quinta-feira, 23 de junho de 2011

CARTA A UM AMIGO QUE SE FOI

Meu amigo Valdir Soares, na foto com o escritor Gilberto Freyre.


Caro amigo, Valdir, não imagina você o quanto de tristeza trago comigo neste momento. Saber de sua partida já foi um grande abalo no coração de seu velho amigo aqui. Recebi a notícia como um forte impacto e em poucos segundos vi passar um filme em minha mente, as cenas inesquecíveis de nossas lutas culturais por toda a década de 70, quando, companheiros do Teatro de Amadores do Cabo (TAC) percorríamos Pernambuco e boa parte do nordeste mostrando o talento dos jovens artistas cabenses. Já na década de 80, lembra amigo, ainda lutamos pela cultura do município, agora abrigados na Secretaria de Cultura, com o amigo Zé à frente dela. Mas ali a turma já dispersava e enfraquecemos. Ter o poder nas mãos ou fazer parte dele não foi uma boa para o movimento. Não esqueço que um dia você me falou isso. Tava conversando com Lu hoje pela manhã e a gente lembrava que você era o "organizado" da turma, sempre se vestindo elegantemente e com imensa capacidade burocrática, além de ser um bom ator. Estamos tristes, eu e Lu. Choro neste momento, inclusive, porque não me perdoo em não atender seus chamados e recados mandados através de Fred, que queria me ver. Fui um merda, amigo. Tive medo de chorar na sua frente, como se fosse feio chorar. A esperança que tenho é que você me entenda e me perdoe por minha fraqueza. De resto, resta uma coisa boa nisso tudo, que é o fato de só ter na minha mente, na minha lembrança, a sua figura elegante, sua gentileza, seu carinho ao chamar-me apenas de "Júnior". Fica a lembrança de sua importância para o que chamei um dia de "momento divisor de águas" para a cultura do Cabo de Santo Agostinho. Quase anônimo, você foi peça das mais importantes e vitais para que a resistência cultural de então pudesse dar frutos à cidade.

Vou parar por aqui, meu amigo, porque já não consigo raciocinar bem, tanta é a tristeza que sinto. Espero que esta carta o encontre num lugar de luz que tanto você é merecedor. Receba um abraço de saudade de seu amigo

Tuninho.*

PS: Se encontrar Paulo Cultura, fala pra ele que sinto saudade dele também.

*Tuninho é apelido de infância de Antonino Oliveira Júnior.













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