quarta-feira, 12 de maio de 2010
UMA AÇÃO HUMANA
Antonino Oliveira Júnior*
É muito bom contar com o auxílio da tecnologia, em todos os campos da vida moderna. Não dá para se imaginar mais um mundo sem celular, IPode, Data show, Computador, Blog, Twitter, etc., ferramentas que auxiliam uma propagação mais rápida das produções do homem.
Uma, porém, podemos dizer que é uma ação essencialmente humana, que necessita de um olhar, de uma lembrança, de um bom papo para que passe a existir: a ação de ser escritor, de fazer poesias, de escrever crônicas, romances, de construir artigos, de transformar sentimentos em letras e palavras, ou, dar sentimentos às letras e palavras.
Entendo como equívoco, por exemplo, quando se planeja e se realiza um evento literário alicerçado exageradamente na tecnologia, dando a impressão, muitas vezes, que se deseja substituir o escritor pelos recursos da multimídia. E aí, vêem-se as palavras do escritor, do poeta, mas, não se sente a sua alma. Falta o toque final que o olhar cabisbaixo ou as mãos trêmulas do tímido conseguem dar à sua obra, ou, ainda, a vida que o autor consegue dar na leitura recitada de sua obra.
Há algumas ferramentas da tecnologia, por exemplo, que não me conseguiram agradar. Não quero parecer um conservador, porém, ainda que não consiga mais me ver escrevendo e produzindo fora do computador, confesso que não consegui ler mais do que dez páginas de um livro virtual. Baixar um livro na internet para ler sentado à frente da tela do computador é algo que não consegui assimilar. É enfadonho, é chato, é cansativo. Falta o toque da ação humana de ler um livro de papel, que você leva no ônibus, no trem, leva para a cama, para o terraço, para a rede e, até, como companhia no solitário momento do vaso sanitário. É o diferencial.
A tecnologia deve sim, estar a serviço do escritor, como ferramenta auxiliar, mas, obedecendo a limites que o escritor precisa impor. Ela precisa saber até onde pode ir, até onde o operário das palavras precisa dela. O norte da relação tecnologia versus escritor tem que ser dado pela ação humana.
Entendo, inclusive, que se faz um mal à juventude, quando se estimula aos jovens internautas “baixarem” livros virtuais. Nada substitui, para o autor, a sensação de ver a sua produção literária saindo da gráfica impressa, qual filho que sai da maternidade. Para os leitores, nada se iguala à magia de “carregar” vidas, cidades, sentimentos diversos em páginas construídas em inesquecíveis viagens. Escrever e ler são ações essencialmente humanas.
*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.
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