segunda-feira, 19 de julho de 2010

ENTRE A PORTA E A ESQUINA



Antonino Oliveira Júnior*

Junho trouxe a chuva, os festejos juninos, a Copa do Mundo. Junho nos ofereceu também, via Luiz de Lima Navarro, ENTRE A PORTA E A ESQUINA, mais uma montagem da Troupe Cara & Coragem, grupo que já nos acostumou a bons espetáculos teatrais.

Luiz Navarro continuou a percorrer a sua caminhada como dramaturgo de forma horizontal, mantendo o bom nível ao abordar temas sérios e delicados, que envolvem as realações e reações humanas. ENTRE A PORTA E A ESQUINA, mais que um texto teatral, é uma reflexão acerca das relações mais aproximadas e mais intimistas que podem acontecer entre duas pessoas. O sentimento que aproxima, pode, igualmente, separar, tornar equidistantes duas pessoas que se amam. De um lado, uma mãe carente de afeto, externa o medo da perda que a liberdade do filho representa; do outro lado, um filho angustiado pela falta de perspectivas concretas, inseguro em dar os passos de afirmação que necessita dar. Carência e possessão, medo e angústia, amor e desamor, dão a tônica da luta de duas vidas que não conseguem se ver como vidas. No fim, a perda é inevitável, a luta travada não tem vencedores.

O elenco é um brinde para o público, com os atores Alcy Saavedra e Evânia Copino esbanjando competência e qualidade de interpretação. A direção segura de Luiz Navarro se mostra, digamos, de forma convencional, sem marcações mirabolantes, mas, valorizando o trabalho de ator. O cenário simples, não deixa de ser criativo e não se distancia dos atores e do texto. É uma casa, é um quarto, é um aquário, é uma prisão. Um enorme obstáculo ao crescimento de duas vidas. E ele estava entre a porta e a esquina.

Em síntese, um espetáculo acima do bom e que se aproxima do excelente. Um drama que precisa ser visto pelas platéias de Pernambuco e outras por aí afora.

Para encerrar, vou ser repetitivo: é lamentável que mais um bom espetáculo tenha o seu nível de direção e montagem ameaçados por um sistema de iluminação deficiente. É preciso profissionalizar a administração do nosso Teatro Barreto Júnior.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

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