terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A TRAGÉDIA DO OUTEIRO
Theo Silva
Longe, no outeiro da serra,
Com a alegria da terra
Que dá o fruto e a raiz,
Numa casinha pequena,
Com uma viola morena,
Vivia um caboclo feliz.
Em noites claras de lua
Quando o silêncio flutua
Nos arvoredos em flor,
Se ouvia a viola gemer
E o dono dela fazer
Toadas pra seu amor.
Mas a vida é diferente
E o destino não consente
Aquilo que a gente quer,
E quando a gente não espera
Vai cair na esparrela
Dos olhos d’uma mulher.
Foi o que aconteceu.
Sem saber como, morreu
O caboclo cantador,
Esse caboclo que amava
A viola que contava
Histórias do seu amor.
Numa noite de São João
O ciúme, o grande tição,
Queimando sem ninguém ver,
Fez seu melhor camarada
Numa raiva desgraçada,
Mata-lo pra não sofrer.
Chamando pra ele ir
Uma novena assistir
E alegrar uma função,
O esperou numa estrada
Na boca d’uma emboscada
E o feriu no coração.
Quando ele vinha vindo
Com sua viola sentindo
Os encantos do amor,
Recebe um tiro certeiro
Cai a viola primeiro
E depois o cantador.
E de manhã bem cedinho,
Quando o sol devagarzinho
Acordou se espreguiçando,
Veio encontrar na estrada
Uma viola espedaçada
E uma morena chorando.
*Theo Silva é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras.
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