sábado, 2 de janeiro de 2010

TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM


MANEZINHO ARAÚJO

Nasceu na cidade do Cabo, Pernambuco, no dia 27 de setembro de 1910. Mas, foi em Casa Amarela, bairro de Recife, que aprendeu a embolar, com o artista popular Minona, apelido de Severino de Figueiredo Carneiro.
Em 1930 deixou o nordeste e seguiu para o Rio de Janeiro, compondo o batalhão do exército que seguia do Nordeste para o sudeste, após estourar a Revolução de 30. No navio conheceu artistas como Carmen Miranda, Almirante e outros, e como ele já costumava fazer embolada para os companheiros de quartel, logo tomou as ruas do Rio de Janeiro e, com muita competência, tornou-se o rei da embolada no Brasil.
O TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM continua cumprindo o seu papel de mostrar ao mundo virtual a riqueza da poesia do Cabo de Santo Agostinho
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CUMA É O NOME DELE?
Manezinho Araújo

Cumá é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Vi um sujeito
Discutindo co´a mulhé
E pensem lá o que quisé
Mas direito é que eu não acho
É que por cima
Pouca roupa ela usava
Além disso não gostava
De usar roupa por baixo

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Antigamente
Quando a gente se beijava
Num instante se separava
Pois o beijo não ilude
Mas hoje um moço
Quando beija a namorada
Fica de boca grudada
Parece que leva grude

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

De uma moça
Uma perna beliscando
Eu fiquei foi suspirando
Disso nunca a gente acha
Mas de momento
Essa moça com bondade
Foi dizendo: " É a vontade,
Minha perna é de borracha."

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Fui convidade pr´uma festa de rigô
Onde a gente de valô
Ia toda encasacada
A minha sogra pra bancá a saliente
Levou roupa só na frente
Mas atrás não tinha nada

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano

PRÁ ONDE VAI, VALENTE?
Manezinho Araújo

Pra onde vai, valente?

Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente,

Tava na feira
C'a pistola e um cravinote
0 muleque deu um pinote
Me chamou mode brigá.

Pego no meu punhá
Enfio a faca, o sangue pula
Moleque você não bula
Com Mané do Arraiá.

Veio um sordado
C'um boné arrevirado
Com dois oio abuticado
Que só cachorro do má.

Botou-me a mão
Home, me disse, você tá preso
E eu fiquei c'um braço teso
Na cara lhe quis passá.

Pra vadiá
Eu sou caboco bom na briga
Mas só gosto da intriga
Quando encontro especiá.

Dedo do Cão
Moleque bom no gatilho
Se coçou, eu vi o brilho
Atirou pra me pegá.

Ele me atira
Eu me abaixo e a bala passa
E fico achando graça
Do baque que a bala dá.

Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente.

COMO TEM ZÉ NA PARAÍBA -

Vixe como tem Zé
Zé de baixo, Zé de riba
Me desconjuro com tanto Zé
Como tem Zé lá na Paraíba

Lá na feira é só Zé que faz fervura
Tem mais Zé do que coco catolé
Só de Zé tem uns cem na prefeitura
Outros cem no comércio tem de Zé

Tanto Zé desse jeito é um estrago
Eu só sei que tem Zé de dar com pé
Faz lembrar a gagueira de um gago
Que aqui se danou a dizer Zé

Num forró que eu fui em Cajazeira
O cacete cantou e fez banzé
Pois um bebo no meio da bebedeira
Falou mal e xingou a mãe d'um Zé

Como tinha só Zé nesse zum-zum
Houve logo tamanho rapapé
Mãe de Zé era a mãe de cada um
No salão brigou tudo que era Zé

É Zé João, Zé Pilão e Zé Maleta
Zé Negão, Zé da Cota, Zé Quelé
Todo mundo só tem uma receita
Quando quer ter um filho só tem Zé

E com essa franqueza que eu uso
Eu repito e se zangue quem quiser
Tanto Zé desse jeito é um abuso
Mas o diabo é que eu me chamo Zé

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