segunda-feira, 26 de julho de 2010

UM CANTO DE AMOR



Valéria Sampaio* (abril de 1995)

Natureza virgem e pura
Que o homem não ouse te tocar
E que ele não lhe faça sofrer
Como faz a tantos dos teus filhos.

Ó, mais bela de todas as belezas,
Que habita a água das cascatas
E vê o orvalho nas folhas das tulipas.

Ouve este canto que os passarinhos tentam cantar.

Que canto é este tão branco
Que pela selva de espanto
Vem o fogo calar?

É o canto das andorinhas
Que nesta selva de espanto
Vêem seus filhos queimar.

É um canto de pranto,
É um canto de dor,
Vendo a vida morrendo,
Vendo o fogo matando,
Vê seus filhos chorando,
Vê o pranto correndo.

Que canto é este que trás
Tão triste melodia?

Ó deusa do amor,
Ouve este canto de dor,
Cala este canto
Como calaste tantos
De alguns filhos que nem chegaram a viver.

Acende uma luz em meio à escuridão
E chora mais uma vez a última andorinha.

Valéria Saraiva é enfermeira, pós-graduada em Saúde da Família, poetisa, cabense de coração que adotou nossa cidade.

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