Às vésperas da Conferência Municipal de Cultura do Cabo de Santo Agostinho, quando, inclusive, haverá a posse do reativado Conselho Municipal de Cultura, expomos nosso ponto de vista sobre o assunto: É de se esperar, como já falei neste espaço, uma Conferência aberta e democrática o suficiente para que os artistas, produtores culturais e intelectuais se manifestem, através dos Delegados, as suas inquietações e insatisfações, além, claro, de apresentar sugestões que possam contribuir definitivamente para a construção de uma política pública de cultura para o município, uma vez que, até o momento, o governo municipal tem se limitado à realização de eventos e pequenas intervenções pontuais, que no final nada ou quase nada deixam para a cultura local. Não faltam idéias, não faltam artistas, não faltam produtores, não faltam intelectuais. O que falta, afinal?
Simples, cultura é decisão política, ainda que entendamos ser normal que a cultura não tenha o maior orçamento de uma administração. Mas, a decisão política passa, fundamentalmente, pelo respeito ao orçamento, aos artistas e ao povo. Respeito ao orçamento, na medida em que dá força aos gestores da cultura no sentido de que os recursos financeiros alocados sirvam para um investimento na própria cultura, lembrando que não adianta destinar no orçamento 1 milhão de reais para a pasta da cultura se desse montante sairão 300 mil para o carnaval, 300 mil para o São João e 300 mil para a festa da juventude, além de atender às festas religiosas com seu intenso calendário. A cultura precisa de um orçamento real, fora dessa sangria que os eventos de massa promovem, o que pode ser encarado como o primeiro passo de respeito à cultura. Depois, o respeito ao artista, investindo na sua capacitação e no atendimento aos seus projetos, de forma respeitosa e sem achar que está fazendo um grande favor a ele, tendo a compreensão exata de sua importância como agente comunitário e de cidadania. E, finalmente, respeito ao povo, e, aí, temos que ter do gestor municipal, no caso, o prefeito, a consciência de que a cultura é o DNA da cidadania e que fortalecendo as manifestações culturais (não confundir com os eventos) estará trabalhando na preservação da identidade do povo. Quanto ao Conselho Municipal de Cultura, esse não pode ser um objeto de decoração e muito menos deve se deixar manipular. Não deve e nem tem porque ser oposição ao governo, mas, deve se impor como órgão representativo dos diversos seguimentos culturais da cidade. Aos nossos gestores um alerta: manipular um Conselho de Cultura é assinar um recibo de má intenção para com as raízes, a história e a identidade do povo.
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