quinta-feira, 14 de abril de 2011

MIRÓ, O POETA DE MURIBECA

TRÊS POEMAS DE MIRÓ


FILOSOFIA PRA PULAR

Por trás de um ônibus lotado
E uma cadeira vazia
Há sempre um grande vômito.


CARLA

Conheci Carla catando lata
Seus olhos brilhavam como alumínio ao sol
São Paulo ardia num calor de quase
quarenta graus
Pisou na lata como pisam os policiais
Nos internos da Febem
Jogou no saco
Com a precisão que os internos jogam
monitores dos telhados
E rápido foi embora
Tal qual seqüestro relâmpago
Deixando a lembrança
De um tempo que não havia seqüestros,
Febem
Nem tanta polícia
Muito menos catadores de lata
Os olhos de Carla
Nem desse poema precisavam.


CORRENDO O RISCO

Quem na verdade risca nosso destino?
Estará Deus por trás de tudo isso?
Com Bic?

Grafite?

Pintando oito vezes o teu nome na
Pedra da solidão?
Vejo tanto lirismo por trás dos teus óculos.
Será Deus daltônico?
Talvez esteja aí o mistério de tantas óticas
Na Conde da Boa Vista.

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