quarta-feira, 8 de setembro de 2010

HÁ TRINTA E TRÊS ANOS...



A cidade ainda curtia a ressaca do desfile cívico do 7 de setembro. O 8 de setembro de 1977 amanhecia calmo, sol aberto e o povo retomando a sua rotina de trabalho, em especial, o comércio, as indústrias e os serviços públicos. Às 8 e 30 os artistas do teatro cabense começavam a chegar ao local de encontro, em frente ao Ginásio Industrial (hoje Escola Epitácio Pessoa), para partir em passeata pelas ruas da cidade, denunciando o descaso com a cultura no município e a falta de apoio ao teatro. Era um protesto contra o governo municipal da época, mas, contrariou as normas do governo Federal, que proibia passeatas. Eram os tempos de chumbo, com o Brasil sendo governado sob a ditadura militar.

Pssava um pouco das nove horas quando partimos, duas dezenas de atores, pelas ruas da cidade, carregando uma faixa em murim, distribuindo uma carta aberta à população e empunhando a bandeira de um movimento que apenas exigia respeito e apoio à cultura.Todos foram presos, a pedido do prefeito de então. E a cidade entrou em estado de ebulição e as famílias corriam para a frente da Delegacia local para pressionar a polícia e tentar soltar os atores encarcerados. A imprensa estadual começou a destacar o fato e a Assembléia Legislativa parou para debater a prisão dos jovens atores cabenses.

No final, a pressão popular e o trabalho dos políticos de oposição e da imprensa evitaram o pior, que seria a remoção dos jovens atores para o DOPS, a temível Delegacia de repressão, que tratava a oposição como permanente ameaça.

Como se vê, não é coisa de agora a luta pelo apoio à cultura. O teatro cabense começava a firmar seu nome no cenário pernambucano e nacional. Daí em diante, gerações se sucederam, até chegar ao que hoje se apresenta nos palcos daqui e de fora. A história registra a coragem e a determinação do movimento teatral cabense da época, além de seu compromisso com o fazer teatral e com as liberdades democráticas.

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