Antonino Oliveira Júnior
Muitas vezes, quem defende a cultura popular não consegue se fazer entendido. Acham logo que a gente quer acabar com os eventos da cidade e é contra os "bregas" jogados na cabeça do povo, em especial, os jovens. E aí, acertam, pois sou mesmo um inimigo da música sem qualidade que se espalhou Brasil afora. Mas, quanto aos eventos, existem uns e outros. É bom a gente ver o povo tendo a oportunidade de assistir alguns artistas cujo show se paga caro para entrar, mas, promover e/ou apoiar os eventos que primam pela cultura popular e pela manutenção de nossos brincantes é dever governamental, uma vez que, por si só, o artista popular não consegue tocar a sua obra, pois divide seu tempo entre cortar cana, levantar prédios, faxinar e ser artista ou brincante.
Tomar atitudes assim é uma questão de decisão política (canso de falar isso) e, ainda, de concepção de governo, que, às vezes, até tem em seu corpo quem pensa assim, mas o (ou a?) cabeça não consegue pensar nessa direção. Na vizinha Jaboatão dos Guararapes aconteceu este ano a primeira Festa da Pitomba diferente, com as manifestações da cultura popular derramando cores e ritmos morro abaixo. Pode não ter tido ainda um publico formado por milhares de pessoas se abrrotando em frente à poluição das músicas desqualificadas e desqualificantes, mas aconteceu de forma diferente, inclusive, sem violência. Foi um passo primeiro rumo a um processo de requalificação da cultura naquele município.
Aqui, em nosso querido Cabo de Santo Agostinho, alguma coisa pode ser feita. Se o governo municipal não "puxa" o povo nessa direção, juntem-se povo, brincantes e artistas e tentem "puxar" o governo para este caminho. A Festa da Lavadeira pode ser o primeiro passo. É preciso criar um foco de resistência à especulação que ignora a cultura do povo. Que venham os ricos e milionários (não confundir com Milionário e Zé Rico), mas, que fique a Lavadeira, o maior evento, a maior mostra, a maior concentração de manifestações de cultura popular do Brasil, não tenho dúvidas.
Tenho certeza que não fará mal aos narizes dos donos das mansões e hóspedes dos grandes resorts, respirar, uma vez no ano, os ares que mantém vivos os nossos brincantes , a identidade do nosso povo.
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