quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CHICO BUARQUE



Morte e Vida Severina
Chico Buarque


Esta cova em que estás, com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo, te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas à terra dada nao se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
(É a terra que querias ver dividida)
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas à terra dada nao se abre a boca

A RESISTÊNCIA DA ACTA



Muito legal saber que a Associação Cabense de Teatro Amador - ACTA -, de tantas histórias e de tanta resistência cultural, consegue reagir e já ensaia novos vôos, reunindo os grupos locais e planejando ações para o ano de 2010. Criada em setembro de 1977, mas, registrada oficialmente no início da década de 80, a ACTA é um símbolo indestrutível do teatro cabense e da região.

A RESISTÊNCIA DE ZUMBI


Selma Vasconcelos

Nosso destino de pedra
nossos braços de foice
irmãos de sangue da selva
filhos espessos da noite
de trilhos nos servirão
pelo oasis do mato.

Nossas raízes guerreiras
fincadas aqui estão
que nos venham arrancar
do profundo desse chão
nas armas adestraremos
todos nossos irmãos
somos parceiros da morte
mas nunca da servidão

O mato de novo acolhe
dos seus filhos os mais nobres.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

XVI JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS



Homenagem aos
160 anos do Teatro de Santa Isabel
e a Joacir Castro


P R O G R A M A Ç Ã O
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Recife

Intervenções Urbanas

Olinda

Projetos Sociais

Atividades Extras
:: Leituras Dramáticas
:: Debates sobre os Espetáculos
:: Oficinas
:: Lançamentos
:: Conclusão de Oficina
:: Exposição
:: Seminário
:: Avaliação do 16º JGE

Realização: Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (APACEPE)

Detalhes completos no site www.janeirodegrandesespetaculos.com ou (81) 3082 2830.

PROGRAMAÇÃO

Abertura Oficial - Dia 06 – quarta / 19h / Teatro de Santa Isabel
O Grande Inquisidor (Paulo de Castro Produções) - Dia 06 - quarta / 20h / R$ 15 e R$ 7,50 / Teatro de Santa Isabel

Dido e Eneas (Musicata Cia. de Arte & Departamento de Música da UFPE) - Dia 07 - quinta / 20h e dia 08 - sexta / 21h / R$ 30 e R$ 15 / Teatro de Santa Isabel

Greta Garbo Quem Diria... (Produtores Independentes) - Dias 08 e 09 - sexta e sábado / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Apolo

Histórias de Além-Mar (Remo Produções Artísticas & Teatro Munganga) - Dia 9 - sábado / 17h / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro Hermilo Borba Filho
5 Minutos Para Blackout (Acupe Grupo de Dança) - Dia 09 - sábado / 21h / R$ 15 e R$ 7,50 / Teatro de Santa Isabel

Sonho de Primavera (Chocolate Produções Artísticas) - Dias 10, 17, 24 e 31 - domingos / 10h / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro do Parque
Pinóquio e Suas Desventuras (Cênicas Companhia de Repertório) - Dia 10 - domingo / 16h30 / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel
FRIDA KAHLO viva la vida (Compañia de Uruguay / Uruguai) - Dias 10 e 11 - domingo e segunda / 19h / R$ 30 e R$ 15 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

Sons da África (Balé de Cultura Negra do Recife – Bacnaré) - Dia 12 - terça / 20h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel

Teresa e o Aquário (Cia. Espaço em BRANCO / RS) - Dias 13 e 14 - quarta e quinta / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)
Arco-Íris, a Magia das Cores (Cia. Árabe Hannah Costa) - Dia 13 - quarta / 20h30 / R$ 15 e R$ 7,50 / Teatro de Santa Isabel

As Criadas... Malcriadas (Cia. Trupe do Barulho) - Dia 14 - quinta / 19h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro do Parque
PLAYDOG (Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo – Projeto O Aprendiz Encena) - Dia 14 - quinta / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Hermilo Borba Filho
De Cumpade Pra Cumpade (Jessier Quirino / PB) - Dia 14 - quinta / 20h30 / R$ 30 e R$ 15 / Teatro de Santa Isabel

De Dentro (Qualquer Um dos 2 Companhia de Dança / Petrolina) - Dia 15 - sexta / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Apolo
Apareceu a Margarida (Cia. Trupe do Barulho) - Dia 15 - sexta / 19h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro do Parque
Quarteto Para o Fim dos Tempos (Sopro Cia. de Dança / SP) - Dia 15 - sexta / 21h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel

O Quebra Nozes (Ballet da Cidade do Recife) - Dia 16 - sábado / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro do Parque
Terapia de Ris(c)o – Por Uma Outra Via – Estudos Sobre a Violência 02 (Companhia S.A.I. – Setor de Áreas Isoladas / DF) - Dias 16 e 17 - sábado e domingo / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Hermilo Borba Filho
Ágape / SENHA (Sopro Cia. de Dança / SP) - Dia 16 - sábado / 21h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel

Peter Pan – Em Mais Uma Aventura na Terra do Nunca (Capibaribe Produções) - Dia 17 – domingo / 16h30 / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel
Babau ou A Vida Desembestada do Homem que Tentou Engabelar a Morte (Mão Molenga Teatro de Bonecos) - Dias 17, 24 e 31 - domingos / 16h30 / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

Chão (Xirê Jogodedança / RS) - Dia 18 - segunda / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

Não Me Fales de Freddy Krueger (1,2 Na Dança – Mostra Internacional de Solos e Duos de Minas Gerais / MG) - Dia 19 - terça / 19h / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel
Encruzilhada Hamlet (Cia. do Ator Nu) - Dia 19 - terça / 20h30 / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Barreto Júnior

Invasão (ENTREtanto TEATRO / Portugal) - Dias 20 e 21 - quarta e quinta / 19h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)
Suíte Afro-Recifense (Grupo Musical Korin Orishá) - Dia 20 - quarta / 20h30 / R$ 15 e R$ 7,50 / Teatro de Santa Isabel

Carícias (Remo Produções Artísticas) - Dia 21 - quinta / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Hermilo Borba Filho
Miranda’s: Um Elogio a Carmen (Gonzaga Leal e Grupo Saracotia) - Dia 21 – quinta / 20h30 / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel
EGO-Tik (Ertza Dantza Garaikide Taldea / Espanha) - Dias 21 e 22 - quinta e sexta / 21h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro Apolo

A Dona da História (Trup Errante & Pé Nu Palco Grupo de Teatro / Petrolina) - Dia 22 - sexta / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)
Chuva de Caju (Geraldo Maia) - Dia 22 - sexta / 21h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel

Il Trasporto Umano (Circo in Bottiglia / Itália) - Dia 23 - sábado / 17h / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro Apolo
Leve (Maria Agrelli e Renata Muniz) - Dia 23 - sábado / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Hermilo Borba Filho
O Encontro de Capiba e Nelson Ferreira no Céu (Paulo de Castro Produções) - Dia 23 - sábado / 20h / R$ 30 e R$ 15 / Teatro de Santa Isabel
Começar a Terminar (Companhia Anjos Pornográficos / SP) - Dias 23 e 24 - sábado e domingo / 20h30 / Entrada franca / Teatro Barreto Júnior
Entre (Hibridus / MG) - Dia 23 - sábado / 21h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

Guerreiros da Bagunça (Pedro Portugal) - Dia 24 - domingo / 16h30 / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel
Sobre Um Paroquiano (Compassos Cia. de Danças) - Dia 24 - domingo / 19h / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Hermilo Borba Filho
Por Um Fio Em Lã (Juan Guimarães) - Dia 24 - domingo / 20h30 / R$ 10 e R$ 5 / Teatro Apolo

Meu Grito de Dor (Coletivo Dois Contemporâneo / MG) - Dia 26 - terça / 20h / R$ 5 (preço único promocional) / Teatro Armazém

A Visita (Teatro Invisível / Portugal) - Dias 28 e 29 - quinta e sexta / 20h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

O Púcaro Búlgaro (Idarte Produções Artísticas Ltda / RJ) - Dias 29 e 30 – sexta e sábado / 21h / R$ 20 e R$ 10 / Teatro de Santa Isabel

Historinhas de Dentro (Grupo Teatral Quadro de Cena) - Dia 31 - domingo / 10h / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel
Outra Vez, Era Uma Vez... (Companhia Fiandeiros de Teatro) - Dia 31 - domingo / 16h30 / R$ 10 (preço único promocional) / Teatro de Santa Isabel


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PROJETOS SOCIAIS

Cruzamentos - Dia 08 - sexta / 19h / Entrada franca / Teatro do Parque (Projeto Núcleo de Dança na Comunidade, do Grupo Experimental)

Teatro em Comum: Mostra de Teatro Presente (Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém):
Dia 07 - quinta / 19h / Entrada franca / Teatro Armazém
Memórias (Núcleo do Pilar) e Ainda Há Cristais nas Flores de Sal (Núcleo de Santo Amaro)
Dia 08 - sexta / 19h / Entrada franca / Nascedouro de Peixinhos
Além das Margens (Núcleo de Peixinhos) e entrEMundos (Núcleo de Nova Descoberta)
Dia 09 - sábado / 18h / Entrada franca / Teatro Barreto Júnior
Desejo de Desejo (Núcleo do Ibura) e Além das Margens (Núcleo de Peixinhos)
Dia 10 - domingo / 15h / Entrada franca / Teatro Barreto Júnior
entrEMundos (Núcleo de Nova Descoberta) e Ainda Há Cristais nas Flores de Sal (Núcleo de Santo Amaro)
Dia 10 - domingo / 19h / Entrada franca / Teatro Barreto Júnior
Em Torno da Mente (Núcleo de Brasília Teimosa) e Memórias (Núcleo do Pilar)
Dia 11 - segunda / 19h / Entrada franca / Escola João Emerenciano (Ibura)
Desejo de Desejo (Núcleo do Ibura)
Dia 14 - quinta / 19h / Entrada franca / Teatro Barreto Júnior
Em Torno da Mente (Núcleo de Brasília Teimosa)

Três Compassos (Ária Social / Jaboatão dos Guararapes) - Dia 17 - domingo / 18h / R$ 5 (preço único promocional) / Teatro Barreto Júnior

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INTERVENÇÕES URBANAS

Eu Tava Passando e Resolvi Sair (Flávia Pinheiro) - Dia 20 - quarta / 10h / Entrada franca / Mercado de São José

As Partes do Todo (Patrícia Pina Cruz) - Dia 21 - quinta / 10h / Entrada franca / Casa da Cultura

Eu Tenho Autorização da Polícia Para Ficar Pelado Aqui (Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial / PR) - Dia 22 - sexta / 22h / Rua da Moeda e Dia 23 - sábado / 10h / Entrada franca / Rua da Imperatriz

Travessia (Hibridus / MG) - Dia 23 - sábado / 11h / Entrada franca / Rua da Imperatriz

Ação Cidade-Contínua (Coletivo Dois Contemporâneo / MG) - Dia 24 - domingo / 10h / Entrada franca / Calçadão da Av. Boa Viagem (em frente ao Edf. Acaiaca)

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PROGRAMAÇÃO OLINDA
Em parceria com a Prefeitura Municipal de Olinda.

Guiomar, a Filha da Mãe (Companhia Pharcas Serthanejaz) - Dia 17 - domingo / 16h30 / Entrada franca / Praça do Carmo
Forró é Melhor (Sopro Cia. de Dança / SP) - Dia 17 - domingo / 18h / Entrada franca / Praça do Carmo

Chão (Xirê Jogodedança / RS) - Dia 22 - sexta / 16h / Entrada franca / Terreiro de Umbigada (Rua do Guadalupe, 380)

Abrolhos (Teatro dos Amadores de Olinda – TAO / Olinda) - Dia 23 – sábado / 16h30 / Entrada franca / Vila Olímpica (Rio Doce)
Intemperie (Ertza Dantza Garaikide Taldea / Espanha) - Dia 23 - sábado / 18h / Entrada franca / Vila Olímpica (Rio Doce)

Mercadores de Liberdade (Ifá-Rhadhá de Art’Negra / Olinda) - Dia 30 - sábado / 16h30 / Entrada franca / Lumiara Zumbi (Cidade Tabajara)
Il Trasporto Umano (Circo in Bottiglia / Itália) - Dia 30 - sábado / 18h / Entrada franca / Lumiara Zumbi (Cidade Tabajara)

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ATIVIDADES PARALELAS

LEITURAS DRAMÁTICAS

Antígona (Cia. de Teatro Omoiós) - Dia 11 - segunda / 19h / R$ 1 / Teatro Apolo

Prometeu Acorrentado (Grupo Teatral Quadro de Cena) - Dia 18 - segunda / 19h / R$ 1 / Teatro Apolo

As Troianas (Grupo MAGILUTH) - Dia 25 - segunda / 19h / R$ 1 / Teatro Apolo
Bululu – Histórias da Invenção do Mundo (Sérgio Gusmão) - Dia 30 - sábado / 19h / R$ 1 / Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro)

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DEBATES SOBRE ESPETÁCULOS LOCAIS DA PROGRAMAÇÃO

Greta Garbo Quem Diria..., Peter Pan – Em Mais Uma Aventura na Terra do Nunca, Histórias de Além-Mar, Pinóquio e Suas Desventuras e PLAYDOG
Dia 17 - domingo / 11h / Entrada franca / Espaço Cultural Fiandeiros (Rua da Matriz, 46, 1º Andar – Boa Vista)

Encruzilhada Hamlet, Carícias, A Dona da História e Guerreiros da Bagunça
Dia 24 - domingo / 11h / Entrada franca / Espaço Cultural Fiandeiros (Rua da Matriz, 46, 1º Andar – Boa Vista)

5 Minutos Para Blackout, De Dentro, Leve, Por Um Fio Em Lã e Sobre Um Paroquiano
Dia 25 - segunda / 19h / Entrada franca / Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, 1° Andar – Bairro do Recife)

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OFICINAS
Informações e inscrições no SATED (Sindicato dos Artistas – Casa da Cultura, Raio Oeste, 2° Andar. Tel. 3424 3133). Preço: R$ 30 (cada)

O Avesso da Cena – Oficina de Produção e Gestão Cultural (Romulo Avelar/MG) - De 13 a 16 / 14 às 18h / Sesc de Santo Amaro

Iniciação à Interpretação (José Pimentel) - De 11 a 15 e de 18 a 22 / 14 às 17h / Teatro Armazém

Taller de Creación – Oficina de Criação em Dança Contemporânea (Asier Zabaleta/Espanha) - De 15 a 18 / 10 às 14h / Sala de dança do Santa Isabel

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ATIVIDADES EXTRAS

Lançamento do livro “O Avesso da Cena – notas sobre produção e gestão cultural”, do produtor e gestor cultural Romulo Avelar (MG) - Dia 15 - sexta / 19h / Sesc de Santo Amaro / Valor: R$ 58

Lançamento da trilha sonora de “Leve”, criação de Isaar - Dia 23 - sábado / Após apresentação do espetáculo / Valor: R$ 5.

Conclusão da Oficina de Iniciação à Interpretação, com José Pimentel - Dia 22 - sexta / 19h / Entrada franca / Teatro Armazém

Exposição Memórias da Cena Pernambucana - De 12 a 31 / Entrada franca / Teatro do Parque

Seminário Dança e Economia Solidária – Preparatório para o Seminário Economia da Dança/Pernambuco
Dia 16 – sábado / 9 às 12h e 14 às 17h / Sesc de Santo Amaro /

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

QUEM?


"seu" TUNE

Quem foi que já viu a tristeza
na alegria aparente do meu rosto?
-Ninguém.
Só o meu coração.

Quem foi que já me viu amar
o amor dos carinhos, dos beijos, da volúpia?
-Ninguém.
Só meu coração.

Quem foi que já me viu difamar,
maltratar e fazer sofrer as mulheres?
-Ninguém.
Nem o meu coração.

Quem foi que já me viu...

Basta!
O meu coração sabe viver.


*Seu TUNE é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras.

POEMA DE QUEM FICOU SÓ

Ronaldo Menezes

Vi
O dia que nasceu,
Ir-se embora.
Vi a noite...
E, dentro de mim,
Sentindo,
Tua presença que fugia
Como um açoite,
Semelhante o dia
Que partira...
Vi a noite...

MENSAGEIRA DAS VIOLETAS

Antonino Oliveira Júnior*

(para Florbela Espanca)

Ó, construtora de versos e rimas,
Flor bela que espalha lirismo
E espanca meu ser com poesias,
Conquista-me
Com a força das tuas palavras,
Envolve-me com teus mistérios
E desbrava os sertões
Dos tempos que me separam de ti.

Estendo mãos e corações para além-mar,
Na espera inconseqüente
De encontrar-te em ventos, em chuva,
Em raios que doiram tua imagem,
Para alcançar-te, quem sabe,
Na esperança vã de te impedir o gesto
Que te levou como corpo
E te deixou em forma de versos...

E não és, sequer, a razão do meu viver...

Ó construtora de versos e rimas,
Flor bela que espalha lirismo
E espanca meu ser com poesias!


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.

TATUAGEM IMORTAL

Frederico Menezes*

Tente o mundo retirar-me de ti:
Impossível, inconcebível,
Tatuado em tua alma,
Estou posto para sempre.
Fiz poesia em cada curva
Do teu corpo,
Em teu coração flutuei,
Qual farinha na água,
Flor ao vento,
Nuvem sem destino...

Tente a dor separar-me de ti:
Baterá em retirada.
Fugirá vencida pelo gozo divino,
Pela alegria cintilante
Que brota em tua face
Quando sou teu rei...

Tua pele destilando arco-íris
E tua voz cantando o amor.
Não há terra para dor,
Não há noite, só dia,
Eternamente dia.

Tente a estrela se apagar
E tu te incendiarás,
Iluminando o universo
No “Fiat lux” de uma nova criação.
Cometa ou raio,
Sibila ou sacerdotisa,
Pitonisa ou deusa,
Pote onde deposito o amor,
Resplandecente dirás ao mundo:
“Desistam – ele é tatuagem imortal”.<

*Frederico Menezes é membro da Academia Cabense de Letras

A IDENTIDADE QUE SE VAI

DOUGLAS MENEZES*

Quando Tune saiu de casa pela última vez para se tornar estrela, lá longe no infinito, não ia embora ali, apenas um pedaço de mim, mas uma parte de humano do Cabo de Santo Agostinho se despedia. Mesmo na dor, observei as janelas das casas antigas acenando lenços brancos, no coro triste do adeus. Era meu pai partindo e os humildes, esses que fazem a verdadeira história do mundo, homenageando-o, como fazendo justiça a quem contribuiu, no dia-a-dia, com a cidade que o acolheu. Lembro de um bêbado no velório, chorando muito, pedindo para meu pai não ir embora.

Recordo, então, que ali, naquele momento, há vinte anos, começava a morrer uma identidade humana da cidade de Santo Agostinho. E o tempo encarregou-se de confirmar que a partir daquele instante, aos meus olhos, a cidade mudava. Uma geração notável de cabenses desaparecia, lentamente. Eram figuras importantes, não somente por razões econômicas ou culturais, mas por serem o cheiro do Cabo, o próprio ar da cidade, confundiam-se com a flora e a fauna e as casas desta terra, fossem ricos ou pobres. E se foram como Tune do cartório. Onde estão agora? Como disse o poeta Manuel Bandeira: “dormem profundamente, profundamente”. Talvez habitem, fantasmas, as ruas velhas da cidade, zelando por elas.

Caminho no domingo chuvoso pelas artérias centenárias, o silêncio da manhã preguiçosa diz tudo. Eu ando ao lado deles. Em mim, a identidade que se foi permanece.

Já o sol a pino de um dia comum. Sou exilado em minha terra. Não conheço ninguém e ninguém me conhece. O Cabo é de todos, que vêm de todos os lugares.

Hoje, na cidade de Santo Agostinho, com certeza, a maioria me olha e não me vê.


*Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

sábado, 2 de janeiro de 2010

TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM


MANEZINHO ARAÚJO

Nasceu na cidade do Cabo, Pernambuco, no dia 27 de setembro de 1910. Mas, foi em Casa Amarela, bairro de Recife, que aprendeu a embolar, com o artista popular Minona, apelido de Severino de Figueiredo Carneiro.
Em 1930 deixou o nordeste e seguiu para o Rio de Janeiro, compondo o batalhão do exército que seguia do Nordeste para o sudeste, após estourar a Revolução de 30. No navio conheceu artistas como Carmen Miranda, Almirante e outros, e como ele já costumava fazer embolada para os companheiros de quartel, logo tomou as ruas do Rio de Janeiro e, com muita competência, tornou-se o rei da embolada no Brasil.
O TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM continua cumprindo o seu papel de mostrar ao mundo virtual a riqueza da poesia do Cabo de Santo Agostinho
.

CUMA É O NOME DELE?
Manezinho Araújo

Cumá é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Vi um sujeito
Discutindo co´a mulhé
E pensem lá o que quisé
Mas direito é que eu não acho
É que por cima
Pouca roupa ela usava
Além disso não gostava
De usar roupa por baixo

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Antigamente
Quando a gente se beijava
Num instante se separava
Pois o beijo não ilude
Mas hoje um moço
Quando beija a namorada
Fica de boca grudada
Parece que leva grude

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

De uma moça
Uma perna beliscando
Eu fiquei foi suspirando
Disso nunca a gente acha
Mas de momento
Essa moça com bondade
Foi dizendo: " É a vontade,
Minha perna é de borracha."

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano.

Fui convidade pr´uma festa de rigô
Onde a gente de valô
Ia toda encasacada
A minha sogra pra bancá a saliente
Levou roupa só na frente
Mas atrás não tinha nada

Cuma é o nome dele?
É Mané Fuloriano

PRÁ ONDE VAI, VALENTE?
Manezinho Araújo

Pra onde vai, valente?

Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente,

Tava na feira
C'a pistola e um cravinote
0 muleque deu um pinote
Me chamou mode brigá.

Pego no meu punhá
Enfio a faca, o sangue pula
Moleque você não bula
Com Mané do Arraiá.

Veio um sordado
C'um boné arrevirado
Com dois oio abuticado
Que só cachorro do má.

Botou-me a mão
Home, me disse, você tá preso
E eu fiquei c'um braço teso
Na cara lhe quis passá.

Pra vadiá
Eu sou caboco bom na briga
Mas só gosto da intriga
Quando encontro especiá.

Dedo do Cão
Moleque bom no gatilho
Se coçou, eu vi o brilho
Atirou pra me pegá.

Ele me atira
Eu me abaixo e a bala passa
E fico achando graça
Do baque que a bala dá.

Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente.

COMO TEM ZÉ NA PARAÍBA -

Vixe como tem Zé
Zé de baixo, Zé de riba
Me desconjuro com tanto Zé
Como tem Zé lá na Paraíba

Lá na feira é só Zé que faz fervura
Tem mais Zé do que coco catolé
Só de Zé tem uns cem na prefeitura
Outros cem no comércio tem de Zé

Tanto Zé desse jeito é um estrago
Eu só sei que tem Zé de dar com pé
Faz lembrar a gagueira de um gago
Que aqui se danou a dizer Zé

Num forró que eu fui em Cajazeira
O cacete cantou e fez banzé
Pois um bebo no meio da bebedeira
Falou mal e xingou a mãe d'um Zé

Como tinha só Zé nesse zum-zum
Houve logo tamanho rapapé
Mãe de Zé era a mãe de cada um
No salão brigou tudo que era Zé

É Zé João, Zé Pilão e Zé Maleta
Zé Negão, Zé da Cota, Zé Quelé
Todo mundo só tem uma receita
Quando quer ter um filho só tem Zé

E com essa franqueza que eu uso
Eu repito e se zangue quem quiser
Tanto Zé desse jeito é um abuso
Mas o diabo é que eu me chamo Zé

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MENSAGEM DE ANO NOVO

2009 está chegando ao fim e neste momento as mensagens de Feliz Ano Novo cruzam os ceus e todas as ondas do Brasil. Nem sempre são mensagens verdadeiramente do coração, mas, uma simples e rotineira conveção social, ou, em outras palavras, um costume das pessoas. Mas existem, claro, aquelas que brotam do fundo do coração, desejando, na realidade que as pessoas possam viver dias melhores no ano que se aproxima. São votos, na sua maioria, de prosperidade, de saúde, de paz, de sucesso profissional, de mais sorte no amor. São votos, mil votos.

Não sou diferente de ninguém, e aproveito o espaço de meu blog, no dia de hoje, para desejar aos leitores, amigos e colaboradores um ano diferente em 2010. Não somente o desejo da properidade material, visto que, esta é consequência e secundária, mas, que o novo ano chegue trazendo a esperança, principalmente, de mudança interior, de paz dentro de cada um, para que possamos ter condições de pensar em mudar as outras pessoas e o mundo.

Entendemos que, uma vez conseguindo a paz interior, tão difícil em tempos de egoismo, da necessidade do "primeiro eu", estaremos dando um norme passo para a conquista da paz coletiva.

Que tenhamos todos, então, em 2010, essa condição para buscarmos a paz para todos, a partir da paz dentro de cada um de nós. FELIZ 2010 PARA TODOS!

PS: VOLTAMOS A ATUALIZAR O BLOG NO SÁBADO, DIA 2 DE JANEIRO.

ANTONINO OLIVEIRA JÚNIOR

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O PEIXE


PATATIVA DO ASSARÉ

Tendo por berço
o lago cristalino,
folga o peixe
a nadar todo inocente.
Medo ou receio
do porvir não sente,
pois vive incauto
do fatal destino.
Se na ponta de
um fio longo e fino
a isca avista,
ferra-a inconsciente,
ficando o pobre
peixe de repente,
preso ao anzol
do pescador ladino.
O camponês também
do nosso Estado,
ante a campanha eleitoral:
Coitado.
Daquele peixe tem
a mesma sorte.
Antes do pleito:
festa, riso e gosto.
Depois do pleito:
imposto e mais imposto…
Pobre matuto do
Sertão do Norte.

AS FLÔ DE PUXINANÃ


ZÉ DA LUZ

AS FLÔ DE PUXINANÃ
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)

Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!

AMÔ SEM PRECONCEITU

Jairo Lima

Os zóios atucaiaram pela brecha da janela
Logo cabuetei pra meus enxeridos desejos
Mai que deusa era aquela mocinha banguela
Coisa que só num cinema que vejo?

Abestalhou-me as idéia no quengo
Ai que sirigaita da figa bendita
Daria um carro-de-boi pelo seu dengo
E a fulô do maracujá mai bunita

Fi de quenga cheirosa empriguitada
Laiga essa coisa de muié da vida
Vem de um vagueiro sê namorada

Não ligo pra fuxico de boca mardita
Nem gaiato me separa d’uma amada
que o distino disse onde tava escondida

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

VENDAVAL DE SOLIDÃO

Jeová Morais

Afeia-se o tempo
e esta bruma qur não para,
penso em ti a cada segundo...
Há um constraste mirabolante
com o momento que sinto agora.
Sei que alhures você está.
Há uma mistura incessante no ar,
do teu bálsamo com os austros.
Essa essência tão íntima
das noites que passávamos juntos,
neste lugar, aglutinados ficávamos,
como um só corpo.

Afeia-se novamente o tempo
e eu aqui tão só.

O MOMENTO ANSIADO

Ronaldo Menezes

Surge no pensamento, num crescente,
espraia-se no ser, qual hera venenosa,
de perfume sutil, semelhante a rosa
inebriando-nos a alma, docemente.

Nas horas noturnas, o vulto assustador
tira-nos o sono, resseca-nos a boca,
ensopa-nos de suor a ânsia louca,
fazendo-nos delirar em êxtase e dor.

Contamos as horas, os minutos, um segundo,
queremos parar, até, o próprio mundo,
esperançosos pelo momento ansiado.

No entanto, às vezes amargurados,
vemos os sonhos, vãos, todos frustrados,
pelo momento, jamais concretizado...

MENSAGEIRA DAS VIOLETAS

Antonino Oliveira Júnior
(para Florbela Espanca)


Ó, construtora de versos e rimas,
Flor bela que espalha lirismo
E espanca meu ser com poesias,
Conquista-me
Com a força das tuas palavras,
Envolve-me com teus mistérios
E desbrava os sertões
Dos tempos que me separam de ti.

Estendo mãos e corações para além-mar,
Na espera inconseqüente
De encontrar-te em ventos, em chuva,
Em raios que doiram tua imagem,
Para alcançar-te, quem sabe,
Na esperança vã de te impedir o gesto
Que te levou como corpo
E te deixou em forma de versos...

E não és, sequer, a razão do meu viver...

Ó construtora de versos e rimas,
Flor bela que espalha lirismo
E espanca meu ser com poesias!

"SÃO LUIZ REABRE AS PORTAS"




Aconteceu ontem a reabertura oficial do Cinema São Luiz, com a exibição, só para convidados, do filme pernambucano BAILE PERFUMADO. A entrega ao grande público acontece no dia 12 de janeiro, para sua programação normal e diária. A recuperação do tradicional cinema recifense foi uma iniciativa do Governo do Estado, através da Fundarpe. A Sala de exibição foi totalmente modernizada, apesar de manter a arquitetura original, inclusive com maquinário moderno e poltronas para obesos e espaço para cadeirantes.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

FLORBELA ESPANCA


Anseios
Florbela Espanca


Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quirneras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...

Não 'stendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela,a soluçar...

J.G. de ARAÚJO JORGE (lembram dele?)



Noturno nº 2
J.G. de Araújo Jorge


Estás no pensamento,
fixa, presa,
como a estrela no céu
como a nudez da beleza
sob um véu...

Estás no pensamento,
como a espuma na vaga...
Em vão o vai e vem do mar:
ela nunca apaga...

Estás no pensamento
como , na estória, o tema;
como a palavra, no poema;
como o sopro, no vento;
como a música no instrumento;

como o marulho no rio;
como a chama no pavio;
ou o pêndulo, no movimento...

Estás no meu pensamento
como a tatuagem na epiderme;
como a forma na escultura;
como o ritmo no "ballet"...
Como no espírito inerme
a amargura
ou a fé...

Estás no meu pensamento
como o som
na corda distendida;
como, na bússola, o Norte;
como a esperança, na vida;
como na Vida
a Morte!

OS VERSOS QUE TE DOU
J.G. de Araújo Jorge


Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...
E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...
Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...
Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...
E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...
Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

(Poema de JG de Araújo Jorge
do livro "Meu Céu Interior" – 1934)

Vladimir Maiakóvski



DEDUÇÃO
Vladimir Maiakóvski


Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que haja falta de amor. (Vladimir Maiakóvski)

sábado, 26 de dezembro de 2009

TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM


foto: Marcelo Ferreira - Ag. Luzes

PAULO CULTURA

PAULO ALEXANDRE DA SILVA, conhecido como Paulo Cultura, foi funcionário público, da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, desempenhando suas funções profissionais numa área nada literária, a Secretaria Municipal de Finanças. Fora do trabalho, teve uma intensa vida cultural na cidade, fazendo parte da geração GRECUEC na década de 70, freqüentou o Grêmio Literário Cabense, onde chegou a fazer parte de uma das últimas diretorias da entidade e, já na década de 80, participou dos alternativos literários SO(L) DE VERSOS e PARA NÃO NOS ESQUECERMOS. Lançou um livro de poesias, intitulado AINDA BATEM NOSSOS CORAÇÕES. Vitimado por uma doença degenerativa, lutou bravamente, como em tudo que fez na vida, até não mais resistir e , enfim, venceu a doença e partiu. Deixou-nos fisicamente e ficou em forma de versos. Dentro do propósito do TRIBUTO AOS POETAS QUE SE FORAM, abrimos aos leitores uma janela para o universo literário de Paulo, o Cultura.


VOSSAS EXCELÊNCIAS
Paulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)

Cidadãos que se tratam de Vossas Excelências
Mas vivem se agredindo entre si
Respeitem o povo e o que o povo lhes deu
Se rasguem, se mordam, se matem entre si
Porém não deixem que suas brigas
Saiam dos bastidores sujos
Desse circo sujo
O homem comum
O humilde trabalhador
Nada tem haver com a ganância e egocentrismo
De vossas Excelências
Vossas Excelências que pertencem ao partido da opressão
Do egoísmo e da traição
Nunca mais apareçam nas praças da minha cidade
Para pedir voto ao povo
Isto porque: Vossas Excelências nem povo merecem ser
O povo tem memória
E da próxima vez
Vossas Excelências serão
Vossas Excelências nas casas das Vossas Excelências.


FELICIDADEPaulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)

Felicidade é nós nos olharmos com ternura
Sem nos importarmos com a amargura
Que a cidade nos traz
E depois do olhar:
Nós dois que estamos em eterno "cio"
Sentirmos o cheiro do amor
Mesmo que este - como disse o poeta:
Seja infinito enquanto durar!
E como disse o profeta:
Devemos atender o chamamento do Amor!
Dê-me as suas mãos,
Pouco importa a extensão do infinito desse amor;
E que em nossos caminhos
Existam pedras e espinhos
Ou sejam agrestes escalpados.
Porém, na profundíssima penetração
Daquilo que eu tenho que mais gostas
Naquilo que tu tens que mais gosto.
É na chegada do clímax,
Do gozo maior,
"Estrelas mudam de lugar, chegam mais perto só pra ver"...
Felicidade é isso aí e nada mais.

AINDA BATEM NOSSOS CORAÇÕES
Ao Livrório/Opus Zero
Paulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)


E todos os ch/c/oros
Pararam de /en/cantar
Porque todas as vozes ficaram emudecidas?
E emudecidos choramos
Ao desencanto de nossos cânticos de liberdade.
Diáspora!
Diáspora!
E juntos ficamos sem coral
Sem pátria e partido
Sem amigos
Sem filhos
Sem pai, mãe, esposa e marido.
E minha dialética de poeta
Fez dizer-te tudo que "não sabia".
E previ o teu, o nosso futuro através de poesias.
Escrevi para que os /c/egos (sem Braille) lessem
Cantei poemas com um coral de "mudos"
Para que todos os "surdos" ouvissem.
Contigo, agora nessa multidão de "mudos"
"Cegos" e "surdos"
Caminhando e cantando verde e amarelo...
Por que não vens, vamos embora
Esperar não é saber?
Vivo, vives...
Apesar deles
Ainda batem nossos corações.

VIDA DE CÃO
Paulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)


Hoje eu sou um simples cão que não sabe ladrir
Pelo simples fato de nunca ter ladrido.
Deixei que todas as carruagens passassem por mim
Apenas olhei-as com um olhar terno
De um cão que nunca soube ladrir.
Também nunca fui um cão morto!
Talvez por jamais ter sido um cão,
E sim, apenas um homem,
Um homem que via as carruagens passarem
Cheias de cães ladridores.
Por que nessa terra miserável
O homem que mora entre filas-brasileiros
Sente a inevitável necessidade de ser um vira-latas
Que nunca andou de carruagens?
Haviam carruagens de todas as cores
Porém, os filas preferiam as carruagens pretas
Por serem mais cômodas e menos dispendiosas
Para suas sacolas.
Mas os que estavam nas filas, os vira-latas
Preferiam as coloridas
Que apesar de serem bem maiores
Eram muito mais dispendiosas para os bolsos dos viras
Apesar dos pesares,
Às vezes os filas se juntavam
Aos pastores-alemães,
Aos pequenezes e outros...
E ladravam, e eram aqueles ladravazes.
Ladravam para melhorar as carruagens coloridas dos viras
E as carruagens de todas as cores
Continuavam a passar...
E nós por que nunca ladramos?
Já não podemos ladrar mais.


POETA VIDA
Paulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)


N as estradas da vida a poesia
A nteviu no presente o futuro
T ranslúcidas luzes da inspiração
A menizadas dores do passado
N asceram sonhos, nunca dantes sonhados
A ntes de ser, teria sido
E ste jovem
L ivre nasceu poeta.


J untemos, portanto, nossas vozes, poeta vida
U nidos na lira pela paz fraternal
N ossos cânticos num grito universal
I remos até o fim, num sonho louco, mas bonito
O uviremos a voz de Deus
R egressaremos guiados por essa voz ao infinito.

"Amanhã estaremos mudos e mais nada"

SANTA MARIA DE LA CONSOLACION
Paulo Alexandre da Silva

Natureza que me seduz
Desvirginada que fostes por homens arredios
Sangras no presente
Mas vejo-te como no passado
Vejo-te nua e beijo a tua existência porque és inviolável
Na tua beleza secular
Que Pinzón pisou
E te chamou
De Santa Maria de la Consolacion.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SOBRE O NATAL



Hoje o nosso Blog publica dois artigos bem distintos acerca do Natal, porém, os dois dão ênfase ao sentido distorcido que é imposto ao povo. A mídia transformou o nascimento de Jesus num grande negócio de papai noel.

Espero que todos tenham um Natal que seja prenúncio ou confirmação de harmonia no lar e nas relações entre as pessoas, expressando, verdadeiramente, o sentido do Natal que comemora o aniversário de Jesus.

Hoje estamos dando uma parada nas atualizações do Blog, mas estaremos de volta no dia 26/12, sábado, com o Trbuto aos poetas que se foram, homenageando Paulo Cultura.


E SE JESUS FOSSE UMA MENTIRA?
Antonino Oliveira Júnior

O Natal deste ano é o menos cristão de todos os tempos. A mídia vicia os ouvidos e faz a mente trabalhar na contra-mão dos sentimentos, levando o povo a adorar um pai falso, desagregador, excludente, esquecendo por completo do verdadeiro sentido das comemorações natalinas. Os meios de comunicação, contando com a omissão dos seguimentos religiosos, conseguiram colocar o nascimento de Jesus em segundo plano, impondo, de forma selvagem, a cultura do consumismo e da submissão ao personagem papai Noel, uma figura criada nos estúdios norte-americanos e espalhado pelo mundo, com o objetivo de viciar as pessoas na obrigação do “dar presentes”. E ainda fazem a campanha da compensação, da doação de presentes para os necessitados, já que o papai tão endeusado por eles não gosta de dar presentes para as crianças muito pobres. Seria até ridículo, se não fosse tão vergonhoso. Seria até cômico, se não fosse tão trágico. Mas, fazer o que? É a serviço disso que a comunicação está, uma vez que ela sobrevive do patrocínio dos que têm o lucro como a prioridade das prioridades.

Como leio jornais, ouço rádio e vejo TV diariamente, não consigo sentir raiva da mídia por agir assim, mas, confesso, estou profundamente entristecido por ver artigos escritos por lideranças religiosas publicados em jornais, programas de rádio e de TV, verdadeiros espetáculos apresentados por Pastores, Padres, Espíritas e, no entanto, até agora, 21:50 horas do dia 21 de dezembro de 2009, não vi nenhuma dessas lideranças/comunicadoras contestar essa inversão de valores que acontece no Natal, em especial, neste Natal. Ninguém lembra do aniversário de Jesus. Nem eles, os líderes religiosos, a quem cabe o papel principal de combater essa avalanche de exaltação ao consumismo, procurando tirar o povo dessa dependência tão ou quase tão degradante quanto o uso do crack (sem exageros).

Ninguém se contrapõe ao império da comunicação, que transforma mentiras em verdades, que desarticula as pobres cabeças dependentes de um consumismo selvagem pelos aliciadores da comunicação. Fosse Jesus uma mentira, eles já o teriam tirado de circulação. Não conseguem isso porque Jesus não é um mito, mas, uma verdade que se materializa nos sentimentos mais nobres, que não abandona Seus irmãos, ainda que estes esqueçam até de seu aniversário.
Padres, Pastores, lideranças religiosas outras, reajam, usem seus caros e importantes horários na mídia e lembrem ao povo, que no dia 24 de dezembro se comemora o aniversário de Jesus e que Ele é o responsável pela esperança que ainda persiste e resiste dentro de nós, de que um dia o amor vencerá e o bem consolidará o seu triunfo contra o mal.

Jesus, eu não esqueci o seu aniversário. Parabéns!


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras



...PORQUE É NATAL DOUGLAS MENEZES

Porque é Natal o Espírito de Deus-menino vaga sobre a face da Terra. Dorme inquieta a criança Divina. Não tem sonhos leves, mas pesadelo a sacudi-lo qual vítima de convulsão contínua. Luz da lua embaçada, céu de chumbo. E porque é Natal. E como Ele é a verdade, a dor não passa escondida. Para que ocultar o consumismo hipócrita, mal disfarçado na multidão anestesiada, sonâmbula, num humanismo apenas de superfície? Amar somente as compras, realizar o sonho de ter o objeto desejado. Estrelas que cruzam o céu tão fugidias quanto os olhares que não encaram outros olhos, pois a gente não quer mostrar a alma.

Aqui, a cordialidade brasileira tão decantada é apenas um sopro de memória. A violência atesta isto. Os brasileiros matam-se todos os dias, todas as horas, na selvagem guerra civil que não admitimos existir. O medo nas ruas e lares deixa de ser exceção. É institucionalizado. Choca a fotografia, mas é comum: crianças brincam, indiferentes, juntas a um corpo sem vida.

E porque é Natal, desviam-se os donativos que seriam destinados às vítimas das enchentes em Santa Catarina. O cinismo não respeita o nascimento do menino Maior. País sem compaixão. Claro, nem todos. Nuvens carregadas agitam a Criança. Você não vale mais pelo seu caráter: o empresário emergente impõe seu nome através do dinheiro que acumula, tão-somente. As páginas policiais expõem aqueles que não deveriam estar ali.

E porque é Natal, a esperteza aumenta. Se a roupa tem que ser nova, novo será o preço, alimentando a avareza de quem já tem demais. O ingênuo não vencerá nunca, sendo bom e puro. Um sol que nasce apenas para poucos.

Dilui-se a crença num mundo melhor. A voz rouca de uma massa sem rumo é só um sussurro que os ouvidos moucos de quem manda teimam em não ouvir.

Deus renasce no filho, morto todos os dias nas vielas imundas. Jesus assassinado desde menino.. Desde adolescente. Desde jovem. Ele está no lixo do recém-nascido jogado assim, coisa que talvez, um dia, seria gente. Pois resolvemos sacrificar os meninos, como anunciando o prematuro final da humanidade. E porque é Natal.

Assim, ao som de uma valsa triste, Deus-Criança chora, porque a gente não honra a condição de criatura que um dia, cheio de amor, ternura e carinho, Seu Pai muito amado Criou.

*Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

UM FELIZ NATAL PARA TODOS

Desejo a todos os nossos leitores, colaboradores e amigos, um Natal no seu sentido mais original, longe dos apelos comerciais e da massificação da mídia, e o mais perto possível de Jesus, verdadeiro sentido do Natal.

Que os nossos corações absorvam as mensagens contidas no Evangelho de Jesus e que possamos ser Seus aliados na luta constante por um mundo de paz, de harmonia e de muito amor entre todos.

Lembremo-nos todos que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus e tenhamos, verdadeiramente, um Feliz Natal.

Antonino Oliveira Júnior

PAI NOEL

Jairo Lima
(Para o amigo Antonino Oliveira Júnior, motivador desta reflexão)


Pai Noel que não estás no céu,
Inventado, fruto és de ingratos poucos nomes.
Abaixo venha o teu reino
Seja desfeita essa maldade
A enganar criançinhas. Oh, coisa cruel.

Deus, o Pai Nosso de cada dia,
Que perdoa as nossas ofensas,
Desculpe se ainda não alcançamos,
Entender o teu filho tão querido.
Verdadeiro motivo de comemoração,
Nesta noite encantada de Natal.

Amém

*Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras

O NATAL

Antonino Oliveira Júnior
(a Douglas Menezes, por sua visão cristã)

É NATAL !

Compra
Compra
Compra

Come
Come
Come

Bebe
Bebe
Bebe

Compra
Compra
Compra...

E JESUS?


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras

É NATAL!

Natanael Lima Jr
(aos queridos confrades da ACL)


Renova-te
Pois é chegado o Natal.
Em cada lar a alegria se irradia
O irmão abraça o irmão numa contagiante harmonia
As estrelas brilham
A excelsitude do Natal de Jesus.

É Natal!
Tempo de renovação e amor.
Recolhes do coração as chagas de sofrimento
E caminhas sempre adiante
Em direção ao sol em vagas de perfumes.

É Natal!
Perseveras na luta
Em favor dos mais humildes
Dos oprimidos e dos injustiçados.
Caminhas também com eles pelas ruas
E clamas ao mundo mais justiça e união.

Renova-te
Pois o milagre do Natal está entre nós
E chama-se AMOR.

*Natanael Jr é membro da Academia Cabense de Letras

PAPAI FANTASIA E PAPAI BÓIA FRIA

Paulo Alexandre da Silva (Paulo Cultura)

É Natal!
Sou criança pobre e favelada
Não preciso nem dizer que passo fome
Sou suja, desnutrida, barriguda e maltratada.
Esta noite que pasou eu tive um sonho,
Sonhei com um velho de longas barbas brancas
Que carregava um grande saco sobre as costas
Talvez cheio de bonitos presentes.
Então, perguntei a mim mesmo: será Papai Noel?
E gritei, ei Papai Noel! dê-me um presente!
E ele respondeu: NÃO!
Crianças pobres não ganham presentes!
Só se um dia seu pai se tornar rico e "decente".
Mas acordei, foi apenas um sonho;
Voltei à realidade
E tentei esquecer o velho Papai Fantasia.
Porque naquele instante
Sentado ao meu lado, na cama
Estava o meu jovem Papai Bóia Fria.

*Paulo Cultura é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

MODELO É HOMENAGEADA


Emanuela de Paula
Modelo Internacional


Acontece amanhã a homenagem que a Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho presta à modelo internacional, EMANUELA DE PAULA, que nasceu nesta cidade e é filha do radialista Ely José, o Batata. A homenagem acontece no Plenário da Câmara de Vereadores, às 19 horas de amanhã, 22 de dezembro de 2009. Emanuel de Paula reside em Nova York, EUA.

COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ


Antonino Oliveira Júnior*

A minha paixão por você é coisa antiga. Desde pequeno. Cresci com essa paixão alimentando esse amor dentro do coração. Muitas vezes, viajei e meus olhos se encantaram com mais diversos tipos de beleza. E cheguei a ser infiel, por alguns momentos. Mas foram apenas aqueles momentos de fraqueza humana

De volta, já perto de você, o amor antigo, sincero, definitivo, sempre reacendeu, preservando nossa história de amor. Uma história conturbada, eu sei, mas, de amor, do mais puro amor. Doía muito e ainda dói, quando alguém machuca você. Às vezes eu gostaria de ser um cara possessivo, daqueles que transformam amor em propriedade individual e intransferível, para que você só tivesse olhos para mim e que só eu pudesse curtir você, ao adormecer e despertar.

Mas, ao contrário, sempre fui muito liberal e nada egoísta, ao ponto de aceitar você ser cortejada, tocada e usada por tanta gente que nem lhe merecia. E quantas brigas tivemos! Como sofri esses anos todos, alimentando o ciúme que senti, todas as vezes em que em que davas ouvido e atenção a quem se aproximava de você apenas para usar e jogar fora.

Mas também tivemos muitas alegrias juntos. No segredo de nossos encontros, de nossa intimidade afetiva, soubemos curtir como ninguém essa paixão. Em cada banco de praça, em cada rua estreita, em cada beco ladeiroso, em cada momento de sua história, o nosso amor se fez presente. Velha, mal tratada e vilipendiada, você olha triste para mim, como quem pede socorro e chora. E eu choro com você. Sinto raiva de quem lhe magoa e queria abraçar você todinha, colocar no meu colo e dizer baixinho ao seu ouvido:

-Ah! Minha cidade, como é grande o meu amor por você!


*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras.