me adoça a vida
como o doce mascavo...

Os olhos, o verde,
a cana, o açúcar,
do tempo sem tempo,
da vida sem vida...

Morena,
meu horizonte...



DESEJO
(Para uma morena que vi chupando pitomba na feira...)
Theo Silva

Moreninha cor de jambo
Cheirando a flor de mangueira,
Domingo eu lhe vi na feira
E tive um gosto!...
(extravagante, já se vê...)

Ai quem me dera que eu fosse
Uma pitombinha bem doce
Pra ser chupada por você...

Que importava eu sentir
Os seus dentinhos afiados,
E os seus lábios rosados
Me morder e me esmagar,
Se eu ia deixar meu gostinho
Bem no céu da sua boca...

- morena, coisinha louca -
Que me importava eu me acabar...


DEUSA DO PECADO
(para a morena que passa cedinho para o trabalho)
Antonino Oliveira Júnior (2009)


O sol das seis doura a cidade
e traz a morena
que passa e nos leva
em olhar e pensamentos,
nos rastros esculpidos
pelos passos leves
rumo ao peso do seu dia.

E na cadência de seus quadris
parece pisar nos corações
dos que desejam um olhar,
ainda que meteórico,
como mortais aos pés da deusa.

E a morena passa faceira
como quem sorri de todos,
carregando nossos olhares,
nossos suspiros
e um mundo inteiro de pecados.


FLOR MORENA (Para Monaliza, que lembra uma índia)
Antonino Oliveira Júnior (2010)


Vejo a flor-morena ao meu alcance,
sinto o cheiro da erva-doce,
como doce é o seu olhar
de olhos de amêndoas;
sinto o arrepio da pele,
da pele-emoção,
o arrepio-prazer.

Origem das raças,
és o começo de tudo,
do carinho,
do prazer,
do amor,
dos meus sonhos, enfim.

Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras (Cadeira Nº 05) e Theo Silva é o Patrono da Cadeira nº 10.

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