segunda-feira, 21 de junho de 2010

A REVOLUÇÃO TIRA O ENCANTO DO MUNDO



Roberto Menezes*

Explico porque escrevi lá em cima que a Revolução tira o encanto do mundo. Na obra-prima de filosofia, economia, e prática revolucionária, "O Capital",Karl Marx mostrou que o modo de produção capitalista faz que com vejamos tudo de modo invertido. Daí ele parte pra fazer o que fez com Hegel : extirpa, tira com, cirurgia de mestre, o abscesso do idealismo. Resta a realidade : o capital é uma máquina insaciável de explorar trabalhadores, de transformar gente em bagaço de cana como nos engenhos e usinas. Com um agravante: no capitalismo o trabalhador paga pra trabalhar e pensa que está recebendo. Sempre. Não adianta isso de sociedade cibernética,pos-industrial, sociedade líquida ou trabalho imaterial. É tudo mistificação ideológica. Na base de tudo, a mais-valia, o trabalho excedente que não é pago. O salário é para o trabalhador se alimentar com a família,comprar roupas, pagar o teto onde mora, e fazer o seu “lazer”: cachacinha no pendura, futebol enquanto que o preço do ingresso não sobe, e de vez em quando uma trepadinha .Quando a mulher, também trabalhadora, está com disposição de encarar um quarto turno.Como isso vem acontecendo também com a classe média,confirma-se que os pequenos-burgeses estão,rapidamente, virando proletários. Outra conclusão de Marx. E não adianta dar como exemplos a vida cultural e/ou gastronômica,ou mesmo as baladas e motéis do Rio,São Paulo,Brasília ou Floripa. . Sabemos que a mais-valia agora chega também (e como!) pelo cartão de crédito e pelo cheque especial.Assim como pelo consumo a crédito do proletariado. * Um velho cantor de rock que comandou a Revolução Russa de 1917 gritou do palco: ”sem teoria revolucionária não existe ação revolucionária”. E é isso que me preocupa no Movimento Bolivariano. Sabemos que a mídia faz a cabeça do brasileiro, “anti-comunista”desde que estava no ventre da mãe ( com exceção dos comunistas e demais correntes revolucionárias). Sabemos que Chavez é antipatizado por essa maioria tão estúpida,embrutecida e burra , que se traveste de silenciosa mas de vez em quando vomita sua absoluta falta de politização, quando a Tv Globo lhe dá os 30 segundos de glória de uma vida medíocre. Sabemos também que Evos Morales é mal visto, é “o cara que queria sacanear o Brasil, trair Lula e encampar a Petrobrás”. A manada silenciosa é contra tudo que foge da rotina, e chama os inconformados e militantes de “turma do derruba”. Então o Movimento Bolivariano PRECISA MESMO de uma articulação teórica. Não para que os companheiros , que querem realizar o belo projeto da Nuestra América, fiquem se masturbando em considerações acadêmicas. Nada disso. Mas a teoria justa, certa,consciente, é necessária para uma prática justa, certa,consciente. Não esqueçam o velho cantor de rock soviético. Ele é tão atual quanto os belos romances de Karl Marx. * Uma intelectual da área acadêmica, com quem eu precisava fazer contato para o roteiro do meu filme , passou pela minha página do Orkut no dia em que eu falava da beleza das guerrilheiras da Farc, e da atração sensual que elas me passaram naquele vídeo. A intelectual, também uma mulher bonita,deve ter achado que sou um machista obsceno pra escrever um texto daquele na semana dos 100 anos do Dia Internacional da Mulher. É que eu digo o que sinto e nisso vou misturando política e sexualidade,cinema e filosofia. Pena que ela não tenha lido a mensagem que mandei via email para todas as amigas do Orkut e mais de 100 mulheres do meu cadastro de emails.Nada de parabéns, agradinhos e deslumbramentos. Foi uma seca análise marxista do que significava o Dia Internacional da Mulher, que completava um século. Mandei pra todas,intelectuais ou não .Leitoras de Che ou espectadoras de novela das 8. Mas deixei o recado. Nada de luta entre gêneros, e sim luta de classes. A bela acadêmica deve ter ficado assustada com meu texto do Perfil. Entrei na página dela no Orkut e encontrei o lugar do perfil ocupado por um texto em alemão. Desta vez, o susto foi meu. E ficamos assustados um com o outro. Até hoje.

domingo, 2 de maio de 2010

*Roberto Menezes é Jornalista

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