segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

É PRECISO ACREDITAR NOS SONHOS


Douglas Menezes

(Ao Pastor Erivaldo, com carinho)

Por mais que pareça comum e repetitivo, a existência seria vã e sem sentido, caso abdicássemos dos sonhos que nos embalam ao longo da vida. Sabemos das frustrações, das coisas que projetamos e não conseguimos realizar. As esperanças da juventude dão lugar a um não sei o quê de impotência e fatalismo, quando o dia a dia se impõe cruel e você busca tão-somente a sobrevivência. Na verdade, como encontrar forças contra os agentes que impedem uma existência de realizações? O pragmatismo, a lei da esperteza sem limite, a ganância sem fim, a inversão de valores, fazem, hoje, boa parte das pessoas sepultarem, sem uma tentativa, as visões oníricas mais legítimas.

No entanto, pessimismo à parte, observamos existir espaço para que se sonhe o sonho bem sonhado. Isto nos diferencia do irracionalismo animal. Dá o sentido que se quer para viver. Mais interessante é sabermos vislumbrar a possibilidade das realizações, muitas delas, perfeitamente possíveis, embora sem acreditarmos na hipótese de que sejam concretizadas.

Esse o combustível alimentador do presente e que deságua no futuro, deixando-nos a certeza, inclusive, da contribuição para um mundo melhor.

Não esqueçamos, aí é importante citar, o fato de que, mesmo quando não concretizamos aquilo imaginado, a projeção, o sonho, não foi em vão. Ele, alimenta, inclusive,o equilíbrio emocional e psicológico do sonhador. Lembremos, então,a música de Belchior, ilustramos o que afirmamos: ”Era como aquela gente honesta boa e comovida, que caminha para a morte pensando em vencer na vida”.
Dom Hélder, o grande pastor, morreu sonhando em ver os pobres comendo três vezes ao dia, o que ele chamava de pobreza com dignidade. Outros exemplos de tentativa do bem não conseguiram ser realizadas, mas deixaram a semente.

Por fim, façamos a reflexão. O sonho não é algo fictício. Irreal, às vezes; factível em muitos casos. Aos milhares, homens sacrificaram a existência ao longo dos séculos, só porque ousaram sonhar, e pensaram no bem coletivo. Isto porque não somos pedras. Nosso material é feito, inclusive, de sensibilidade muita; de emoção bastante; e de perspectiva sobre algo que pode vir. Como diz o poeta Moraes Moreira, popular e filosoficamente: ”Chorar é preciso e não faz vergonha, eu só acredito num homem que chora e sonha”.

DOUGLAS MENEZES é membro da Academia Cabense de Letras.

MAIO DE 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário