segunda-feira, 14 de junho de 2010

SONHO MEU



Roberto Menezes

Pretenso poema de um fígado em pânico
Roberto Menezes – 23.04.2010, seis da manhã.


Eu vivo num tempo de guerra
Eu vivo num tempo de merda
Dizem que a História acabou
E só ficou a História do Olho
Que Georges Bataille contou
O olho que não é o do BigBrother
E sim o olho por onde sai a merda
Recebe tempo de merda
Todo desprezo que se encerra
No meu peito senil
Vai dizer aquela ingrata
Que não tenho mais amor a oferecer
A amargura do ódio
Fez a paixão fenecer
Beira-Mar, ê ê,Beira-Mar
Caboclo espírito enfezado
Vendo a morte chamada de vida
Dá o grito de guerra
E encerra:
“Tá tudo dominado!”
Uma mãe acalenta um filho
sem cabeça
Chovem ossadas mil
São os filhos do Brasil
Morte inútil, abestalhada
Saindo à força deste mundo
Enquanto o povão toma no fundo
Enquanto grita a plenos pulmões
“Campeões do Mundo”!
Esmagam-se culhões
Trovejam canhões
E as bucetas das meninas sem lares
Viram depósito de esperma constante
Para quem tem dólares
E mora distante
Pra que prantear o Che,
Procurar desaparecidos,
Pra encontrar o que , o quê?
O esqueleto dos sonhos perdidos?
Somos putos e putas
Prostituídos nessa terra canalha
Onde a canção se espalha
Chamando de amada terra
Esse país bundão de Sarney,Renan & Cia.
Que não valem o que o gato enterra
Pra frente Brasil
Vai mais pra frente um pouquinho
Olha pro céu, meu amor
Vê como ele tá lindo
Você olhando pra ele
Não vê que está caindo
Sem nenhum abalo, nenhum sismo
No lugar que sempre nos esperou
O maior de todos os abismos
Politicamente correto
Negro não é mais negro
Cego não é mais cego
Nego não é mais nego
Sim não é mais sim
Não me entrego é m'entrego
Morte agora é vida
E até Branca de Neve
Terá que dar sete trepadas constrangidas
Com sete criaturas
Verticalmente reprimidas
Anão? Mais não!
É aí que mora o perigo
Na frase feita colonizada
Como “discutir a relação”
Até que dois corpos tombem
De ódio e de exaustão
Exerço aqui o direito
De quem tem quase 100 anos
De quem lutou, amou e sofreu
No PCB, Dissidências, PQP
Pra só encontrar o que era mesmo pra encontrar
o óbvio e os óbitos ululantes
pelos cinco mil alto-falantes
Dessa terra descoberta por Cabral
Beira-Mar, ê,ê, Beira-Mar
Fim de Papo
Pro ar

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