quinta-feira, 29 de julho de 2010

“Festival Chopin/Schumann 200 Anos”



“Festival Chopin/Schumann 200 Anos” vai promover quatorze concertos gratuitos no Recife em comemoração aos 200 anos de nascimento de dois dos mais importantes compositores eruditos do mundo. No total, 110 músicos participam do evento. A entrada nos teatros de Santa Isabel e da UFPE será sempre franca, mas a produção pede alimentos para doação às vítimas das chuvas.

Dois dos mais importantes compositores eruditos do mundo, expoentes do Romantismo do século 19, vão ser homenageados com uma grande programação no Recife, que marca os 200 anos de nascimento de ambos. Concebido pela pianista Elyanna Caldas, que divide a coordenação artística com o também pianista Edson Bandeira de Mello, fãs confessos de Frédéric Chopin (1810-1849) e Robert Schumann (1810-1856), o “Festival Chopin/Schumann 200 Anos” vai promover nos teatros de Santa Isabel e da UFPE quatorze concertos gratuitos, de 31 de julho a 23 de agosto, com a participação de 110 músicos ao total, quase todos pernambucanos residentes no estado ou fora dele, e até em outros países. Uma equipe aclamada internacionalmente por seu reconhecido talento. O evento conta com produção executiva da Paulo de Castro Produções.


O projeto nasceu para inserir Pernambuco nas comemorações dos 200 anos de nascimento destes dois compositores considerados geniais (“a alma romântica do piano está com eles dois, tanto que desenvolveram a técnica pianista ao máximo”, diz Elyanna Caldas), com uma programação exclusivamente dedicada às suas obras. A primeira etapa do evento acontecerá a partir do sábado, 31 de julho, indo até a quarta-feira, dia 04 de agosto, com concertos noturnos no Teatro de Santa Isabel. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente 1h30 antes de cada apresentação, na bilheteria do próprio teatro (mas a produção pede que levem alimentos para doação às vítimas das chuvas).

A partir do dia 12 de agosto, o palco do Teatro da UFPE (não é necessário pegar ingresso com antecedência) passa a receber o Festival, com programação até o dia 15 e de 19 a 22 de agosto. O encerramento acontecerá dia 23 de agosto, no Teatro de Santa Isabel, com a Orquestra Jovem do Conservatório Pernambucano de Música (80 componentes), com regência do maestro convidado Lanfranco Marcelletti e participação especial de dois solistas convidados, o polonês Julian Tryczynski (executando Concerto Para Violoncelo e Orquestra, de Schumann) e a pianista recifense Maria Clara Fernandes (em Andante Spianato e Grande Polonaise Brilhante, de Chopin).


Maiores informações: 3222 0025 ou 3082 2830.

MOSTRA ÍNDIO BRASIL




O Vídeo Índio Brasil (VIB) é composto de curtas, médias e longas-metragens sobre índios e realizados por índios. O projeto proporciona que cidades brasileiras tenham a oportunidade de acesso à diversidade cultural indígena existente no país, revelada por meio de produções audiovisuais realizadas por indígenas e não indígenas.

O projeto consiste na exibição simultânea em 100 (cem) cidades brasileiras inscritas e criteriosamente selecionadas. A programação do Vídeo Índio Brasil será exibida nos dias 31 de julho a 07 de agosto de 2010, com a projeção dos vídeos e filmes. Todas as atividades terão entrada franca e sem fins lucrativos, com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC). O Festival contou, também, com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério do Turismo.

As exibições acontecerão de 31 de Julho a 07 de agosto de 2010,às 19 horas, no Teatro Barreto Júnior, com apoio da Secretaria de Cultura.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

UM OLHAR SOBRE A JANELA




É o título da tela da artista Síntia Alves. Na janela, é possível ver a expressão e sentir o sentimento da sofrida mulher nordestina. O quadro de Síntia foge do clichê de mulher pobre do nordeste, apesar da identificação. Nele, é possível sentir um mulher forte, apesar do olhar um tanto triste e distante, como quem tenta enxergar, lá longe, a vida que deseja alcançar.

*Síntia Alves é atriz, cenógrafa, figurinista, artista plástica e mãe de Thiago.

terça-feira, 27 de julho de 2010

ERA TÃO POBRE QUE SÓ TINHA DINHEIRO



Antonino Oliveira Júnior

Comenta-se que em determinada cidade havia um homem que tinha muito dinheiro, que “arrotava” grandeza e, acima de tudo, falava só acreditar na força de seu dinheiro. Deus só existia para ele pedir mais dinheiro, pra continuar tendo sucesso nos negócios; Jesus era uma figura decorativa em seus pensamentos; amigos “lisos”, nem pensar, pois fazia sempre questão de viver cercado daqueles amigos que dão risadas bem altas e falam sem noção de volume e que se deliciavam nas churrascadas que ele promovia nos finais de semana. Era muito comum, quando indagado acerca de uma vida mais fraterna, ouvir desse homem expressões tipo: “meus filhos se formam este ano, porque tive dinheiro para pagar boas escolas”, “comprei uma casa na praia, porque este mês sobrou muito dinheiro”, “ter amigo pobre é esperar a facada a qualquer momento”, etc., e sua ignorância espiritual continuava: “Se eu não tiver muito dinheiro, nada vai cair do céu”. Amor ao próximo, nem pensar.

Um dia, surpreendido pelas incertezas da vida, o homem poderoso começou a cair em desgraça, com a esposa acometida de doença incurável, o filho tão querido, paraplégico, vítima de acidente e, para sua agonia, o dinheiro escorrendo pelo ralo. Aos poucos, sua conta bancária foi esvaziando, churrascos já não aconteciam, os “amigos” foram sumindo, a casa cada dia mais vazia, ele, cada vez mais solitário. Morrem a esposa e o filho, causando uma tragédia no interior daquele homem, que não encontrava um ombro sequer onde depositasse suas lágrimas, uma mão para afagar seus sofrimentos, um coração capaz de acolher o seu, tão sofrido, tão marcado pela dor.

Certo dia, cansado pela dor e deprimido pela solidão afetiva, sentou-se em um banco de praça, a mesma praça que ele só via pela janela do carro, olhou para o infinito com os olhos tristes, com a face úmida de lágrimas. Soluçou, chorou ainda mais, e chegou à conclusão de que era tão pobre que só tinha dinheiro.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras

DISCURSO POÉTICO, 2



JUAREIZ CORREYA
ao poeta Lara Miranda

Guarda o meu poema
no caderno do teu corpo
e desdobra sua carne à luz
e proclama sua liberdade ao vento
sua terra e suas águas
deixa que estourem da tua boca
e incendeiem os corações dos homens
para renascer suas vidas
e recriar a humanidade.

Recife, julho / 2010.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

RETRATOS




Em reunião realizada no último sábado, 24 de julho, no auditório do Shopping Costa Dourada, a Academia Cabense de Letras recebeu a visita do comunicador, cineasta e jornalista rafael Negrão. Na oportunidade, Rafael Negrão expôs todo o processo de criação e produção do filme curta-metragem RETRATOS, seu primeiro trabalho em vídeo, em parceria com Leo Tabosa. Em seguida, os acadêmicos assistiram à exibição do curta, que tem a duração de 20 minutos.

RETRATOS será exibido na Livraria Cultura, em Recife, dia 31 de julho, às 19 horas.

RETRATOS mostra, antes de tudo, o lado humano dos(as) travestis, fugindo do clichê comum que mostra a violência e a prostituição rotina dos(as) travestis. Em RETRATOS eles(as) aparecem com pessoas comuns, que estudam, trabalham, têm vida doméstica e, principalmente, uma vida afetiva.

O Curta, que nasceu como um trabalho universitário, ganhou as ruas e tornou-se uma referência para o debate sobre um tema tão delicado e tão importante. Após a apresentação, abriu-se um pequeno debate entre os acadêmicos e o autor do vídeo, com Rafael Negrão sendo bastante parabenizado por todos. A Academia Cabense de Letras declarou apoio ao Projeto que está levando RETRATOS às comunidades.

RETRATOS vem participando de importantes Festivais no Brasil e no exterior, a exemplo do México e Estados Unidos. No Brasil, foi premiado no Rio de Janeiro e participará do Festival que acontecerá no Ceará.

A DEMOCRACIA BRASILEIRA




Janguiê Diniz*

A revista inglesa The Economist realizou em 2008 a sua segunda pesquisa sobre a democracia no mundo. Esta pesquisa avaliou as liberdades civis, o funcionamento do governo, a pluralidade eleitoral e a cultura política da população em 167 países. Pesquisa de fôlego e oportuna. As democracias dos países foram classificadas de plenas ou imperfeitas. A pesquisa também qualificou os países de híbridos ou autoritários. Suécia, Noruega e Islândia foram classificados como países democráticos, com democracia plena. Os menos democráticos foram Coréia do Norte, Chade e Turcomenistão. Cumpre ressaltar que na América Latina o único país qualificado como democracia plena foi o Uruguai, já que o Brasil foi considerado uma democracia imperfeita.

Nessa perspectiva, registre-se que são inúmeros os eventos presentes nos contextos social e institucional do Brasil que corroboram com a conclusão da pesquisa realizada pela The Economist. Inicialmente, vale salientar que nesses últimos anos a Polícia Federal Brasileira realizou diversas operações de combate à corrupção pública em instituições brasileiras. No cotidiano social é frequente o relato da prática da corrupção. Por outro lado, o “jeitinho brasileiro” é utilizado como ferramenta social para solucionar entraves criados pela burocracia estatal. Ademais, o desrespeito à lei é visível. Citamos como exemplo o desrespeito à lei do trânsito. Ao caminhar pelas ruas, constatamos carros estacionados nas calçadas impedindo o direito de ir e vir das pessoas.

Em qualquer tipo de conflito é muito comum o uso de outra ferramenta social, o questionamento: “Você sabe com quem está falando?”. O uso dessa máxima evidencia a hierarquização de parte da sociedade brasileira perante as leis. Ou seja, a lei só se aplica à parte da sociedade, os pobres e pretos. Diante dessa realidade, importa constatar a forte presença da desigualdade de direitos perante a lei, o que me faz indagar: como posso falar em democracia no Brasil diante de uma patente desigualdade social de direitos perante a lei? Isso me faz enfatizar que existe relação direta entre desigualdade econômica e desigualdade de direitos. Quanto maior a desigualdade econômica, mais desigual o acesso às instituições estatais. Isso é retratado com muita propriedade por Roberto DaMatta que frisa: “os que têm algum tipo de poder econômico, social ou político conseguem garantir os seus direitos. Fazem com que as instituições atendam as suas demandas. Os que não têm penam pelo auxílio das instituições”.

Infelizmente, é particularmente triste consignar que as oportunidades econômicas, sociais e políticas no Brasil ainda não são para todos. Não deveria ser assim, já que os recursos destinados para a educação pública são avultantes e volumosos. Entretanto, na sociedade do conhecimento em que vivemos, onde o conhecimento é muito mais importante que os recursos materiais, considerado instrumento de poder, a educação pública brasileira ainda não foi capaz de educar e capacitar os indivíduos brasileiros para que adentrem no mercado de trabalho, mercado este cada vez mais carente de mão de obra qualificada.

Por fim, realço a necessidade premente de se criar condições para que os brasileiros adquiram igualdade de oportunidades, embora isso só seja possível com a diminuição da desigualdade econômica. Friso, contudo, que o Brasil avança apesar de lentamente. Afirmo sem medo de errar que temos condições de fazer com que o Brasil seja considerado uma democracia plena. Basta que a sociedade se una e que todos façam sua parte.

*Fundador do Grupo Ser Educacional -janguie@sereducacional.com

UM CANTO DE AMOR



Valéria Sampaio* (abril de 1995)

Natureza virgem e pura
Que o homem não ouse te tocar
E que ele não lhe faça sofrer
Como faz a tantos dos teus filhos.

Ó, mais bela de todas as belezas,
Que habita a água das cascatas
E vê o orvalho nas folhas das tulipas.

Ouve este canto que os passarinhos tentam cantar.

Que canto é este tão branco
Que pela selva de espanto
Vem o fogo calar?

É o canto das andorinhas
Que nesta selva de espanto
Vêem seus filhos queimar.

É um canto de pranto,
É um canto de dor,
Vendo a vida morrendo,
Vendo o fogo matando,
Vê seus filhos chorando,
Vê o pranto correndo.

Que canto é este que trás
Tão triste melodia?

Ó deusa do amor,
Ouve este canto de dor,
Cala este canto
Como calaste tantos
De alguns filhos que nem chegaram a viver.

Acende uma luz em meio à escuridão
E chora mais uma vez a última andorinha.

Valéria Saraiva é enfermeira, pós-graduada em Saúde da Família, poetisa, cabense de coração que adotou nossa cidade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

INUMERÁVEIS NOITES



Natanael Lima Júnior

Da janela do quarto

vejo a noite transfigurar-se

bela sutilmente bela

única tímida frágil

refletindo-se negra

alma canção poesia



inumeráveis as noites



o universo se move

e as estrelas parecem paradas

renegadas? condenadas?

e as encontrei envelhecidas

nas madrugadas do meu corpo



inumeráveis as noites



quis possuí-las

e as vislumbrei despidas

reveladas de corpo inteiro

translúcidas vidas



inumeráveis as noites


*Natanael Lima Júnior é membro da Academia Cabense de Letras


julho/2010

MENSAGEIRA DAS VIOLETAS (Para Florbela Espanca)



Antonino Oliveira Júnior

Ó, construtora de versos e rimas,
flor bela que espalha lirismo
e espanca meu ser com poesias,
conquista-me
com a força das tuas palavras,
envolve-me com teus mistérios
e desbrava os sertões
dos tempos que me separam de ti.

Estendo mãos e coração para além-mar,
na espera inconsequente
de encontrar-te em ventos, em chuva,
em raios que doiram tua imagem,
para alcançar-te, quem sabe,
na esperança vã de te impedir o gesto
que te levou como corpo
e te deixou em forma de versos...

E não és, sequer, a razão do meu viver...

Ó, construtora de versos e rimas,
flor bela que espalha lirismo
e espanca meu ser com poesias!


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

CULTURA NO SHOPPING



O professor da rede pública do Cabo de Santo Agostinho que for ao Shopping Costa Dourada hoje, poderá adquirir, gratuitamente, um exemplar do Livro O MARQUÊS DE RECIFE - MORGADO DO CABO. Basta levar o contra-cheque ou outro documento de comprovação profissional. Quem não é professor poderá adquirir o Livro ao preço simbólico de apenas R$ 5,00. No caso da aquisição por compra, a direção do Shopping Costa Dourada decidiu por doar a renda à Academia Cabense de Letras.

Paralelamente, acontece no local a Exposição fotográfica "UMA CIDADE DE TANTAS HISTÓRIAS", com parte do acervo da Casa da Memória do Cabo, com apoio do Shopping Costa Dourada e Fundação Joaquim Nabuco.

A FLOR (do Nordeste para a Candelária)



(a uma menina de olhar tão infantil quanto ela mesma) – 1994

Antonino Oliveira Júnior

A avenida explodia
Na guerra dos homens
E o ar poluído
Ardia-me as entranhas.
Meio-dia de sol ardente
Sob o efeito estufa.
Vietnã, Golfo, Somália,
Nordeste, Carandiru, Candelária.

Em pleno momento agonizante
Germino e renasço
No teu olhar terno
E na pureza da flor que me ofertaste.

PS: Como imaginar que ao meio-dia, num engarrafamento de trânsito na Av. Agamenon Magalhães, uma menina de rua avançaria em minha direção para entregar uma flor?

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Igreja Batista da Cohab e membro da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 20 de julho de 2010

LIVRO E EXPOSIÇÃO NO SHOPPING



Pça. da Prefeitura, sem a Prefeitura.

Dia 21, quarta-feira, o Shopping Costa Dourada será palco do lançamento do Livro sobre o Marqês de Recife e Primeiro Morgado do Cabo. O livro, patrocinado pelo Shopping Costa Dourada, será distribuído gratuitamente para os professores das escolas da rede pública (município e Estado) do Cabo de Santo Agostinho.
Abrilhantando o evento, haverá a exposição Fotográfica "Uma Cidade de tantas Histórias", composta por parte do acervo da Casa da Memória do Cabo.

DOMINGO É DIA DE FLICTS



A Troupe Cara & Coragem apresenta domingo, dia 25 de julho, FLICTS, adaptação de Aderbal Freire Filho do classico de Ziraldo. Final de férias da garotada, essa será a oportunidade para os pais levarem seus filhos ao Teatro e assistirem, também, um espetáculo de boa qualidade. A montagem cabense tem a seguinte Ficha Técnica: direção de Luiz Navarro, no elenco Osvaldo Castanha, Gilson Paz, Nice Albano, Belly Nascimento, João Pedro de Albano e Moraes, Kirly Katarine, Val Martins, Tierry Fernandes e Hilquis Oliver. Direção Musical de Zé Caetano e Nice Albano. Coreografias de Osvaldo Castanha e figurinos de Luiz Navarro e Síntia Alves. Será um espetáculo único de encerramento das férias e o ingresso será promocional, custando meia entrada para todos, ou seja, apenas R$ 5 reais.

Em agosto o grupo viaja ao espírito Santo, onde participará do Festival nacional de Guaçuí, naquele Estado. A ida a Guaçuí, segundo a direção da Troupe, recebe o apoio da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho.

Vá e leve seus filhos. Vale a pena conferir. Eu assisti e indico.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A ESTRELA FRIA



O Instituto Maximiano Campos promove o lançamento do Livro "A ESTRELA FRIA", do escritor José Almino de Alencar, neste dia 20 de Julho, às 19:30 horas, na Livraria Cultura, em Recife.

ENTRE A PORTA E A ESQUINA



Antonino Oliveira Júnior*

Junho trouxe a chuva, os festejos juninos, a Copa do Mundo. Junho nos ofereceu também, via Luiz de Lima Navarro, ENTRE A PORTA E A ESQUINA, mais uma montagem da Troupe Cara & Coragem, grupo que já nos acostumou a bons espetáculos teatrais.

Luiz Navarro continuou a percorrer a sua caminhada como dramaturgo de forma horizontal, mantendo o bom nível ao abordar temas sérios e delicados, que envolvem as realações e reações humanas. ENTRE A PORTA E A ESQUINA, mais que um texto teatral, é uma reflexão acerca das relações mais aproximadas e mais intimistas que podem acontecer entre duas pessoas. O sentimento que aproxima, pode, igualmente, separar, tornar equidistantes duas pessoas que se amam. De um lado, uma mãe carente de afeto, externa o medo da perda que a liberdade do filho representa; do outro lado, um filho angustiado pela falta de perspectivas concretas, inseguro em dar os passos de afirmação que necessita dar. Carência e possessão, medo e angústia, amor e desamor, dão a tônica da luta de duas vidas que não conseguem se ver como vidas. No fim, a perda é inevitável, a luta travada não tem vencedores.

O elenco é um brinde para o público, com os atores Alcy Saavedra e Evânia Copino esbanjando competência e qualidade de interpretação. A direção segura de Luiz Navarro se mostra, digamos, de forma convencional, sem marcações mirabolantes, mas, valorizando o trabalho de ator. O cenário simples, não deixa de ser criativo e não se distancia dos atores e do texto. É uma casa, é um quarto, é um aquário, é uma prisão. Um enorme obstáculo ao crescimento de duas vidas. E ele estava entre a porta e a esquina.

Em síntese, um espetáculo acima do bom e que se aproxima do excelente. Um drama que precisa ser visto pelas platéias de Pernambuco e outras por aí afora.

Para encerrar, vou ser repetitivo: é lamentável que mais um bom espetáculo tenha o seu nível de direção e montagem ameaçados por um sistema de iluminação deficiente. É preciso profissionalizar a administração do nosso Teatro Barreto Júnior.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

UMA MULHER MENINA


Antonino Oliveira Júnior

Teu sorriso de menina
Abre o tempo
E anuncia, da primavera,
As flores que perfumam teu corpo,
Por onde flutua meu olhar...

Um corpo de mulher,
Que desperta pensamentos
E libera desejos...

Um corpo percorrido pelo meu olhar,
Em silêncio, mas afoito,
Buscando em teus olhos
Começar a entrega.

Tímida, envergonhada,
A face rubra,
Pareces te esconder sob as pálpebras,
Deixando à mostra
Um sorriso entreaberto, sutil,
Com a beleza e a pureza
De uma mulher em moldura de menina.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras

O CHORO



Romero Menezes*

Após a desclassificação do Brasil pela Holanda, saí da casa do meu irmão Douglas, onde assisti todos os jogos, com o olhar atento para poder analisar o impacto causado pela inesperada derrota.

Fui caminhando, como sempre faço, até a localidade onde moro, olhando em cada rosto a reação do povo, o que deixou em mim a sensação de caminhar em um imenso “velório coletivo”. Além das lágrimas, um silêncio assustador.

Vi crianças e adultos chorando, vi os bares fechando suas portas, como se a tristeza ficasse ali guardada até a próxima Copa (eram 14 horas). Presenciei também o apagar das churrasqueiras, sob a chuva fina que caía na tarde da mais triste sexta-feira do ano.

No meu caminhar, cheguei à conclusão ser um verdadeiro absurdo tanta gente chorar e sofrer por um simples jogo de futebol. Continuei convencido ser coisa de idiota e fanático. Lembrei minha avó, que sempre me dizia: -Quando chorar, Romero, nunca chore por tolices.

Confesso que segui meu caminho com um certo ar de superioridade, pois, apesar de ser brasileiro, estava sendo diferente da maioria de idiotas e fanáticos. Não estava chorando. Chorar por futebol? Por que? Tô fora! Quem quiser, que chore.

Cheguei na minha moradia bastante cansado. Coloquei a sacola sobre a mesa, sentei no sofá e tirei os sapatos. Aí, lembrei da seleção, senti um forte aperto no peito...
E também comecei a chorar.


*Romero Menezes é funcionário do CRAS da Charneca.

terça-feira, 13 de julho de 2010

SURGEM OS PRIMEIROS NACs




Jaboatão dos Guararapes começa a conviver, a partir de amanhã (14 de julho de 2010), com os primeiros frutos do Projeto de implantação dos NÚCLEOS DE AÇÃO CULTURAL (NACs). Iniciado em outubro do ano passado, o projeto cumpriu as suas fases de alicerce.

Os NACs são células culturais que resgatam e fomentam as manifestações culturais das comunidades. Tudo se inicia com uma pesquisa feita junto às comunidades, e com base nos resultados, é planejado o processo de implantação para aquela localidade.

Hoje acontece, no Hotel Barramares, o lançamento oficial do projeto, a partir das 8 horas da manhã, com apresença do Prefeito Elias Gomes, Secretário e Oficineiros e Coordenadores dos NACs.

Na quarta-feira acontece a abertura do NAC de Cajueiro Seco, às 9 horas da manhã, onde serão ministradas, a partir de então, oficinas de Capoeira, Percussão, Dança e ritmos Afros. Nos próximos dez dias acontecrão a abertrura de mais três NACs, nas comunidades de Cavaleiro, Comporta e Jaboatão Centro.

VIEMOS PELA MÃO DAS HORAS



Natanael Lima Jr


Viemos pela mão das horas,

pela mão dos séculos.

A existência em nossa mão

desregrada, efêmera.



Viemos donde tudo é transitório

e o desconhecido,

um sonho irrevelado.



De que norte ou miragem

limitamos a morte?



Viemos

pelo desejo de recriar,

transformar, transcender

a dor e ciciar de emoção

que fala à alma e revela,

pelas vias do coração.


*Natanael Lima Jr. é membro da Academia Cabense de Letras

FLICTS



Foto: Weidson Gomes

No fim-de-semana que passou (10 e 11 de julho), no Teatro Barreto Júnior (Cabo de Santo Agostinho), aconteceu a estréia do espetáculo FLICTS, uma obra-prima infanto-juvenil de Ziraldo, adaptado por Aderbal Júnior. A montagem é do Grupo Cabense TROUPE CARA & CORAGEM, sob a direção de Luiz Navarro e um elenco de excelente nível de interpretação, destacando-se o jovem ator Osvaldo Castanha, com uma interessante presença de palco, principalmente quando executa passos de frevo e interpreta o texto de Ziraldo. Acompanhando Osvaldo Castanha, um elenco de bom nível de atuação e com a perspectiva de crescimento ao longo da temporada.

A direção musical, a cargo de Nice Albano (que também atua como atriz) e Zé Caetano, reafirma o nível profissional do espetáculo, que se complementa com uma coreografia muito boa, dirigida por Castanha, e um figurino que contou com a participação da artista plástica Síntia Alves. A iluminação não demonstrou o mesmo acerto do restante da montagem, devido, acredito, à precariedade do próprio sistema de luz do Teatro Barreto Júnior, que costuma prejudicar os espetáculos ali apresentados.

Um espetáculo que emociona e nos dá lições incríveis de comportamento social. Lições de companheirismo, de humildade e de tolerância. FLICTS é a afirmação de que não se deve temer o novo,com aquilo que representa uma nova face. Com Flicts, Ziraldo está a nos lembrar de que é preciso acabar com o sentimento de exclusão, seja pelo medo ou pelo preconceito. Incluir-se em seu conjunto social é a grande luta de FLICTS.

Com FLICTS, a TROUPE CARA & CORAGEM representará Pernambuco no Festival Nacional que acontece em agosto, na cidade de Guaçuí, Espírito Santo. Pelo que assistimos, fica a certeza de que Pernambuco estará bem representado no Festival, e que o teatro do Cabo de Santo Agostinho voltará laureado em mais um Festival.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ESTA CIDADE... ( PARABÉNS)



Douglas Menezes*

Às vezes menina-moça, assim tão jovem como à espera do primeiro amor. Sim, na avenida quase arborizada, de casas novas e pracinha moderna, o Cabo é uma namorada que se envaidece do seu jeito faceiro e de sua formosura adolescente, como se fora assim. Como se o tempo todo não houvesse passado. Se diz moderna, como a mais moderna das meninas que andam por aí, tendo o ontem tão bonito como o hoje. Uma história que nos enche de encanto, tal qual o presente e o futuro que se misturam. E apesar desse comportamento contemporâneo tão vivo e palpitante, pulsando tal coração emocionado, não esconde o seu romântico lirismo. É como se mocinhas e rapazes que moram ou frequentam a avenida e seus arredores guardassem um quê de ingenuidade antiga e um leve saudosismo, mesmo sem terem tempo de sentir saudade.

Ali a cidade que surge, anunciando a nova era emergente. A Historiador Pereira ironiza a parte velha, afirmando sua jovialidade nas transversais bem traçadas, nas construções que aparecem todo dia e, principalmente, no ar novo-burguês de seus habitantes, que se consideram viventes de um bairro nobre.

E no movimento incessante, na zoada estridente e melódica dos colegiais afogueados e cheios de vida, está o lado menino deste lugar, que se estende de norte a leste, numa expansão que não tem fim, ruas e avenidas multiplicando-se, afirmando um futuro que chegou e, lógico, com os problemas advindos do progresso chegado com toda a carga de coisas ruins, mas também boas que todo desenvolvimento traz.

Noutro extremo, ao sul, os morros e a parte antiga, orgulhando, pois foi onde tudo quase começou. A sensação à flor da pele de que aqui a descontinuidade, essa antítese, esse paradoxo, na verdade, é elemento que une. Elemento atravessando os séculos e fazendo desta cidade, surgida do massapê, do barro da vida, um instrumento de redenção para muitos, mais os de fora, menos os daqui, mas assim mesmo tornou-se ela a mãe que abriga, que dá leite, que possibilita a sobrevivência. A mãe centenária que ama os filhos e que não cobra retorno do amor oferecido, sofrendo ou não o desdém dos desnaturados. Parabéns amamentadora de sonhos e desilusões. De alegrias e tristezas. És o guarda-chuva que nos ampara a todos, sejam ou não nascidos aqui.
JULHO DE 2010.

*Douglas Menezes é professor, escritor e membro da Academia Cabense de Letras.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Carta a Dr. Ulysses



Roberto Menezes*

Dr. Ulysses:
Essa carta é tão absurda quanto a sua morte, há 17 anos atrás. Fiz a sua campanha presidencial. Lembro-me das imagens que via na ilha de edição: o senhor estava sempre cercado por crianças, que lhe faziam agrado e lhe beijavam. E o senhor falava isso para todos nós. E sempre alguém lhe dizia, procurando cortar sua alegria com a infância: "Criança Não Vota".

Tanto era sua alegria com os pequeninos que o senhor achou de morrer no dia 12 de outubro, Dia da Criança. E mais simbólico ainda: o senhor que sumiu nas águas para sempre, achou também de morrer no dia de Nossa Senhora Aparecida, a imagem negra que apareceu nas águas aos pescadores. E outro significado tão forte quanto os que citei: Nossa Senhora Aparecida é a Padroeira do Brasil, o país que sempre teve a sua presença, Dr.Ulysses, nos momentos mais dramáticos, sempre ao lado do povo brasileiro. Na época de sua campanha eu liguei de Brasília para o jornalista Ricardo Carvalho, no Recife, dizendo que essa armação da TV Globo para eleger Collor, só um candidato com a estatura moral e cívica de Ulysses Guimarães é que poderia desarmar. Só a eleição do Dr. Ulysses. Mas o Dr. Ulysses estava enfraquecido demais. O povo, imbecilizado, preferia o herói de camisa aberta ao peito junto de sua Barbie. Ricardo Carvalho, com a experiência de jornalista e peemedebista histórico, sem nunca misturar as duas coisas, concordou comigo.

Hoje o Brasil é outro. Aparentemente, moderno, sólido na economia e com direitos sociais assegurados. Mas piorou muito no tecido social e na política. No tecido social, assistimos a uma guerra civil aberta entre os que nada têm e os que consomem tudo que podem comprar. Na política, porque as Repúblicas de Alagoas e do Maranhão se uniram para ditar suas regras, como sempre contra o povão. Collor, aquele mesmo que chamava Sarney de corrupto e Lula de ignorante, agora se dá ao direito de atacar um homem íntegro como Pedro Simon em defesa de Lula e de Sarney.

E o povo, onde está o povo? Seria a sua pergunta, Dr. Ulysses. O povo está querendo celular de última geração, tem barraco de favela que tem TV de plasma, e quando o dinheiro do Bolsa Família não dá para pagar todos os cartões de crédito adquiridos, vai assaltar nas esquinas, fazer arrastões, entrar como boi de piranha do tráfico de drogas. Tudo isso estimulado pelos novos ares de consumo. A fome não foi zerada. Ano passado, o Diário de Pernambuco mostrou, em excelente série, as crianças desnutridas dos cafundós do Nordeste. Parecia Biafra. Falta de comida, mesmo. Crianças (várias) com quase cinco anos e que não andavam de fraqueza, de desnutrição. A fome do povo não zerou. A politização do povo, sim. A mídia, vendida como sempre, cuida de criar o consenso. Instila nas massas um voluntariado imbecil e uma idolatria política sem nenhuma consciência crítica. Até no Dia do Trabalho, este ano, a TV Globo destacou desempregados mostrando a carteira para a imagem de uma santa numa procissão no ABC paulista, onde antes os operários protestavam e faziam greve contra o desemprego e os baixos salários. Agora, se espera milagre de santo. E em seguida, a TV Globo mostra reportagens sobre o Dia do Trabalho nos outros países: protestos, polícia metendo o cacete, manifestantes revidando, contra a crise e o desemprego e os baixos salários. Como um aviso aos brasileiros: aqui é o homem cordial, pacífico até no desemprego, e com muita fé. Lá fora, é o inferno dos eternos agitadores e terroristas.

Dr. Ulysses, no Brasil "desse povo que canta e é feliz", o suborno para conseguir o voto popular virou oficial. A enganação é a teoria que move o governo, que contrata até o papa dos twisters e blogs da campanha de presidente norte-americano Barack Obama para a campanha do PT. Aliás, PT, saudações.
Simpatizo, e disse publicamente nesse site, com a candidatura de Marina Silva, uma mulher extraordinária, pessoa simples, que veio do povo e o conhece bem. O problema é que o PV, o Partido Verde, o partido de Marina, tem logo de cara um Zequinha Sarney. E eu temo que o jeito manso, mas inteligente, da fala daquela morena, seja abafado pelo rolo compressor oficial, cheio de vozes possantes e olhares fulminantes (como o olhar de Collor contra Pedro Simon). Eu até escrevi um texto que o senhor desaprovaria, porque pornográfico. Escrevi um dia depois em que vi um Pedro Simon acuado e com medo do olhar da serpente. Esse texto mandei para algumas pessoas, refiz ele até tirando certas alusões que poderiam confundir, mas ele ficou pesado pra ser publicado. Baseei-me na História do Olho, de Georges Bataille. Mandei pro editor do site conhecer somente, lembrando que um texto desse não se publica. Mandei também pra algumas pessoas experientes, poupando os mais jovens. Agora, eu estou mandando para o senhor. Ele não será publicado, mas a moçada que não conheceu esse texto, vai conhecer. Ah, vai sim. É meu último desejo, como dizia Noel Rosa.
Dr. Ulysses, às vezes eu penso que a Dilma Roussef poderia ser uma solução. Autoritária e convencida de que o Brasil precisa se armar para defender suas riquezas (o Exército nem comida têm para os recrutas, os militares até hoje que não sabem que deram um golpe contra eles mesmos em 1964 para atender aos interesses dos Estados Unidos). Então a Dilma pensa em usinas atômicas, mísseis, aviões de combate, o contrário da ecologista Marina. Talvez até fosse bom uma usina atômica em cada beira de grande rio, como o Amazonas e o São Francisco, para nos garantir energia. E a fabricação da bomba atômica. O Brasil parece que está precisando mesmo de uma guerra, Dr. Ulysses, com o povão em pânico vendo o seu próprio despertar. Porque perdemos todas até agora: a Revolta dos Alfaiates, A Revolta dos Muçulmanos na Bahia e Alagoas, a Guerra de Canudos, a do Contestado, a Revolta de Pau de Colher, a do Araguaia. Uma guerra faria verter o sangue dos inocentes sobre essa "pátria mãe gentil", mas, também cortaria de vez os pescoços dos que formam o grande abscesso, que tem um olho por onde o pus não sai. Pelo contrário, engorda o abscesso: o olho de Collor. Cortaria o pescoço até dos que engordaram tanto com a roubalheira que nem mais pescoço tem. Só barriga. Então que se tirem as tripas deles.

O senhor, Dr.Ulysses, era um homem conciliador, mas altivo e guerreiro. Ouço o senhor dizer que não devo mandar a História do Olho para as novas gerações. Iria chocá-los ou gerar pessimismo. Mas a moçada vai entender: nos tempos de hoje se entende de bunda melhor do que no seu tempo.

Fique peixe, Dr.Ulysses.
O senhor leia onde estiver. E saiba de coração, que o senhor faz uma falta danada no Brasil de hoje.

Cordialmente
Roberto Menezes

*Roberto Menezes é Jornalista

OFICINA GRÁTIS DE CRIAÇÃO EM DANÇA




O 8° Festival Estudantil de Teatro e Dança, que será promovido de 12 a 29 de agosto, no Teatro Apolo, pelo produtor Pedro Portugal, abriu inscrições gratuitas para a oficina “Reflexões e Instrumentos: Processo de Ensino/Aprendizagem Para a Criação em Dança”, com o coreógrafo, bailarino e arte educador Paulo Henrique Ferreira, diretor do Acupe Grupo de Dança.

As aulas acontecerão no Teatro Hermilo Borba Filho, de 09 a 13 de agosto, das 9 às 12h. A oficina é voltada para participantes do festival e bailarinos, coreógrafos e professores de dança, independente do estilo. O objetivo é estudar na prática e na teoria os princípios gerais da linguagem do movimento do corpo, seus fundamentos históricos e, também, composição coreográfica e a metodologia no ensino de dança, contextualizada com o processo de ensino aprendizado. Inscrições gratuitas pelo e-mail festivalestudantil@gmail.com.

É preciso mandar um breve currículo. São 25 vagas no total, sendo vinte para participantes do evento e cinco para o público em geral (haverá seleção). Maiores informações: (81) 9146 2402 / 9292 1316.

terça-feira, 6 de julho de 2010

JOSÉ SARAMAGO, A CONSISTÊNCIA DOS SONHOS



Antonio Campos*

Tive a oportunidade de ver no Instituto Tomie Ohtake, na capital paulista, há dois anos, a exposição José Saramago: a consistência dos sonhos. A mostra, que também foi exibida em países como Espanha e Portugal, reuniu cerca de 500 documentos originais do escritor apresentados através de recursos digitais e audiovisuais. Organizada pelo diretor da Fundação César Manrique, Fernando Gómez Aguilera, o evento contou com obras inéditas, traduções, manuscritos, notas, primeiras edições, fotografias pessoais e vídeos. Foi uma forma de comemorar os 85 anos bem vividos de Saramago. Uma bela exposição.

No último dia 18 de junho, uma nota publicada pela Fundação José Saramago anunciou que o escritor português homenageado pela instituição morreu aos 87 anos. O intelectual faleceu por conta da leucemia que enfrentava há vários anos. No momento de sua morte, o autor de "Ensaio sobre a cegueira" estava em casa junto da família no arquipélago espanhol Lanzarote onde vivia desde 2003.

Conheci Saramago na minha adolescência, durante o segundo governo de Miguel Arraes em Pernambuco. O escritor era um dos integrantes da comitiva do presidente de Portugal na época, Mário Soares. Na ocasião, lembro-me que meu pai, o escritor Maximiano Campos, conversou longamente com Saramago e que Arraes - meu avô - foi presenteado por Mário Soares com uma litografia do pintor português Julio Pomar com a imagem de Fernando Pessoa. Litogravura essa que também foi dada à José Saramago, que a expunha em sua casa. Hoje, guardo carinhosamente o quadro que herdei do meu avô lembrando dele, de Fernando Pessoa, de Saramago e de nossa ancestralidade ibérica.

O vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998 ficou conhecido pelas obras "Memorial do convento", "O evangelho segundo Jesus Cristo” e "O ano da morte de Ricardo Reis", livro através do qual conheceu sua segunda esposa: a jornalista e tradutora espanhola Pilar del Rio que passou a se interessar pela obra de Saramago a partir da leitura do romance traduzido para espanhol “La muerte de Ricardo Reis”. Ao terminar de ler o livro, a jornalista se sentiu extremamente emocionada e “chorou compulsivamente”. Foi então que ela resolveu procurar o escritor para agradecer o livro e a emoção que sentira ao lê-lo. Nasceu assim uma relação de amizade, que aos poucos deu lugar a uma relação sedimentada e em 1988 se tornou um casamento construído com a mais intensa cumplicidade. Foi uma grande história de amor.

No dia em que o falecimento do português completou sete dias, a escritora e atual diretora da Casa Fernando Pessoa, Inês Pedrosa, que esteve na edição da Fliporto 2009, juntamente com a viúva do literato criaram um evento que marcou a morte do autor. Através da leitura coletiva do clássico O ano da morte de Ricardo Reis, centenas de pessoas puderam recordar Saramago. O mundo ficou um pouco mais cego e triste com a morte de Saramago. Contudo, a consistência de seus sonhos por um mundo mais livre e justo permanecerá.

ANTONIO CAMPOS e Advogado e Escritorr

Fonte: Território da Palavra.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

AO PIRAPAMA



Zeca Plech

Ridentes margens, plácidas, amenas,
A recenderem tépida flagrância,
Éreis, no estio, não recreio, apenas;
Mas epicúreo Val, flórida estância.

Essas paisagens clássicas, helenas,
De virgínea, bucólica elegância,
Trazem-me à mente as mais risonhas cenas
De uma longínqua, farta e doce infância.

Encantamentos, flores, utopias...
Onde o banho lustral daqueles dias,
Em que brincava, ingênuo, em tuas águas?

Hoje, a usina – Locusta agindo às claras –
Tornou-as negras, pútridas, amaras,
Como as do curso vil das minhas mágoas.

*Zeca Plech é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras.

EXISTIRMOS



Natanael Lima Júnior


Acabo de traduzir o acaso:

existirmos o que se destina ser


e o excesso me serve

no gozo de sê-lo

tão infinito, eterno


minha ciência, o universo

qualquer outra não me acrescenta

exceto a alma que anima

e a palavra que semeia


existirmos, o que se destina ser?

*Natanael Lima Júnior é membro da Academia Cabense de Letras

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O PALHOÇÃO DO SHOPPING




No período de 02 a 29 de junho, aconteceu o Palhoção Costa Dourada, armado na Praça de Eventos daquele Shopping. Durante o mês de junho, o legítimo forró pé-de-serra rolou solto, sempre das quartas-feiras aos domingos. Barraquinhas foram armadas ao redor do Palhoção, vendendo comidas típicas da época junina, como a pamonha, a canjica, o milho verde, etc.

Rafaella Barros, coordenadora de marketing do Shopping Costa Dourada, é toda sorrisos com o sucesso da iniciativa.

"ENTRE NÓS"



Foto: Breno Cesar

A partir desta sexta-feira, dia 02, “Entre Nós”, com a Cia. Vias da Dança, estará em cartaz somente às sextas-feiras de julho, às 20h, no Teatro Barreto Júnior (rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina. Tel. 3355 3054). Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (estudantes, professores com carteira e maiores de 60 anos). Incentivo: Funcultura/Governo do Estado de Pernambuco

No elenco, Juan Guimarães, Eduardo Carvalho, Simone Carvalho, Andréa Salcedo, Ana Gama, Fernando Oliveira, Januária Finizola e Patrícia Cruz. Trata-se de um espetáculo de dança contemporânea concebido e coreografado pelo premiado Ivaldo Mendonça (que já integrou a Cia. dos Homens, no Recife, e a Cia. Deborah Colker, no Rio de Janeiro), sob direção geral de Heloísa Duque. É uma espécie de ode ao amor, retrato de encontros e desencontros, com o corpo dos bailarinos sendo visto como reduto de dor e alegria, complementando-se uns aos outros; a emoção dividida entre dois ou mais amores, não importando a cor ou o sexo dos indivíduos. Tudo embalado pelas músicas interpretadas magistralmente por Maria Bethânia, que canta ao amor, o início ou o fim dele, o próprio recomeço, mesmo utópico, numa homenagem aos sentidos.