sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CURTAS E BOAS



A saga de um matuto é o show que traz de volta, aos palcos de Recife, o humorista paraibano, Zé Lezin, no Teatro da Universidade Federal de Pernambuco, dia 22/11, às 20 horas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

OBRA DE LUIZ NAVARRO GANHA A EUROPA


Elenco da versão portuguesa de "As Malditas" e o diretor Jaime Rocha (c)


O dia 25 de Novembro de 2009 entrará para a história como um dia de extrema importância para um autor Cabense e para a dramaturgia Pernambucana. Neste dia estreará a versão Portuguesa do espetáculo AS MALDITAS de autoria de Luiz de Lima Navarro.

Depois de enorme sucesso com a Trupe do Barulho em Recife, AS MALDITAS com produção da IN-SCALA de Lisboa, entrará em temporada no Teatro Tivoli, uma das casas de espetáculos de maior tradição de Portugal. A Direção do espetáculo é do Cabense Jaime Rocha, que morando a cinco anos na Capital Portuguesa, vem se consolidando como a grande revelação do teatro em Portugal. A convite da produção, Luiz Navarro estará embarcando para Lisboa para prestigiar a estréia do espetáculo.

UMA TRAJETÓRIA DE SUCESSOS


Luiz Navarro, agora um dramaturgo internacional.

Atualmente alguns textos de Luiz Navarro estão montados por produtoras pernambucanas, capixabas, cariocas e paulistas.

Quando o sol vem à Janela vem fazendo enorme sucesso no Espírito Santo e uma nova versão tem estréia marcada para janeiro de 2010, em São Paulo. No Rio, O Rei do Lixo continua sua temporada de sucesso, em Recife a Trupe do Barulho defende com muito talento As Criadas Mal Criadas e a Teodora Lins e Silva Cia. De Teatro dá lições de humor com seu MANUAL PRÁTICO DE FELICIDADE.

PORTO INSEGURO

Adonis Diordigues

Venho hoje, sentimento sobre o mar
bandeira içada, branca, qual seus argumentos,
qual o náufrago, sem as rosas-dos-ventos,
perdido em si mesmo, pode ter achar?

Vês que é a dor que a tudo ancora
quando tu cais, a beira do meu porto
que nas águas mansas, só prá teu conforto
é banco de areia que não te deixa ir embora.

Pedaço de terra ao longe, perdida ilha
da submersa atlântica também és filha
e ao meu tesouro, só você escafandra.

Das armadilhas do mar, com a força das quilhas,
sou o que rasga, nesse azul que não sangra,
sou terra, barco à vela numa tela, sou angra.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ENTRE NESSA BRIGA




CAETANO VELOSO chamou, esta semana, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de analfabeto, justificando, assim, o seu voto em Marina Silva e não em Dilma Roussef.

JOSÉ LUIZ DATENA, Jornalista da Band chamou Caetano Veloso de preconceituoso e lembrou que ele (Caetano) “passou anos apoiando Antonio Carlos Magalhães, da Bahia, que não era analfabeto, mas que todo mundo sabe como era e fazia tudo o que era de coisa ruim”

Escreva para blogdeantonino@hotmail.com e dê a sua opinião.

A POESIA ERÓTICA DE MARCUS ACCIOLY


Poeta Marcus Accioly

ÉRATO
(69 poemas eróticos
e uma ode ao vinho)
Rio de Janeiro: José Olympio, 1990
“Prêmio Jorge de Lima”


37

Explorarei teus vales e montanhas
(ó terra transformada) explorarei
(no mais dentro de ti) tuas entranhas
(escavando-te a gruta) gozarei
o prazer que me fere quando arranhas
tuas unhas em mim (ou beberei
nas fendas da vagina o sal que apanhas
do rio de suor que em ti suei)
solo de carne és farto de ti mesmo
(se o teu clitóris se embriaga a esmo
posso não ser a posse (eu sou o estupro)
e onde tu és mulher eu sou um bruto
para que o gozo anão seja gigante


48
R


onde tu estás
como um bicho no cio ou feito um pássaro
masturbando outro pássaro no espelho)
onde em mim não estás? (em tudo és dentro)
se me afasto do tempo estás no espaço
pois não sais dos lugares onde eu entro
(sempre nunca te encontro) muitas vezes
eu atravesso a sombra do teu corpo
como quem cruza um túnel (mexo as fezes
que entre nós dois o coração tem posto)
porém é farta de pecado e suja
que te quero à lembrança que te ama
(que porco eu sou fuçando a tua vulva
cheirando a peixe sobe o mar da cama?)


54
I


‘”por trás o prazer é diferente
do gozo pela frente” (diz) e a boca
suplica (“mais”) ai toda a carne é pouca
para todo o desejo (pela frente é pouca
para todo o desejo (pela frente
o amor no próprio mor se satisfaz)
mas é diverso o coito por detrás
da fêmea (é como os animais copulam)
existe um cio por detrás (um jeito
de pegar os cabelos quando ondulam
suas crinas) que o gozo insatisfeito
precisa de mais gozo para ser
em sua plenitude ou gozar mais
(se uma só vez o amor acontecer
é preciso que seja por detrás)

OFICINA GRÁTIS PARA ATORES


A produção do musical “Meu Caro Amigo” (RJ) – que será visto nesta sexta e sábado, às 20h, no Teatro Apolo – programou uma oficina gratuita de interpretação para atores e estudantes de teatro com alguma experiência de palco, intitulada “Memória e música: estímulos à criação do ator”, no próximo sábado, dia 14 de novembro, das 10 às 17h, no Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife), com intervalo para almoço, ministrada pela dupla de criação do elogiado espetáculo, a diretora Joana Lebreiro e a atriz Kelzy Ecard.

As inscrições, já abertas, podem ser realizadas no teatro ou através do site www.meucaroamigo.com.br (no canto direito do site, ao final, clique em Oficinas. Desconsidere a divulgação na Bahia. Preencha os dados e aguarde contato). São apenas vinte vagas. Maiores informações: 3222 0025 / 9292 1316 com Leidson Ferraz.

Joana Lebreiro é diretora dos bem sucedidos musicais Aquarelas de Ary; Ai, que saudades do Lago!; e Antonio Maria – A noite é uma criança. Kelzy Ecard recentemente foi vencedora do Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho em “Rasga Coração”. Ambas têm sido muito elogiadas pelo musical “Meu Caro Amigo”, concebido a partir da obra de Chico Buarque de Hollanda.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

MALANA – Um momento especial



Acadêmicos da ACL com a modelo Malana

Ainda na tarde/noite de trabalhos da Academia Cabense de Letras na FLIPORTO, aconteceu a visita à feira Literária, numa das dependências do Hotel Armação. Lá, fomos recebidos carinhosamente no estande da Revista Brasileiros, recepcionados pela modelo profissional e sensação da última edição do São Paulo Fashion Week, MALANA.

Mulher negra e de uma beleza cativante, que inclui a sua simpatia e humildade, Malana foi de um carinho imenso com a comitiva da Academia Cabense de Letras e fez questão de se deixar fotografar com todos. A sua vida, exposta em entrevista contida na edição da revista Brasileiros é um exemplo da luta da mulher (negra em especial) para quebrar paradigmas e preconceitos no Brasil. Todos recebemos de brinde um exemplar da Revista com sua entrevista.

A Revista Brasileiros tem um conteúdo excepcional, retratando personagens brasileiros que se destacam em seus campos de atuação. Vale conferir.

CONFIDÊNCIA

Natanael Júnior

Sei das manhãs que se esvaem
inexplicáveis e misteriosas
como a sutileza dos nossos poemas
que nos atordoa e estraçalha
nossos corpos.

Sei dos vômitos que os bêbados
vertiginosamente mutilados
laçados pelos pesares da matéria bruta
contaminam nossas praças
degerando os sonhos e as fantasias.

Sei da mão amiga que apedreja
levianamente nossos passos,
sei da boca que escarra
no ventre transcendental
de nossas manhãs.

Sei da noite e dos versos
que brotam do nosso suor,
sei dos olhares indecifráveis
e do hálito de embriaguez
que paira no silêncio
secreto de nossas confissões.

AINDA NA FLIPORTO



Foto 1: Acadêmicos com o Presidente da APL, Valdênio Porto;
Foto 2: Membros da ACL participando dos debates

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UMA FESTA LITERÁRIA, COM CERTEZA.



Arnaldo Antunes e Silvério Pessoa deram o tom na tarde de sábado.


E a FLIPORTO 2009 chegou ao final. Não podemos falar do evento como um todo, mas estivemos lá, no dia 7, sábado, com os nossos acadêmicos, participando do Congresso Literário, brilhantemente coordenado pelo escritor Mário Hélio, nosso confrade na Academia Cabense de Letras.

Foi um desfile de celebridades, não naquele sentido menor de estar em evidência pelos flashes da mídia massificadora, mas, no sentido maior de expressar o que há de melhor em produção literária. Participar, então, da Mesa de Debates com Silvério Pessoa e Arnaldo Antunes (Poesia e Música: dos Trovadores às Tribos da MPB) foi enriquecedor por demais, constatando a seriedade da produção de Arnaldo e a profundidade e leveza dos trabalhos de pesquisa realizadas por Silvério Pessoa, aqui e fora do Brasil.

Seu estudo sobre a realidade occitante, com suas nuances e riquezas culturais foi um banho de civilização que todos tomamos. O paralelo que Silvério conseguiu traçar entre a cultura nordestina do Brasil e a região francesa occitante foi algo que prendeu as atenções e maravilhou a todos no Centro de Convenções do Hotel Armação.

Logo após, foi a vez de Luiz Costa Lima, Kathrin Rosenfield e Sílvio Roberto de Oliveira debaterem um dos temas mais intrigantes e instigantes do congresso: Diálogos de literatura, história e jornalismo: guerras, revoltas e exílio.

Ainda na nossa programação, encerramos a tarde e entramos pela noite num encontro mais íntimo, da Academia Cabense de Letras, na Pousada EcoPorto, já com a participação do doutor e escritor Milton Lins, da Academia Pernambucana de Letras e, também, membro da Academia Cabense de Letras. No encontro, estiveram presentes: Antonino Oliveira Júnior, João Sávio Saraiva, Nelino Azevedo, Vera Rocha, Jairo Lima, Ivan Marinho e Milton Lins.

Em Porto de Galinha tivemos um momento dos mais interessantes com o escritor e médico Valdênio Porto, Presidente da Academia Pernambucana de Letras, surgindo os primeiros sinais de futuros trabalhos em parceria entre as duas Academias.

Só letras de pedra


Publicado por Mário Hélio em 31 Out 2009 | sob: Artigos

Ele era magro. Mas não parecia sempre de perfil, como na descrição de Vargas Llosa para o Conselheiro. Era guenzo como os sobrados-severinos do Recife, como os tantos rios de Pernambuco que parecem estar por um fio. E/reto. Nem alto nem baixo.

Fugiu da poesia como o diabo do lirismo. Não houve jeito. Enredou-se nela. E a fez. Como quis. Arquitetura. Engenharia. Pintura. E música? A palo seco. Como o seu nome comprido/cadenciado em pedra, em sucessões aboiadas em ós e ás e és: João Cabral de Melo Neto.

De tanto se criticar e reelaborar tudo o que construía, projetava, pintava com palavras até parece o Heautontimoroumenos (o carrasco de si mesmo) de Terêncio.
Tudo o que escreveu foi pensando-o como “cosa mentale”. Não admira que uma dor de cabeça o haja perseguido – obsessivamente – por quase toda a vida. Muito jovem ingressou na carreira diplomática. Ganhou – perdeu – o mundo; perdeu – ganhou – a sua província para sempre como visgo na memória.

1920. Nasceu no Recife, cidade cheia de vaidades e pudores como logo notaram e espelharam seus primos i-lustres Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.

Pelos vinte anos, a sua poesia floresceu (floresceu? Como as flores meio apodrecidas de Baudelaire e as suas antiodes). Pedra do sono, Os três mal amados e O engenheiro são seus três primeiros livros. Meio afrancesados num tempo em que a vida literária brasileira era pouco mais do que isso. Mas veio a poesia com um cerebralismo mais à Valéry que à Mallarmé (apesar deste constar primeiro como epígrafe). Embora haja muita coisa “datada” ali, o que escreveu nesse tempo já insinuava a beleza árida que por fim vai marcá-lo.

A Espanha o redefine. Na verdade, o define. Psicologia da composição, O cão sem plumas, O rio são degraus já muito sólidos do seu antilirismo, pleno de emoção (na verdade, prenhe de uma tensão de corda a ponto de arrebentar-se; represa que já não cabe em si de tão grávida).

Isso se enriquece e se concretiza ainda mais em Paisagens com figuras, Morte e vida severina e Uma faca só lâmina. É a Espanha com seus touros e cantaores que lhe transplanta a voz e enche a sua boca de pedras e substitui seus ossos por facas. A voz e os ossos da poesia com fôlego de fogo em Quaderna, Dois parlamentos, Serial.

Política, metalinguagem, erotismo, humor – palavras-chaves de sua poesia. Pode-se ainda soletrar de cor os nomes dos seus outros livros: A Educação pela pedra, Museu de tudo, A escola das facas, Auto do frade, Agrestes, Crime na calle Relator, Sevilha andando e Andando Sevilha.

Qual o seu melhor livro? As massas (se é que as há para a poesia, como desconfiava Maiakovski) verão na secura de Morte e vida severina o seu biscoito mais fino. A crítica talvez diga que é A educação pela pedra. Cada um dirá do seu. Em todos os melhores, de algum jeito, respiram aquela Espanha-Pernambuco e aquele Pernambuco-Espanha que como os rios Capibaribe e Guadalquivir integram a mesma “maçonaria”, pois, ele, que se propunha tão no extremo do anticonfessional, certa vez confidenciou em versos:

“Só duas coisas conseguiram/ (des)feri-lo até a poesia:/ o Pernambuco de onde veio/e o aonde foi, a Andaluzia./ Um, o vacinou do falar rico/ e deu-lhe a outra, fêmea e viva,/ desafio demente: em verso/ dar a ver Sertão e Sevilha.”

VIA FRANCA

Zeca Plech

Vejo pleno de luz o meu caminho,
trilha fatal que leva a eternidade,
graças a mão do paternal carinho
externação da Máxima bondade.

Da vida, penetrei no burburinho,
gozei como devia a mocidade,
porém do mundo opíparo ou mesquinho,
não conservo resquícios de saudade.

Despeço-me da terra na certeza
de penetrar no Reino da Beleza,
daquela que não murcha nem fenece,

deixando para os filhos minha benção,
perdão para os que ódio me dispensam
e à humanidade o estímulo da prece.

Soneto Escrito 30 dias antes de sua morte.

sábado, 7 de novembro de 2009

NOTÍCIAS DA ACL

A ACADEMIA CABENSE DE LETRAS se reúne hoje, a partir das 14 horas, em Porto de Galinhas, num dos espaços onde acontece a FLIPORTO. Aliás, a coordenação literária da Festa Literária de Porto de Galinhas é do escritor Mário Hélio, membro da Academia Cabense de Letras.

A capa do novo Livro de Antonino Oliveira Júnior, 40 ANOS DE ELEIÇÕES - batalhas vividas em tempo real, é assinada por Breno Gouveia.

Músicas de Chico Buarque inspiram espetáculo carioca que chega ao Recife


Leidson Ferraz


Meu Caro Amigo”, da Ativa Produções (RJ), fará duas apresentações imperdíveis no Recife, dias 13 e 14 de novembro (sexta e sábado), às 20h, no Teatro Apolo, com ingressos bem populares, a R$ 10 e R$ 5 (artistas, estudantes, professores e maiores de 65 anos), por conta do patrocínio da Petrobras. Com direção de Joana Lebreiro, texto de Felipe Barenco, e interpretação solo da elogiada atriz Kelzy Ecard, o espetáculo é inspirado na obra de Chico Buarque. Produção local: Paulo de Castro Produções Artísticas.

Em cena, uma comovente declaração de amor a um de nossos maiores compositores, sob direção musical de Marcelo Alonso Neves. “Meu Caro Amigo” conta a trajetória da cinqüentona Norma, uma fã ardorosa de Chico Buarque, professora de História do Brasil, que viveu a segunda metade do século XX de forma intensa e apaixonada. Embalada e inspirada pelas canções dele, Norma resolve declarar seu amor de fã publicamente, compartilhando suas memórias com o público.

TALENTO



DIVA, por Natália Brandão

Ponto de Cultura de Pontezinha promove oficina, exibição de vídeos e sambada de coco


Tereza Soares

Neste sábado, 07 de novembro, em Pontezinha, no Cabo de Santo Agostinho, o Ponto de Cultura daquela comunidade estará realizando junto aos moradores, mestres, griôs, equipe e a criançada, o projeto de formação Oficinas com os Mestres, às 14h30, no Palanque do Coco.

No mesmo dia, o Cineclube Cocada, exibirá às 19h, dois vídeos de produção própria do Centro Cultural Farol da Vila, intitulados ‘Catálogo Cultural Ruínas e Monumentos’ (2002) e o recém documentário produzido das Oficinas Coco de Pontezinha (Novas Turmas 2008-2009), além do vídeo do Cinema de Animação, com direção de Lula Gonzaga, intitulado Desenhando Culturas.

Á noite, às 20h, a festa continua tendo como carro chefe, o samba de coco. Os grupos Coco do Mestre Dié, Índio Matinho e Mestres do Coco de Pontezinha conduzirão a sambada, levando animação espontânea à antiga Vila de Operários. A organização é do produtor cultural Marcos Moraes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

EVENTO ALTERNATIVO


HOJE TEM



21 horas, na FENOC Espaço Asa Branca (Cabo), o show de Geraldinho Lins. A FENOC acontece até este sábado e reúne estandes de diversas empresas instaladas no Cabo de Santo Agostinho. É uma Feira de Negócios, que se consolida a cada ano e é uma iniiciativa da ACEC

FLIPORTO A TODO VAPOR


Mário Hélio, Antonio Campos e Eduardo Cortes comandam a Fliporto

A Festa Literária de Porto de Galinhas (FLIPORTO) entra no seu segundo dia a todo vapor, com o tema "Literatura Ibero-Americana", com a participação de escritores brasileiros e de outros países, a exemplo de Portugal e Espanha.

A FLIPORTO 2009 homenageia o poeta João Cabral de Melo Neto e os preços para acesso aos eventos é diferenciado: Para uma palestra´, R$ 5,00; para as atividades do dia inteiro, R$ 15,00; para todos os dias, R$ 50,00.

A coordenação geral do evento é de Antonio Campos, a produção executiva é de Eduardo Cortes, enquanto a coordenação literária está a cargo do escritor e membro da Academia Cabense de Letras, Mário Hélio.

ESTAÇÕES DE TI

Frederico Menezes


Tu estavas na primavera, quando minha música enalteceu as flores. O lépido roçar das asas do colibri recordava-me a suave onda de tua voz.

Era ainda outono e a brisa arrancava as folhas do arvoredo, como tua saudade arranca-me lágrimas e tu estavas no vento frio, anoitecendo o dia, fazendo nostalgia.

Fazia-se inverno e nele estavam os teus olhos, tristes como as nuvens de chuva ou como a gazela ferida... e a sombra do pranto entornava sobre mim a dor.

Mas quando brotar o verão, o sol de tua presença largará pela estrada tua longa ausência e ali estará a nova primavera, em festival de música, na luminosa apologia do amor.

SE QUERES SABER

Tereza Helena

Se queres saber o que sinto
Desprende-te de qualquer olhar mundano
Chega perto com humildade
Prá encontrar o ângulo certo de me ver

Se queres saber o que sinto
Observa o estremecimento que tua voz me provoca
Atenta para o desejo meu da tua boca
Acalma-te para o prazer do nosso encontro

Se queres saber o que sinto
Dispõe-te a me escutar com todos os sentidos
Aprende a saborear a fruta inteira
Vomita logo estas palavras desesperadas

Se queres saber o que sinto
Encontra-te comigo em pensamento
Atravessa-me com teus olhos ciganos
Ouve a minha música de sereia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

UM GRANDE EVENTO

TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM

Uma iniciativa do Blog em parceria com o Centro Cultural Casa da Memória, resgatará valores literários do município, tornando conhecidos grandes poetas que nasceram e viveram em nossas ruas, em nossos becos, em nossos engenhos. A partir de 26 de novembro, sempre nas sextas-feiras, colocaremos ao alcance da população a história e a poesia dos nossos ícones literários que já se foram.

Tudo isto só será possível com a utilização de parte do acervo da Casa da Memória do Cabo, um projeto iniciado em 1986 e ainda não materializado em nossa cidade. O primeiro homenageado será Theo Silva, poeta, músico, compositor e boêmio. Theo, assim chamado pelos amigos da época, deixou uma vida e uma obra cheias de adornos polêmicos e encerra um de seus mais belos poemas, de forma provocante, assim:

Sofre, como eu, a ventura desse bem,
Jesus também amou a Maria Madalena,
Sofreu mais do que nós dois
E nunca disse nada a ninguém.

Trecho do poema “Conselho” (1937)

A seguir, serão homenageados: Celina de Holanda, Zeca Plech, Jedaías Santos, Gabriel Dourado, Paulo Cultura, Seu Tune e outros.

TOADAS DE PERNAMBUCO NO TEATRO GAUARARAPES


Toadas de Pernambuco, hoje no Guararapes

É hoje, no Teatro Guararapes , no Centro de Convenções, a partir das 13 horas, a apresentação do Grupo TOADAS DE PERNAMBUCO, nascido aqui no Cabo de Santo Agostinho.

Toadas de Pernambuco apresenta o seu mais novo trabalho, intitulado “Coco de Toadas”. Com certeza será um show inesquecível, pois se trata de um dos valores da nossa cultura popular. Um grupo de jovens talentosos enveredou pelo cainho da música que retrata a realidade nordestina.

FLIPORTO COMEÇA HOJE



Tem início hoje e vai até domingo, dia 8, a quinta edição da Festa Literária de Porto de Galinha, a FLIPORTO. Serão quatro dias de intensa programação, com exposições, feira de livros, debates e palestras sobre temas ligados à literatura.

A Festa Literária de Porto de Galinhas homenageia, este ano, o poeta João Cabral de Melo Neto.

Este ano a FLIPORTO terá uma programação mais enxuta, com a participação de cerca de 50 escritores, do Brasil e outros países, como Portugal e Espanha, mas existe a garantia da qualidade que sempre marcou o evento desde a sua primeira versão.

“A descentralização do evento e o enriquecimento das discussões literárias com mais de 100 escritores foram extremamente importantes, mas notamos que ao enxugar o número de participantes, também evitamos a pulverização do público que enfrenta o dilema em ter que escolher quais as palestras que irá prestigiar”, revela o coordenador geral do evento, Antônio Campos.

ACL em Porto


No sábado, dia 7, à tarde, em Porto de Galinhas, a Academia Cabense de Letras fará sua reunião ordinária, marcada inicialmente para a sexta-feira, dia 6, no prédio da Maçonaria do Cabo de Santo Agostinho. Os Acadêmicos atenderam a sugestão de Mário Hélio, também membro da ACL e Curador de Literatura da FLIPORTO, para que o encontro fosse realizado em Porto de Galinhas.

EXPLÍCITO

Nelino Azevedo

O vinho tinto que transborda
Da taça que é minh’alma
Verte-se em tinta e
Picha minha calma
Anunciando segredos
Escritos no muro
Que é minha cara
Encobre meus medos e
Afasta os fantasmas
Que me habitam e me afogam
Nas horas serenas e doentias
Em que não tenho o sabor púrpuro
Do líquido que me embriaga.

*Nelino Azevedo é membro da Academia Cabense de Letras

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

LEITE DERRAMADO


Chico Buarque quebra o silêncio e fala em mais um clássico da literatura.



Leyla Perrone

Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.
É espantoso como tantas personagens conseguem vida própria em tão pouco espaço textual. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.


Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos. A visão que o autor nos oferece da sociedade brasileira é extremamente pessimista: compadrios, preconceitos de classe e de raça, machismo, oportunismo, corrupção, destruição da natureza, delinquência.

A saga familiar marcada pela decadência é um gênero consagrado no romance ocidental moderno. A primeira originalidade deste livro, com relação ao gênero, é sua brevidade. As sagas familiares são geralmente espraiadas em vários volumes; aqui, ela se concentra em 200 páginas. Outra originalidade é sua estrutura narrativa. A ordem lógica e cronológica habitual do gênero é embaralhada, por se tratar de uma memória desfalecente, repetitiva mas contraditória, obsessiva mas esburacada.

O texto é construído de maneira primorosa, no plano narrativo como no plano do estilo. A fala desarticulada do ancião, ao mesmo tempo que preenche uma função de verossimilhança, cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não-ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.

Em suas leves variantes, as lembranças obsessivas revelam sutilezas ideológicas e psíquicas. E, como essas lembranças têm forte componente plástico, criam imagens fascinantes. É o caso do “vestido azul” comprado pelo pai para a amante, objeto de alta concentração significante. Esse objeto se expande, no nível da narrativa, como índice de elucidação da intriga, no nível fantasmático, como obsessão repetitiva do filho, e no nível sociológico, como ilustração dos usos e costumes de uma classe. Tudo, neste texto, é conciso e preciso. Como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo.

Há também um jogo com os espaços onde ocorrem os acontecimentos narrados. As várias casas em que o narrador morou, como as décadas acumuladas em suas lembranças, se sobrepõem e se revezam. Recolocá-las em ordem cronológica é assistir a uma derrocada pessoal e coletiva: o chalé de Copacabana, “longínquo areal” dos anos 20, é substituído por um apartamento num edifício construído atrás de seu terreno; esse apartamento é trocado por outro, menor, na Tijuca; o palacete familiar de Botafogo, vendido, torna-se estacionamento de embaixada; a fazenda da infância, na “raiz da serra”, transforma-se em favela, com um barulhento templo evangélico no local da velha igreja outrora consagrada pelo bispo. Embaixo da última morada do narrador, nesse “endereço de gente desclassificada”, está o antigo cemitério onde jaz seu avô.
Percorre todo o texto, como um baixo contínuo, a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu “olhar em pingue-pongue”, suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Os preconceitos e o ciúme doentio do homem barram a realização plena da mulher e levam-na a um triste fim, que, por não ter nem a certeza nem a teatralidade dos desfechos de uma Emma Bovary ou de uma Ana Karênina, tem a pungência de um desastre. Embora vista de forma indireta e em breves flashes, Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível.
O fato de nem no fim da vida o homem compreender e aceitar o que aconteceu torna seu drama ainda mais lamentável. Os enganos ocasionados por seu ciúme são tragicômicos, e o escritor os expõe com uma acuidade psicológica que podemos, sem exagero, qualificar de proustiana.

Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, também se sustentam como personagens consistentes: o arrogante engenheiro francês Dubosc, que a tudo reage com um “merde alors”; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, “toca” piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias.

EU VI

Vera Rocha

Eu vi um país quedar-se em descrença
Tal qual árvore gigante ao golpe de machado.

Eu vi grossas lágrimas rolarem
No rosto de seres famintos,
Tal qual água nas cachoeiras.

Eu vi um pai desolado, amargurado,
Revoltado, desempregado...
Igual a milhares em romaria.

Eu vi uma mãe esquálida de peitos
Em pele, sem leite para amamentar
Seu rebento que gemia,
Tal qual o seio de um rio estorricado
Pela seca impiedosa.

Eu vi um pivete arrancar
A carteira de um cidadão,
Tal qual homens de poder
Arrancam da sociedade a esperança
E a ilusão.

INDEPENDÊNCIA OU MORTE


Ivan Marinho


Meu povo

Deixai de ser meu