segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
BARROQUILHAS*
Ivan Marinho
Nas madrugadas insones
Sinto o tropel de chegada,
Sem ordem, desarrumadas,
De palavras, letras, nomes.
Balançam, saltam, deslocam
Sem ritmo ou direção
E da inquietação
Algo parece que evocam.
Todas de tanto maduras
Encontram-se a se encaixar,
Como que a despertar
Do sonho que se inaugura.
Então se cruza o ensejo
Com o anseio ancestral,
Nivelando ao animal
O instintivo desejo.
E preterindo o futuro,
Faz da noite a luz do dia
E a esfera, por magia,
Amolece o papel duro.
Pois o papel do poeta
É deixar claro o escuro
*Primeiro lugar no Festival Jaci Bezerra de Poesia,
do Centro de Estudos Superiores de Maceió
Ivan Marinho é membro da Academia Cabense de Letras
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