sexta-feira, 10 de setembro de 2010

SE NÃO TIVESSE AMIGOS



Erivaldo Alves*

(Homenagem ao meu amigo Daniel Xavier, presidente da Associação das Pessoas com Deficiência de Ponte dos Carvalhos).
Marcos 2.1-12
“Sem amigos, ninguém gostaria de viver, mesmo que possuísse todas as coisas da vida”
Aristóteles

Imagine como devia ser a vida de um homem paralítico no mundo antigo! O tempo todo deitado em uma maca medindo 90 x 180 cm. Dependendo dos outros para tudo – beber, vestir, comer, tomar banho, conduzi-lo... Sem conhecer o que significa ser independente, uma condição que todos nós prezamos muito. Ele sonha que tem um corpo perfeito. Mas é só um sonho. Sem emprego, sem dinheiro, sem influência.
Acontece que ele tinha algo em seu favor: Tinha quatro amigos. Excelentes amigos! Verdadeiros amigos. Sua história existe por causa desses amigos extraordinários. Não teria se aproximado de Jesus, jamais teria sido curado, jamais teria recebido perdão, não fossem os amigos.

ELE NÃO SE ISOLOU, MAS BUSCOU VIVER SUA DOR NA COMUNIDADE.

Em razão de sua condição física, não era fácil ter amigos. Sua etiqueta declarava: “Mercadoria com defeito.” Imagine que pessoas tidas como normais têm dificuldade de ter amigos verdadeiros, quanto mais pessoas com deficiências físicas!
Na antiguidade, a coisa era muito mais difícil para aqueles que tinham algum tipo de deficiência ou condicionamento físico ou mental.

Os gregos defendiam a eliminação de recém nascidos com algum tipo de anomalia física. Segundo Aristóteles, “Deve haver alguma lei que impeça que as crianças deformadas sobrevivam”.

Os romanos, no século V a.C., legislavam sobre o assunto da seguinte maneira: “Matar rapidamente uma criança deformada”.

Os judeus atribuíam ao pecado, o fato da deficiência.

Hoje apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas por quem tem alguma deficiência, existem respeito e direitos que foram adquiridos através da mobilização de entidades representativas.

Os amigos daquele paralítico se reuniam com ele todos os dias para: Cantar-orar-adorar a Deus comer estudar. Não é de admirar que fossem tão unidos! Alguém já disse que “as pessoas sábias não têm pressa quando o assunto é amizade”.

Talvez a maior barreira que a maioria de nós tem para ter um relacionamento mais intenso com as outras pessoas seja simplesmente o ritmo de nossa vida. Não precisamos ter pressa para ouvir. Não podemos ter pressa para chorar. Não temos que ter pressa para carregar a maca de alguém.

ELE TINHA UMA MACA

Necessitava de alguém que o carregasse (isso era muito constrangedor). As pessoas o viam e sentiam sua fragilidade,suasfraquezas. Cada um de nós tem uma maca e precisamos de alguém que nos ajude a carregar -
• É um temperamento difícil de ser controlado,
• É a incapacidade de construir relacionamentos duradouros,
• É o medo de que as pessoas te conheçam com tu és verdadeiramente,
• É a desconfiança nas pessoas,
• É a mentira,
• É baixa auto-estima (por se achar incapaz, feio, solitário),
• É o descontrole financeiro.

Com quem você pode contar para carregar a maca? Você deixa transparecer para seus amigos suas fraquezas e lutas interiores? Você pede a alguém que ore por você e diz pelo que orar? Quem tem permissão para ver suas fragilidades e mesmo assim tê-lo como amigo? Se você deseja ter amizades, não pode ser sempre à parte mais forte. Às vezes, terá de permitir que alguém carregue sua maca.

ELE TINHA AMIGOS DEMOLIDORES DE TELHADOS

Jesus chega a cidade dele. Seus amigos ficam sabendo. Um deles diz: “Não podemos ir até lá sozinhos. Temos que levar nosso amigo. Ele ficará muito contente. Talvez Jesus possa curar nosso amigo. Vamos levá-lo”! Mas atrasaram... Ao chegarem ao local da reunião, o salão estava totalmente repleto de pessoas e não havia mais lugar nem mesmo à porta. Acontece que seus amigos não desistem e têm uma idéia arriscada: “Vamos arrombar o telhado e apresentá-lo a Jesus”. E assim fizeram. Desceram o paralítico e o Senhor elogiou a fé daqueles homens e também curou o paralítico. Se não fossem os amigos, aquele paralítico não teria se aproximado de Jesus e consequentemente não teria sido curado.

*Erivaldo Alves é Pastor da Igreja Batista da Cohab e membro da Academia Cabense de Letras

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