terça-feira, 6 de abril de 2010
GERAÇÃO 65
CLÁUDIO AGUIAR
SONHO SOLAR
A Miguel Elías Sánchez Sánchez
Eu não conheço o sol,
clarão que humilha e me faz manso.
Só o conheço na sombra
que também mata e inocenta.
No lago interior, alma afogada,
afundei a matéria abismal do choro,
facho imenso entre o dia e a noite.
Oh, escuridão eterna,
quando serei raio
partindo do útero da terra?
Eu não conheço a luz temporal
que anda por sendeiros,
buscando as pisadas das estrelas,
gerando um som que me emudece.
Ainda que o meu tamanho se agigante,
não vejo nada além do infinito.
Talvez me ensine mais o sonho
que me alimenta e logo me destrói:
rotor preciso da imensidão,
refrão nefasto da pequenez humana.
IMPROVISO A TRACEMA-ALENCAR
Iracemar - viver bem deslumbrado,
rindo na praia que Deus nos criou
além da inocência e do bom pecado,
com fogo, sal e sol devorador,
e todos votos do carnal amor.
Mercadoria fazes tuas mágoas,
América! Alencar te recriou,
além-mar, mar-além daquelas águas,
luzes banhadas pelo sol dos dias,
egressas de contados movimentos,
nascentes das canções de nossa gente,
cantadas em desoras maresias:
areal-pó, levado pelos ventos,
romance-aurora, madrigal silente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário