Na quarta-feira, 27 de janeiro, o salão de festas do Sesc de Santo Amaro superlotou com tantos artistas do teatro, da dança, da ópera e da música para a entrega do Prêmio APACEPE de Teatro e Dança, único voltado à produção profissional das artes cênicas no estado. Os troféus confeccionados pelo artista plástico Ricardo Cardeal foram entregues aos melhores do décimo-sexto projeto Janeiro de Grandes Espetáculos, com show de encerramento da cantora Gerlane Lops, em repertório animado marcado por sambas clássicos. A apresentação da festa ficou a cargo de intérpretes de produções premiadas na versão 2009: os bailarinos Mieja Chang (de “Coreológicas Recife”) e José W. Júnior (de “Imagens Não Explodidas”) e os atores Geysa Barlavento e Biagio Pecorelli (ambos do musical infanto-juvenil “Outra Vez, Era Uma Vez...”). A noite foi extremamente descontraída e, segundo uma unanimidade, com uma premiação bem rápida, afinal, todos queriam festejar com muita música e dança. Os atores Ivan Leite e José Brito, como o divertido casal Mateus e Catirina, animaram ainda mais o público presente, que pôde apreciar ainda uma ária da ópera “Dido e Eneas”, com a soprano Virgínia Cavalcanti acompanhada do pianista Manoel Theophilo, em homenagem a dois artistas falecidos, Hermógenes Araújo e Átila Araújo, e um número de dança de salão com os bailarinos Roberto Pereira & Giselly Andrade. Foi pura confraternização!
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS 2010 PREMIADOS COM O TROFÉU APACEPE DE TEATRO E DANÇA
Na quarta-feira, 27 de janeiro, o salão de festas do Sesc de Santo Amaro superlotou com tantos artistas do teatro, da dança, da ópera e da música para a entrega do Prêmio APACEPE de Teatro e Dança, único voltado à produção profissional das artes cênicas no estado. Os troféus confeccionados pelo artista plástico Ricardo Cardeal foram entregues aos melhores do décimo-sexto projeto Janeiro de Grandes Espetáculos, com show de encerramento da cantora Gerlane Lops, em repertório animado marcado por sambas clássicos. A apresentação da festa ficou a cargo de intérpretes de produções premiadas na versão 2009: os bailarinos Mieja Chang (de “Coreológicas Recife”) e José W. Júnior (de “Imagens Não Explodidas”) e os atores Geysa Barlavento e Biagio Pecorelli (ambos do musical infanto-juvenil “Outra Vez, Era Uma Vez...”). A noite foi extremamente descontraída e, segundo uma unanimidade, com uma premiação bem rápida, afinal, todos queriam festejar com muita música e dança. Os atores Ivan Leite e José Brito, como o divertido casal Mateus e Catirina, animaram ainda mais o público presente, que pôde apreciar ainda uma ária da ópera “Dido e Eneas”, com a soprano Virgínia Cavalcanti acompanhada do pianista Manoel Theophilo, em homenagem a dois artistas falecidos, Hermógenes Araújo e Átila Araújo, e um número de dança de salão com os bailarinos Roberto Pereira & Giselly Andrade. Foi pura confraternização!
CURTAS & BOAS
INTERPOÉTICA INFORMA:
A TRANSPARÊNCIA DO TEMPO
A Transparência do Tempo, livro de poesia de Fábio Andrade será lançado no dia 30 de janeiro, às 17h, na galeria Arte Plural, Rua da Moeda, 140 - Bairro do Recife. Na ocasião os escritores Cristhiano Aguiar e Felipe Aguiar debaterão sobre o livro. Confira.
A SOLIDÃO É ESPAÇOSA
Lula Arraes fala do livro de contos e crônicas: A solidão é espaçosa - Editora Caliban, da escritora Inah Lins de Albuquerque, que vai ser lançado no dia 2 de fevereiro, às 19h, na Livraria Cultura - Paço Alfândega, Bairro do Recife.
SELETA DA LITERATURA VISCERAL DE LARA
O poeta Lara está disponibilizando on line seu último livro: Seleta Visceral. Trata-se de uma coletânea cuja seleção foi feita pelo próprio autor, a partir de textos já publicados em seus sete livros anteriores e inclui uma pequena novela finalizada recentemente e alguns trabalhos inéditos.
Estamos abrindo novamente o espaço da “corda virtual” para ser glosado o mote, de autoria do poeta e xilogravador, Marcelo Soares:
VI A PORTEIRA DO MUNDO
ENTRE AS PERNAS DA MULHER
www.interpoetica.com
A RUA E ELE

Douglas Menezes*
A cidade dorme com ele. A marquise é o teto que a vida negou. Nevoenta a madrugada cabense. A cidade, já cosmopolita, silencia junto à chuva fina. Tão silenciosa quanto as pessoas fechando os olhos e ouvidos para aquele corpo encolhido sob papelões rasgados. Rasgada a roupa. Rasgada a carne pela violência mal disfarçada. Ao lado, a garrafa alimentando a ilusão. Solvente, cola, sei lá o quê, entorpecendo o sofrimento. Talvez sonhe com uma coisa que não virá. Talvez sonhe com um futuro nunca a realizar-se. Talvez nem chegue ao presente, tirado da vida assim, ao acaso. Ou ao sabor da crueldade planejada.
Nem dez anos, ele. Tenra idade, maduro precocemente. Horas depois,a rotina. Zanzando, furtando, gritando, rindo, chorando, cantando, existindo e morrendo, quem sabe.
Nome não tem. Só apelidos, desde que surgiu no mundo. Ele não nasce, surge: ventola, maromba, pivete, cacimba, negão. Vez por outra, um gesto de compaixão: um pão mal-dormido, igual a ele. No mais, o ódio pela maldade plantada, latente. Não teve tempo de ser bom. O cotidiano impondo-se monótono, todo dia igual. Talvez uma arma na mão, posta como um amuleto às avessas, selando seu destino. A antítese matar ou morrer passaria a evidenciar os passos da sua vida.
Um leve movimento indica a manhã próxima. Sair cedo é preciso. A claridade um aviso, não muito tempo pode passar ali. A manhã chega. A existência dele,no entanto, é noite. Uma arma na mão, talvez. A perversidade que não pôde nunca expressar ternura.
A cidade acorda. É linda a cidade acordando, com os pregões e os operários barulhentos. Envergonha-me observar o pequeno corpo ainda estendido sob o cimento, seu lar. Daqui a pouco, escorraçado, aumentará a legião de miúdos viventes, invisíveis para uma sociedade que olha, mas, insensível e hipócrita, desumana até, insiste em não ver.
*Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.
Junho de 2008 .
AMOR SEM ROMANCE (da peça "Coração Lilás)
Antonino Oliveira Júnior*
Eu nem abri meu coração
E você, lentamente,
foi transpondo tecidos,
músculos, células,
penetrando suave,
como suave é o ato de amar;
E aquietou meu coração arrítmico,
ditou seu compasso,
irrigou vasos,
liberou artérias
e concedeu vida à minh’alma;
Dois seres felizes,
prenhes de amor,
de um amor sem paixão,
de um amor sem romance,
de um amor que é só vida.
*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras
TÁ CHEGANDO O CARNAVAL - EVOÉ

DOMINGOS SÁVIO SERÁ HOMENAGEADO NO ENCONTRO DE BLOCOS
O maestro Domingos Sávio, do Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica, será um dos homenageados no Encontro de Blocos, que acontecerá no dia 31 de janeiro, domingo próximo, a partir das 16 horas, na rua da Aurora, em Recife. Os que reconhecem em omingos um defensor do autêntico carnaval pernambucanos, sem suingueiras e nem baianices, o parabenizam pelo reconhecimento dos recifenses.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
DITADURA
Natanael Júnior
VIVEMOS (ainda) SOB UMA
DITADURA
DURA VIDA
VIDA DURA...
BENDITA VIDA
VIDA BEM DITA
BEM DITA
BEM LIDA
VIDA.
TÁ CHEGANDO O CARNAVAL - EVOÉ
Acontece no próximo domingo, 31 de Janeiro, mais um Encontro de Blocos, na Rua da Aurora, em Recife. É uma oportunidade ímpar de ter contato com os Blocos Líricos de Recife e de ficar bem próximo e até participar das apresentações das agremiações que representam o carnaval romântico, que ainda faz chorar quando acaba o carnaval. É dia 31 de Janeiro, domingo, a partir das 16 horas, na Rua da Aurora, em Recife.
FRASES QUE CAMINHAM PELA CIDADE DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
"Cidade de tantas Histórias e sem nenhuma prá contar" (Gabriel Dourado - Poeta, em 1960))
"A cidade está passando por uma profunda depressão cultural" (Antonino Oliveira Júnior - Escritor - 2007)
"No Cabo, a arte está morta" (Mestre Uruda - Artista Plástico / Ceramista - 2010)
"A cidade está passando por uma profunda depressão cultural" (Antonino Oliveira Júnior - Escritor - 2007)
"No Cabo, a arte está morta" (Mestre Uruda - Artista Plástico / Ceramista - 2010)
UM ARTISTA PLURAL

Lula Côrtes
Lula Côrtes é único na força de suas canções, de suas poesias e de suas telas. Poeta, compositor e artista plástico, além de músico, é o que pode chamar de artista plural. Dono de uma visão pouco convencional do que seja o belo, é, na verdade, um artista que tudo tinha para ser mais um xodó das elites, no entanto, cheira a povo, porque transpira humildade e exercita diariamente uma profunda proximidade com a cultura popular. Roqueiro clássico, no sentido de primar pela qualidade, produz arte e cultura de forma contumaz. Como homenagem do Blog, postamos duas de suas belas canções:
A Força da canção
Lula Côrtes
Não deixe que o mundo malvado destrua
A força da sua mais nova canção
Que o monstro sedento lhe oprima e lhe assuste
Em seu desajuste, lhe roube a emoção
Não deixe que a dura visão do abandono
Lhe torne tão louco como um cão sem dono
Vagando na rua sem ser de ninguém
Que os galhos profundos dos golpes da vida
Lhe tomem, se tornem eternas feridas
De uma força maior que lhe afaste do bem
Porque a maldade, meu bem na verdade
É o puro retrato da realidade
Dos homens mais fracos que perdem a partida
Mais pelo contrário, reúna-se aos seus
Quando e se puder faça as pazes com Deus
Talvez uma luz lhe indique a saída.
Versos perversos
Lula Côrtes
Meus versos são frutos perversos
E que não brotam do nada
Ao contrário dessa coisa tão falada
Da inspiração que vem do espaço etéreo
Eu contestando esse argumento antigo
Digo acordado e assim sonhando, estigo
Versos são frutos com sabores sérios
Insônia, solidão, ou descontentamento
Versos são quase como um testamento
Deixados por homens sombrios
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A menina Clarice Lispector: erotização da infância
Por Ermelinda Ferreira
Você sabe que só relembrando de uma vez, com toda a violência, é que a gente termina o que a infância sofrida nos deu?
(Clarice Lispector )
Analisados conjuntamente, uma característica sobressai nos contos que tematizam Clarice Lispector quando menina, no livro Felicidade Clandestina: o erotismo. São quatro histórias de amor, ou de quase-amor, ou do amor como inevitável destino, vivenciadas em ansiosa expectativa por uma menina que mal pode esperar crescer, e que não se sente à vontade no corpo provisório de sua “interminável infância”, de sua “infância impossível”. “Nasci para amar os outros – diria ela –, para escrever e para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca”.
Escritas em primeira pessoa, neste que poderia ser considerado um dos livros de cunho mais autobiográfico da autora, as narrativas resgatam, de uma perspectiva memorialista da mulher adulta, a arguta ingenuidade de seus pensamentos e sentimentos aos oito e nove anos de idade, quando moradora da cidade do Recife, por cujas ruas perambulava, aos saltos, enchendo-as da memória da sua passagem. Esse material, buscado a uma época tenra de sua história pessoal, é utilizado para suas reflexões sobre a vida, a atividade literária e o exercício de um feminismo místico que se torna a marca de seu estilo.
Nascida em 10 de dezembro de 1920 em Tchetchelnik, uma aldeia na Ucrânia que não aparece no mapa, Clarice chegou ao Brasil com dois meses de idade, para morar em Alagoas, e depois em Pernambuco. Passou a infância em Recife, mudando-se com a família para o Rio de Janeiro em 1934. Em Recife, morou num pequeno sobrado na Praça Maciel Pinheiro, e fez o curso primário no grupo escolar João Barbalho. Aos sete anos aprendeu a ler e descobriu que os livros eram escritos por autores, fato espantoso para ela. Queria ser autora também e passou a escrever histórias ingênuas, que enviava para o Diário da Tarde. Havia prêmios para as melhores, mas Clarice nunca ganhou nada, talvez porque seus textos já focalizassem menos o enredo do que a reflexão. Aos nove anos escreveu uma peça de três atos, que não revelou a ninguém e por muito tempo guardou numa estante: “Era uma história de amor”, confessaria mais tarde. E lia muito. Também aos nove anos, perdeu a mãe. No mesmo ano, terminou o curso primário e entrou para o Ginásio Pernambucano. Foi aí que tomou consciência “de que estudava”.
Através da erotização de sua infância, Clarice fala de si mesma como de uma criança precoce, ansiosa para crescer e tomar posse de sua vida e dos segredos do mundo dos adultos. O erotismo também aparece nesses contos como um mecanismo compensatório das dificuldades enfrentadas pela família de imigrantes russos – o pai Pedro, a mãe Marian e as três filhas, Tânia, Elisa e Clarice – para sobreviver no novo país, resgatando a alegria que o termo “erótico” evoca, como impulso de vida, fecundidade e criação – elementos que a guiarão sempre – em oposição a tanatos, o impulso da morte, da esterilidade e da destruição.
A seguir, consideraremos os quatro contos - “Felicidade Clandestina”, “Restos do Carnaval”, “Cem Anos de Perdão” e “Os Desastres de Sofia” – analisando a perspectiva da infância erotizada.
FELICIDADE CLANDESTINA
O título do livro - Felicidade Clandestina - é sugestivo porque colhido de um relato, contido neste volume, que homenageia o pai da literatura infantil brasileira, Monteiro Lobato, de maneira entusiástica: através da paixão de uma menina (que se supõe ser a própria Clarice) pelo primeiro volume da série d’O Sítio do Picapau Amarelo: As Reinações de Narizinho. Provavelmente não foi casual a alusão a esta obra por Clarice, uma vez que ela centraliza a ação numa menina de sete anos, órfã – Lúcia, a “Narizinho” -, que é criada pela avó. A famosa Emília ainda aparece como boneca de pano, muda, que só ganhará voz e destaque ao longo do tempo. Os principais episódios de abertura da série dialogam com a temática clássica dos contos de fadas dirigidos sobretudo às meninas: a espera do príncipe encantado, que levará ao inevitável “final feliz” desse gênero de história: o casamento. Os principais eventos do livro de Lobato, portanto, são dois casamentos “arranjados”: o de Narizinho com o “Príncipe Escamado”, rei do maravilhoso Reino das Águas Claras, situado no ribeirãozinho do sítio; e o de Emília com o porco do quintal, o célebre “Marquês de Rabicó”. A fina ironia de Lobato com relação aos temas ligados à mulher, a irreverência com que sugere às meninas atitudes de independência e liberdade, bem como o senso profundamente crítico com que relê os textos dedicados à infância, não devem, certamente, ter escapado à percepção de Clarice. Um dos príncipes “encantados” aparece “escamado”, o outro é emporcalhado e indigno sequer da alcunha de “marquês”. Após o casamento, as meninas abandonam os “maridos” e seguem suas vidas. Emília cogita em “divórcio” ao longo da série, numa época em que o divórcio era proibido no Brasil, razão pela qual os livros de Lobato chegaram a ser queimados e proibidos nos colégios católicos para moças. A busca da verdade para além da convenção é uma constante na narrativa infantil de Lobato, e a marca de sua originalidade e pioneirismo na reformulação do gênero e na redefinição da imagem da criança na sociedade moderna, até então “esculpida” pelos textos moralistas, perpassados pelas noções de culpa e de castigo.
O enredo de Clarice é muito simples. Uma menina deseja ler o livro de Lobato, sensualmente descrito como “um livro grosso, meu Deus, para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o”. O livro pertence a uma colega, cujo pai é dono de uma livraria. Essa garota tiraniza a amiguinha longamente, criando uma expectativa nunca satisfeita de empréstimo, e estabelecendo uma relação cruel de dependência que só terminará quando sua mãe descobrir o fato e entregar o livro à menina desesperada, que todos os dias “batia à sua porta, exausta, ao vento das ruas de Recife”. Desde o início, porém, o relato ressalta as características físicas das meninas, valorizando o estereótipo da “bonitinha, esguia, altinha, loura e de cabelos livres”, que provocava a inveja da “gorda, baixa, sardenta e de cabelos crespos”, que se vingava impondo à outra o suplício da esperança. A rivalidade que se estabelece entre ambas aproxima-se, assim, de uma disputa pelo ser amado, objeto do amor real de uma, e da simples posse interesseira de outra, que culmina com a revelação da alegoria, quando da descrição da “felicidade clandestina” da criança que obtém o objeto amado: “Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante”.
RESTOS DE CARNAVAL
Em “Restos do Carnaval” o procedimento narrativo é o mesmo: a escritora adulta rememora um episódio da sua infância passada nas ruas e praças de Recife, que encontravam “sua razão de ser” no Carnaval. O episódio tem uma carga emocional muito forte, porque expressa o conflito vivido pela menina pequena, cercada pela alegria da festa alheia, a festa de rua, a festa de todos, a festa em si mesma, e o peso de um drama familiar, nota destoante de uma tragédia íntima, ameaçadora e terrível para qualquer criança: a doença da mãe, que piora nesta data, e que depois viria a falecer. O contraste é gritante, e aparece até no título: “restos”. Restos de um carnaval que, por qualquer motivo, a escritora relembra como “as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete”, e que vem a se tornar alegoria de outras situações semelhantes na vida, quando a própria vida em festa parece rir, cruelmente, do seu luto pessoal.
A história, porém, não ocorre numa quarta-feira. O carnaval está apenas começando, e a menina - cujas dificuldades financeiras são sempre enfatizadas, pelo aprendizado da privação e da conformação a que a obriga desde cedo -, acaba de ganhar uma fantasia de Rosa, dos restos da fantasia de uma amiguinha. Toda a dor que a autora adulta revela pela consciência do contraste irônico da situação, para ela imperdoável (“Muitas coisas que me aconteceram tão piores que esta, eu já perdoei. No entanto esta não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso”), inexiste na atitude da criança descrita. Completamente alheia, ou alheando-se inconscientemente do seu drama pessoal, a menina não pensa na mãe a sofrer. Não pensa na morte que se aproxima, e a agitação da família em torno da mãe doente é ignorada em função da fantasia. A fantasia real, a roupa de papel crepom cor-de-rosa, que pretendia imitar as pétalas de uma flor; e a fantasia abstrata, a realização de um sonho: “pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma”, que revela o desejo de fuga daquela situação angustiante demais para ser apreendida pela criança, e talvez da própria vida real, sentida em seu limite e estreiteza.
O clímax do conto acontece em meio à agitação da menina que, preparada para a festa, é enviada depressa à farmácia para comprar remédio para a mãe, que sofre uma súbita piora. Ela vai, correndo, mas acompanhada de muda revolta e indignação pela coincidência da tragédia que se atravessa no caminho da sua alegria, sentimentos que perduram para além da infância, sobrevivendo no espírito da mulher adulta que relembra o fato. Nenhuma palavra de simpatia, preocupação ou dor é proferida com relação à mãe, nem mesmo pela adulta que a rememora. Clarice menciona apenas a lembrança de algum remorso da menina pela sua “fome de êxtase”, que ameaçava voltar em meio à festa da qual se sentia impedida de participar. De maneira algo egoísta, o que dói é a quebra da magia da criança, que começava a se acreditar uma Rosa, satisfazendo seu “sonho intenso de ser uma moça”. O que dói é a súbita deserotização da menina, que finalmente teria realizado o seu sonho de transformação em mulher, com a inesperada roupa que completaria a pintura forte nos lábios, o ruge nas faces e os cabelos frisados pela irmã, a seu pedido, nos outros Carnavais. O que dói, e o que a faz relembrar este episódio, é o desencanto vivido: “não era mais uma Rosa, era um palhaço pensativo de lábios encarnados”.
O “final feliz” surge como um anti-clímax, aí colocado para impedir, talvez, que a condenação da mãe doente pela criança frustrada em seus desejos apareça como o único desfecho cruel dessa história. Daí a menção ao menino de doze anos, que cobre de confete os cabelos “já lisos” da menina, fazendo-a sentir-se, por um instante neste dia horrível, uma “mulherzinha” de oito anos: uma Rosa.
CEM ANOS DE PERDÃO
Quem me amasse, assim eu curaria quem sofresse de mim.
Neste breve conto, também passado nas ruas de Recife, Clarice Lispector aborda novamente o tema da rosa, que lhe é tão caro. Rosa é um anagrama de Eros, o deus do amor, e essa flor tem sido consagrada às Deusas do Amor desde a Antigüidade. Também é curioso observar que o termo sub rosa, para os ocultistas, significa “algo feito em segredo”. A expressão “sob o signo da rosa” tem um sentido bastante específico para os iniciados nas doutrinas esotéricas. Para eles, o segredo é a Rosa – a rosa vermelha da outra Maria, não a mãe, mas a esposa; a Maria que representa Eros, o aspecto nupcial apaixonado do feminino que foi negado pela Igreja Católica. Os rosa-cruzes, cuja sociedade secreta proliferou durante o século XVII, mas que provavelmente se originou muito tempo antes, usavam o símbolo da cruz com a rosa no centro, cujo real significado só era conhecido por um pequeno grupo. Essa não era a cruz ortodoxa de Pedro e Jesus, que foi repudiada pelos hereges como um impiedoso instrumento de tortura. A sua cruz era o X vermelho da iluminação verdadeira, símbolo de lux ou “luz”. E lux está contido em “luxúria”, um dos pecados capitais condenados pela Igreja. Para os hereges dos primeiros tempos do catolicismo, a negação e a repressão do feminino haviam deformado a sociedade, privando-a de sua alegria e independência. Desde então, o trabalho de muitos artistas e intelectuais iniciados voltou-se para o uso de uma simbologia oculta, na tentativa de devolver a Mulher, o feminino esquecido, à consciência da sociedade.
A história de Clarice situa a menina, mais uma vez, num ambiente de contraste entre um mundo de sonho, ao qual pertencem os outros, e um mundo de privações, que é o seu. Se em “Felicidade Clandestina” ela fala da dificuldade de comprar livros e em “Restos de Carnaval” da dificuldade de ter uma fantasia – o que, afinal, é quase a mesma coisa -, em “Cem anos de perdão” ela fala de outra fantasia, tornada talvez realidade, e cuja satisfação da conquista se assemelha a uma visita aos bairros ricos da cidade, diferentes do seu, onde em vez de sobrados simples como aquele em que mora há imponentes palacetes cercados de pomares e jardins, que despertam a sua admiração e cobiça.
O relato memorialístico lembra a menina Clarice, com uma amiguinha, olhando “com a cara imprensada nas grades”, estrangeiras e ávidas, o mundo de beleza e fartura que lhes é vedado, do qual se sentem exiladas e no qual são, efetivamente, proibidas de entrar. O enredo se desenvolve em torno dos cálculos da menina para roubar uma rosa de um jardim. O objeto do roubo é tão pequeno para a importância que lhe dá a autora, que chega a produzir uma suspeita no leitor. Ao contrário dos demais contos, nos quais ela implora a outros a satisfação de seus desejos, ou cede à frustração dos mesmos, neste conto ela não espera nem se conforma, ao contrário, tece os seus ardis e vai em busca daquilo que deseja, sem se importar com as conseqüências. É como se toda aquela exuberância e alegria alheias pudessem ser experimentadas por vias sorrateiras, ilegais, mas tão legítimas quanto quaisquer outras.
Uma carga simbólica fortemente erótica envolve todo o relato desta mulher, cujo nome, Lispector – literalmente “flor-de-lis no peito” –, evoca o lírio, outra flor mística que na tradição bíblica é símbolo da eleição do ser amado, como aparece no Cântico dos Cânticos, e na tradição heráldica representa a flor de glória, fonte de fecundidade. A brancura do lírio, símbolo de pureza, inocência e virgindade, contrapõe-se ao vermelho da rosa, que na iconografia cristã é a taça que recolhe o sangue de Cristo, ou a transfiguração das gotas desse sangue, ou o signo das chagas de Cristo. Por sua relação com o sangue derramado, a rosa parece ser freqüentemente o símbolo de um renascimento místico através do amor. Curiosamente, Clarice cria uma alcunha para si que ultrapassa a “marca” de pureza atávica impressa em seu sobrenome: Rosa.
OS DESASTRES DE SOFIA
Eu daria tudo o que era meu por nada, mas queria que tudo me fosse dado por nada.
Fechando a série da nossa seleção de quatro narrativas autobiográficas, este longo conto também alude, como o primeiro, a um livro infantil: Os Desastres de Sofia, da Condessa de Ségur, grande sucesso na França e no Brasil até meados do século XX. Também neste caso a alusão não parece ser gratuita. Muitos elementos neste livro são de importância fulcral para a autora. O nome da menina, por exemplo, que significa “sabedoria”, entra em choque com a sua atuação dita “desastrosa” no mundo, narrada sob a forma de episódios onde a efabulação conduz a uma inevitável “moral da história”, de cunho fortemente religioso e repressor. Expressa por um adulto - em geral a mãe, que ocupa o lugar da educadora –, esses ensinamentos direcionam-se sempre ao julgamento e à condenação dos atos da criança, desfiando os itens de uma cartilha de normas sobre a formação de uma “menina exemplar”. As meninas exemplares é, aliás, o título do segundo volume da “edificante” série desta autora, um gênero que durante décadas foi considerado de eleição para a leitura do público infantil. Neste livro, reforça-se o contraste do comportamento de duas irmãs “perfeitas”, Camila e Madalena, e da “pobre Sofia”, agora órfã de mãe – como a menina Clarice –, que após um breve período de castigos e sofrimentos atrozes com a madrasta, passa a viver com uma nova família, a fim de continuar o seu aprendizado para a vida.
Numa pedagogia que se pretende moderna e menos repressora, a Condessa sublima a agressão física, descrevendo técnicas variadas de tortura psicológica para refrear os impulsos indesejados das crianças. Os livros deixam clara a noção de treinamento: a literatura infantil deveria ser um aliado importante na árdua tarefa da família e da escola de criar o adulto ideal, obedecendo a parâmetros pré-estabelecidos. Assim, o leitor da obra da Condessa de Ségur poderá acompanhar a transformação da alegre e irreverente Sofia, uma menina interessante e curiosa, cheia de vida e de idéias, numa pálida versão de si mesma, irreconhecível na criaturinha tímida e oprimida, silenciosa e submissa que aparece, em papel exemplarmente secundário, no terceiro volume da série, As Férias.
No livro resgatado por Clarice, portanto, a pequena Sofia tem inacreditáveis três anos de idade para a severidade do exercício de doutrinamento ao qual é submetida, e que deve ter atingido a jovem leitora Clarice de perto, pois menciona questões que lhe são pessoalmente caras. Como a vaidade da menina, por exemplo. Num dos episódios que começa, como os demais, definindo o “pecado” de Sofia que se vai procurar corrigir – “Sofia era vaidosinha. Gostava de estar sempre bem arrumada e de que a achassem bonita. No entanto, ela não era bonita.” -, a Condessa narra a admiração de Sofia pelos cabelos cacheados. Como vimos, esse também era um tópico importantíssimo para a menina Clarice, cujos cabelos irremediavelmente lisos causavam-lhe tristeza. Como diz, no conto “Os desastres de Sofia”: “Suportando com desenvolta amargura as minhas pernas compridas e os sapatos sempre cambaios, humilhada por não ser uma flor, e sobretudo, torturada por uma infância enorme que eu temia nunca chegar a um fim – sacudia com altivez a minha única riqueza: os cabelos escorridos que eu planejava ficarem um dia bonitos com permanente e que por conta do futuro eu já exercitava sacudindo-os”.
No livro da Condessa, a condenação de Sofia por haver molhado os cabelos na chuva para encrespá-los vem sob a forma de um castigo humilhante. A mãe a expõe, deliberadamente, ao riso e às pilhérias dos outros, obrigando-a a comparecer ao jantar toda suja e molhada. O resultado é sempre definido numa frase de arremate, onde a Condessa resume o sucesso do seu método educacional: “Desde esse dia Sofia nunca mais se expôs à chuva para encrespar o cabelo”. Em outros episódios: “Nunca mais procurou fazer nada para ficar com sobrancelhas bonitas”; “Nunca mais foi aonde não devia ir”; “Nunca mais disse o que não devia dizer”; “Nunca mais fez o que não devia fazer”. Assistimos, assim, à paulatina destruição da auto-estima da criança, à amputação do seu intelecto, ao cerceamento da sua criatividade e ao encaminhamento de sua história para um fim previsível e insípido, onde a “sabedoria” impressa no nome da menina é associada à mera habilidade de repetir as regras ditadas, obedecendo-as para corresponder às expectativas dos adultos.
Em seu estudo Literatura Infantil –Teoria, Análise, Didática, Nelly Novaes Coelho discute a radical mudança dos valores tradicionais da sociedade, ocorrida no século XX, e determina quais os principais aspectos temáticos e formais que diferenciam as literaturas destinadas ao público infantojuvenil de ontem e de hoje. No quadro abaixo transcrito, ela oferece um resumo das características dos dois paradigmas de representação da criança vigentes nas obras para e/ou sobre a infância, que podem ser úteis para analisarmos os seus princípios nas autoras aqui consideradas:
Última semana do XVI Janeiro de Grandes Espetáculos
SEGUNDA-FEIRA COM DEBATE E LEITURA
Debate sobre as atrações de dança do evento (5 Minutos Para Blackout, De Dentro, Leve, Por Um Fio Em Lã e Sobre Um Paroquiano), às 19h, no Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, 1° Andar – Bairro do Recife), com participação da pesquisadora Roberta Ramos e do bailarino Marco Bonachela. A mediação é do jornalista Marcelo Sena. Entrada franca.
Também às 19h, no Teatro Apolo (tel. 3232 2028), acontece a leitura dramática da tragédia grega “As Troianas”, de Eurípedes, com o Grupo Magiluth, sob direção de Marcus Rodrigues. Entrada a R$ 1 (hum real).
TERÇA-FEIRA PUNK
O Coletivo Dois Contemporâneo (MG), apresenta às 20h, no Teatro Armazém (Bairro do Recife), ao preço de R$ 5 (valor único promocional), “Meu Grito de Dor”, montagem em dança-teatro com cenas de sadomasoquismo, tortura e violência. Espetáculo indicado para maiores de 18 anos.
QUARTA-FEIRA DE FESTA
A entrega do Troféu APACEPE de Teatro e Dança aos melhores do projeto JGE acontece no Sesc de Santo Amaro, às 19h, em meio a uma festa de confraternização. O ator José Brito no papel da divertida Catirina, os dançarinos de salão Giselly Andrade & Roberto Pereira e a cantora lírica Virgínia Cavalcanti são as atrações convidadas, com show de encerramento da sambista Gerlane Lops. Entrada franca para os artistas participantes do evento e R$ 5 para o público em geral. Informações: 3082 2830.
QUINTA-FEIRA INTERNACIONAL
Atração de Portugal, “A Visita”, da companhia Teatro Invisível, é um solo do ator português Pedro Giestas, com apresentação nesta quinta e sexta, às 20h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro) e ingressos a R$ 20 e R$ 10. Texto e direção de Moncho Rodriguez.
Debate sobre as atrações de dança do evento (5 Minutos Para Blackout, De Dentro, Leve, Por Um Fio Em Lã e Sobre Um Paroquiano), às 19h, no Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, 1° Andar – Bairro do Recife), com participação da pesquisadora Roberta Ramos e do bailarino Marco Bonachela. A mediação é do jornalista Marcelo Sena. Entrada franca.
Também às 19h, no Teatro Apolo (tel. 3232 2028), acontece a leitura dramática da tragédia grega “As Troianas”, de Eurípedes, com o Grupo Magiluth, sob direção de Marcus Rodrigues. Entrada a R$ 1 (hum real).
TERÇA-FEIRA PUNK
O Coletivo Dois Contemporâneo (MG), apresenta às 20h, no Teatro Armazém (Bairro do Recife), ao preço de R$ 5 (valor único promocional), “Meu Grito de Dor”, montagem em dança-teatro com cenas de sadomasoquismo, tortura e violência. Espetáculo indicado para maiores de 18 anos.
QUARTA-FEIRA DE FESTA
A entrega do Troféu APACEPE de Teatro e Dança aos melhores do projeto JGE acontece no Sesc de Santo Amaro, às 19h, em meio a uma festa de confraternização. O ator José Brito no papel da divertida Catirina, os dançarinos de salão Giselly Andrade & Roberto Pereira e a cantora lírica Virgínia Cavalcanti são as atrações convidadas, com show de encerramento da sambista Gerlane Lops. Entrada franca para os artistas participantes do evento e R$ 5 para o público em geral. Informações: 3082 2830.
QUINTA-FEIRA INTERNACIONAL
Atração de Portugal, “A Visita”, da companhia Teatro Invisível, é um solo do ator português Pedro Giestas, com apresentação nesta quinta e sexta, às 20h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro) e ingressos a R$ 20 e R$ 10. Texto e direção de Moncho Rodriguez.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
OROPA, FRANÇA E BAHIA

ASCENSO FERREIRA
"Oropa, França e Bahia"
(Romance)
Para os 3 Manuéis:
Manuel Bandeira
Manuel de Souza Barros
Manuel Gomes Maranhão
Num sobradão arruinado,
Tristonho, mal-assombrado,
Que dava fundos prá terra.
( "para ver marujos,
Ttituliluliu!
ao desembarcar").
...Morava Manuel Furtado,
português apatacado,
com Maria de Alencar!
Maria, era uma cafuza,
cheia de grandes feitiços.
Ah! os seus braços roliços!
Ah! os seus peitos maciços!
Faziam Manuel babar...
A vida de Manuel,
qque louco alguém o dizia,
era vigiar das janelas
toda noite e todo o dia,
as naus que ao longe passavam,
de "Oropa, França e Bahia"!
— Me dá uma nau daquelas,
lhe suplicava Maria.
— Estás idiota , Maria.
Essas naus foram vintena
Que eu herdei da minha tia!
Por todo o ouro do mundo
eu jamais a trocaria!
Dou-te tudo que quiseres:
Dou-te xale de Tonquim!
Dou-te uma saia bordada!
Dou-te leques de marfim!
Queijos da Serra Estrela,
perfumes de benjoim...
Nada.
A mulata só queria
que seu Manuel lhe desse
uma nauzinha daquelas,
inda a mais pichititinha,
prá ela ir ver essas terras
"De Oropa, França e Bahia"...
— Ó Maria, hoje nós temos
vinhos da quinta do Aguirre,
uma queijadas de Sintra,
só prá tu te distraire
desse pensamento ruim...
— Seu Manuel, isso é besteira!
Eu prefiro macaxeira
com galinha de oxinxim!
"Ó lua que alumias
esse mundo de meu Deus,
alumia a mim também
que ando fora dos meus..."
Cantava Seu Manuel
espantando os males seus.
"Eu sou mulata dengosa,
linda, faceira, mimosa,
qual outras brancas não são"...
Cantava forte Maria,
pisando fubá de milho,
lentamente no pilão...
Uma noite de luar,
que estava mesmo taful,
mais de 400 naus,
surgiram vindas do Sul...
— Ah! Seu Manuel, isso chega...
Danou-se de escada abaixo,
se atirou no mar azul.
— "Onde vais mulhé?"
— Vou me daná no carrosé!
— Tu não vais, mulhé,
— mulhé, você não vai lá..."
Maria atirou-se n´água,
Seu Manuel seguiu atrás...
— Quero a mais pichititinha!
— Raios te partam, Maria!
Essas naus são meus tesouros,
ganhou-as matando mouros
o marido da minha tia !
Vêm dos confins do mundo...
De "Oropa, França e Bahia"!
Nadavam de mar em fora...
(Manuel atrás de Maria!)
Passou-se uma hora, outra hora,
e as naus nenhum atingia...
Faz-se um silêncio nas águas,
cadê Manuel e Maria?!
De madrugada, na praia,
dois corpos o mar lambia...
Seu Manuel era um "Boi Morto",
Maria, uma "Cotovia"!
E as naus de Manuel Furtado,
herança de sua tia?
— continuam mar em fora,
navegando noite e dia...
Caminham para "Pasárgada",
para o reino da Poesia!
Herdou-as Manuel Bandeira,
que, ante a minha choradeira,
me deu a menor que havia!
— As eternas naus do Sonho,
de "Oropa, França e Bahia"...
O CARNAVAL ESTÁ CHEGANDO - EVOÉ

GETÚLIO CAVALCANTI
ÚLTIMO REGRESSO
Composição: Getúlio Cavalcanti
Falam tanto que meu bloco está,
dando adeus pra nunca mais sair.
E depois que ele desfilar,
do seu povo vai se despedir.
Do regresso de não mais voltar,
suas pastoras vão pedir:
Não deixem não, que o bloco campeão,
guarde no peito a dor de não cantar.
Um bloco a mais é um sonho que se faz
o pastoril da vida singular.
É lindo ver ver o dia amanhecer,
ouvir ao longe pastorinhas mil,
dizendo bem, que o Recife tem,
o carnaval melhor do meu Brasil
O BICHO
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
COMPUTADORES A LENHA, CHIPS A VAPOR
Malungo
Mãos analfabetas folheiam cordéis digitais.
Paralíticos binários dançam cirandas ancestrais.
Os alto-falantes vomitam os sons dos sintéticos
baiões.
Um bando alienando o povo com seus forrós
charlatões.
Neurônios, fios e tomadas.
Circuitos e impulsos nos pés
Dançando um maracatu elétrico.
Das mãos saem faíscas;
Palmas pro coco de roda!
Um pensamento plugado na eletrosfera
E um cérebro iluminando quarteirões.
Mãos analfabetas folheiam cordéis digitais.
Paralíticos binários dançam cirandas ancestrais.
Os alto-falantes vomitam os sons dos sintéticos
baiões.
Um bando alienando o povo com seus forrós
charlatões.
Neurônios, fios e tomadas.
Circuitos e impulsos nos pés
Dançando um maracatu elétrico.
Das mãos saem faíscas;
Palmas pro coco de roda!
Um pensamento plugado na eletrosfera
E um cérebro iluminando quarteirões.
DEUS-VERME

Augusto dos Anjos
O DEUS-VERME
Factor universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.
Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação fúnerea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.
Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!
VOZ POR TODA PARTE
Natanael Lima Jr.
um acordo fiz contra o acordo:
sangrar de vez a voz
e ser grito e lábios eternamente.
um acordo fiz contra o acordo:
ter palavras qual extensão da vida
e ser olhos, mãos e alma.
um acordo fiz contra o acordo:
jamais limitar o sonho
e viver até desflorescer.
um acordo fiz contra o acordo:
jamais ressuscitar a dor,
ser amor permanente
e voz por toda parte.
*Natanael Lima Jr. é membro da Academia Cabense de Letras
um acordo fiz contra o acordo:
sangrar de vez a voz
e ser grito e lábios eternamente.
um acordo fiz contra o acordo:
ter palavras qual extensão da vida
e ser olhos, mãos e alma.
um acordo fiz contra o acordo:
jamais limitar o sonho
e viver até desflorescer.
um acordo fiz contra o acordo:
jamais ressuscitar a dor,
ser amor permanente
e voz por toda parte.
*Natanael Lima Jr. é membro da Academia Cabense de Letras
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
ACTA A TODO VAPOR
PONTO DE CULTURA BACAMARTE: TIRO DA PAZ
OFICINA DE XAXADO
Dia 23 de Janeiro, sábado, a partir das 9 horas da manhã, Oficina de Xaxado, grátis, promovida pelo Ponto de Cultura Bacamarte: Tiro da Paz, em convênio com a Fundarpe. O Ponto de Cultura é coordenado pelo poeta e artista plástico Ivan Marinho, que também integra o grupo de Bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
FANTASIA DA JUVENTUDE LÍRICA

O Coral e Orquestra Fantasia da Juventude Lírica já está em fase de ensaio geral. Coordenado e liderado pelo professor e maestro Domingos Sávio, o grupo, nascido no Cabo de Santo Agostinho é, hoje, um nome bastante requisitado por Blocos de Recife e para apresentações em focos de animação do carnaval de Pernambuco.
TÁ CHEGANDO O CARNAVAL - EVOÉ

Dia 31 de Janeiro acontece o tradicional Encontro de Blocos, na Rua da Aurora, em Recife. É simplesmente espetacular este evento que leva os presentes a se deliciarem com o carnaval romântico dos Blocos Líricos. Vale a pena chegar, no final da tarde e entrar pela noite, curtindo os mais belos frevos-de-blocos. É uma viagem ao mundo do carnaval romântico. Vale a pena conferir.
DIVERSIDADE MUSICAL DE PERNAMBUCO

Canto Reggae é uma banda Pernambucana que emite som de raiz. Com uma equipe forte e focada em fazer o melhor reggae, ela vem se destacando há mais de sete anos no cenário plural de Recife. A banda nasceu de uma conversa de dois músicos da Cidade do Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco. Oberdan, que veio da MPB dos bares e das noites e Moares, que veio do Rock da banda ELITE NA MIRA. Resolveram formar uma banda de reggae que até então era novidade em Cabo de Santo Agostinho.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
PARA NÃO NOS ESQUECERMOS
Douglas Menezes
Na década de oitenta do século passado, um grupo de jovens aqui do cabo de Santo Agostinho fundou um folheto poético chamado “Para não nos Esquecermos”. Natanael Júnior, Paulo Cultura, de saudosa memória, Antonino Júnior, Frederico Menezes, Gerson Santos, Jeová, entre outros, faziam parte desse trabalho, cuja tentativa maior era resgatar o fazer poético da cidade de Santo Agostinho e avivar a memória dos cabenses para a necessidade de se perpetuar o bem imaterial do município através da arte. Foi uma angustiante busca de se produzir uma “Cantiga para não morrer”, como bem diz o grande poeta Ferreira Gullar. E embora de vida efêmera, a publicação foi um grito, uma chamada de atenção, um incentivo para que não deixássemos de falar, de ter voz, de mostrar à ditadura, principalmente a nível da cidade, que nós estávamos vivos, que tínhamos corações e mentes e, sobretudo, sensibilidade.
Fazíamos parte do grupo e não lembramos bem quem colocou o título tão sugestivo. O certo é que, a partir daquela edição, alguns companheiros não pararam mais de produzir literatura, embora uns tivessem feito um hiato e depois retornado à produção. Parte deles lançou livros, que hoje são antológicos dentro do fazer literário da cidade do Cabo. Natanael Júnior conseguiu a façanha de publicar um livro pelas Edições Piratas, um dos movimentos mais significativos do século vinte na cultura pernambucana. Podemos mesmo dizer que a década de oitenta fez surgir boa parte da hoje Academia Cabense de Letras. Aqueles sonhadores não pleiteavam fama, glória literária, mas apenas um espaço para poder cantar o que a alma implorava.E lembremos: isto ainda na ditadura militar, onde a liberdade de expressão se mantinha cerceada.
Aqueles jovens escritores confirmaram, também, a visão de que se podia fazer cultura sem a tutela do poder público, à época, como hoje, insensível aos bens imateriais de uma comunidade. Mostraram que é possível dizer “as coisas” sem o carimbo oficial” que, muitas vezes, tiram a chance do artista ser realmente livre para realizar seu trabalho. Sua arte sobrevivia da necessidade de produzir esteticamente e de fazer história,deixando claro que a cidade é o povo, com o seu cotidiano sofrido, com sua tradição natural. As pessoas simples é que fazem a historiografia de um lugar, pois o poder é passageiro e muitos dos governantes são jogados apenas no lixo dos anos que se passam.
“Para não nos Esquecermos” teve vida curta, foi sucedido pelo bem mais elaborado “Sol de Versos”, mas, embora quase esquecido, deixou semente e marcou nossa existência. Guardamos suas edições como a um tesouro que não tem preço. Em seu último e eterno número a frase emblemática, que resume o espírito romântico, rebelde, histórico e identificador com a cidade: “Tem Arte e Artistas nas Ladeiras do Cabo de Santo Agostinho”.Lição que os novos deveriam assimilar, pois assusta como, a passos largos, perdemos a identidade e o humanismo. Tornamo-nos cosmopolitas e ricos economicamente, mas estamos esquecendo de beber a água da fonte da espiritualidade que é a cultura. E antes que seja muito tarde, façamos o retorno sem deixar de avançar. Toquemos o presente buscando inspiração no passado “para não nos esquecermos”.
- JANEIRO DE 2010
*DOUGLAS MENEZES é membro da Academia Cabense de Letras
Na década de oitenta do século passado, um grupo de jovens aqui do cabo de Santo Agostinho fundou um folheto poético chamado “Para não nos Esquecermos”. Natanael Júnior, Paulo Cultura, de saudosa memória, Antonino Júnior, Frederico Menezes, Gerson Santos, Jeová, entre outros, faziam parte desse trabalho, cuja tentativa maior era resgatar o fazer poético da cidade de Santo Agostinho e avivar a memória dos cabenses para a necessidade de se perpetuar o bem imaterial do município através da arte. Foi uma angustiante busca de se produzir uma “Cantiga para não morrer”, como bem diz o grande poeta Ferreira Gullar. E embora de vida efêmera, a publicação foi um grito, uma chamada de atenção, um incentivo para que não deixássemos de falar, de ter voz, de mostrar à ditadura, principalmente a nível da cidade, que nós estávamos vivos, que tínhamos corações e mentes e, sobretudo, sensibilidade.
Fazíamos parte do grupo e não lembramos bem quem colocou o título tão sugestivo. O certo é que, a partir daquela edição, alguns companheiros não pararam mais de produzir literatura, embora uns tivessem feito um hiato e depois retornado à produção. Parte deles lançou livros, que hoje são antológicos dentro do fazer literário da cidade do Cabo. Natanael Júnior conseguiu a façanha de publicar um livro pelas Edições Piratas, um dos movimentos mais significativos do século vinte na cultura pernambucana. Podemos mesmo dizer que a década de oitenta fez surgir boa parte da hoje Academia Cabense de Letras. Aqueles sonhadores não pleiteavam fama, glória literária, mas apenas um espaço para poder cantar o que a alma implorava.E lembremos: isto ainda na ditadura militar, onde a liberdade de expressão se mantinha cerceada.
Aqueles jovens escritores confirmaram, também, a visão de que se podia fazer cultura sem a tutela do poder público, à época, como hoje, insensível aos bens imateriais de uma comunidade. Mostraram que é possível dizer “as coisas” sem o carimbo oficial” que, muitas vezes, tiram a chance do artista ser realmente livre para realizar seu trabalho. Sua arte sobrevivia da necessidade de produzir esteticamente e de fazer história,deixando claro que a cidade é o povo, com o seu cotidiano sofrido, com sua tradição natural. As pessoas simples é que fazem a historiografia de um lugar, pois o poder é passageiro e muitos dos governantes são jogados apenas no lixo dos anos que se passam.
“Para não nos Esquecermos” teve vida curta, foi sucedido pelo bem mais elaborado “Sol de Versos”, mas, embora quase esquecido, deixou semente e marcou nossa existência. Guardamos suas edições como a um tesouro que não tem preço. Em seu último e eterno número a frase emblemática, que resume o espírito romântico, rebelde, histórico e identificador com a cidade: “Tem Arte e Artistas nas Ladeiras do Cabo de Santo Agostinho”.Lição que os novos deveriam assimilar, pois assusta como, a passos largos, perdemos a identidade e o humanismo. Tornamo-nos cosmopolitas e ricos economicamente, mas estamos esquecendo de beber a água da fonte da espiritualidade que é a cultura. E antes que seja muito tarde, façamos o retorno sem deixar de avançar. Toquemos o presente buscando inspiração no passado “para não nos esquecermos”.
- JANEIRO DE 2010
*DOUGLAS MENEZES é membro da Academia Cabense de Letras
BICHO DE LIXO

Antonino Oliveira Júnior
Passa o ônibus,
passa a moto,
passa o carro;
Levanta o vidro,
põe o capacete,
liga o ar...
Ninguém aguenta
da sociedade o escarro
que fede,
que tem doenças,
que tá podre,
que faz podre;
Tem urubu, tem cachorro,
tem o outro
que fala, que chora,
que sente...
Acelera...tá na hora...
Na Igreja
quero a hóstia, quero o pão,
quero a bênção
do Pai que padece,
do Pai que é pai
de todos nós, de todos nós, de todos nós...
de todos nós?!?
Então, para o carro,
desce o vidro, estende a mão
e não ignora
que é teu irmão
que tá no lixo,
feito bicho!!!
Amém! Aleluia! Que assim seja!
*Antonino Oliveira Junior é membro da Academia Cabense de Letras
SOLANO TRINDADE

TEM GENTE COM FOME
Solano Trindade
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome...
Piiiii!
Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas, Cordovil,
Brás de Pina,
Penha Circular
Estação da Penha,
Olaria,
Ramos,
Bonsucesso,
Carlos Chagas,
Triagem, Mauá,
trem sujo da Leopoldina,
correndo correndo,
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar,
em algum destino,
em algum lugar...
Trem sujo da Leopoldina,
correndo correndo,
parece dizer:
tem gente com fome,
tem gente com fome,
tem gente com fome.
Só nas estações,
quando vai parando,
lentamente,
começa a dizer:
se tem gente com fome,
dai de comer...
se tem gente com fome,
dai de comer...
se tem gente com fome,
dai de comer...
Mas o freio de ar,
todo autoritário,
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuu.......
CURTAS E BOAS
Neste domingo, às 11h, tem debate sobre alguns dos espetáculos locais da programação no Espaço Cultural Fiandeiros (Rua da Matriz, 46, 1º Andar, na rua lateral da Igreja da Boa Vista, perto da praça Maciel Pinheiro, num prédio azul). Serão analisadas as peças Greta Garbo Quem Diria..., Histórias de Além-Mar, Pinóquio e Suas Desventuras e PLAYDOG. Mediação: Leidson Ferraz. Debatedores: Luís Reis e Fernando Limoeiro (MG). INICIATIVA INÉDITA.
Na próxima segunda, às 19h, no Teatro Apolo, acontecerá a leitura dramática de “Prometeu Acorrentado”, do dramaturgo grego Ésquilo, com direção de Samuel Santos e elenco do Grupo Teatral Quadro de Cena. Ingresso: R$ 1 (hum real).
Tudo isso acontece por conta do JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS.
Na próxima segunda, às 19h, no Teatro Apolo, acontecerá a leitura dramática de “Prometeu Acorrentado”, do dramaturgo grego Ésquilo, com direção de Samuel Santos e elenco do Grupo Teatral Quadro de Cena. Ingresso: R$ 1 (hum real).
Tudo isso acontece por conta do JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS.
PONTO DE CULTURA
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
POETAS HOMENAGEIAM FREI CANECA

O Frei Joaquim do Amor Divino, conhecido como Frei Caneca, um dos heróis da Revolução de 1817, é homenageado hoje em Recife, no Museu do Forte das Cinco Pontas, em solenidade que contará com um recital que terá a participação de Cida Pedrosa, Mariane Bigio, Suzana Mooraes e Silvana Menezes, que declamarão pesias de autoria do Frei Caneca. O recital será acompanhado pela música barroca do Grupo Flor de Maio. O evento acontece às 17 horas.
O DOM DA PAZ

Pensando bem
Dom Hélder Câmara
que importa
que a sombra
que atinge a todos
me atinja, também!?...
Nem me sentiria à vontade
diferente de todos...
Essencial
é que seja de luz
o ramo
cuja entrega
é a razão da minha vida
e de meu vôo!...
FRASES DE D. HÉLDER CÂMARA
“Não há penitência melhor do que aquela que Deus coloca em nosso caminho todos os dias”.
“A maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar”.
“Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil razões para viver”.
“As pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros. Levo-as no coração”.
“... Feliz de quem passa pela vida; tendo mil razões para vivê-la ...”
“Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”.
“Não me dou a penitências.Com todo respeito que me merecem os santos, não sou homem de autoflagelações... Não há penitência melhor do que aquelas que Deus coloca em nosso caminho”.
“Feliz de quem entende que é preciso mudar muito pra ser sempre o mesmo”.
PROGRAMAÇÃO DE ABERTURA DO CINEMA SÃO LUIZ

Colaboração Solange Lopes
Terça-feira (12)
Nossos Ursos Camaradas (2009, 12 minutos), de Fernando Spencer
Baile Perfumado (1996, 93 minutos), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas
Quarta-feira (13)
Até o sol raiá (2007, 12 minutos), de Fernando Jorge e Leanndro Amorim
Orange de Itamaracá (2006, 78 minutos), Franklin Júnior
Quinta-feira (14)
Ave Maria, mãe dos sertanejos (2009, 12 minutos), de Camilo Cavalcanti
KFZ-1348 (2008, 81 minutos), Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso
Sexta-feira (15)
Cachaça (1995, 13 minutos), Adelina Pontual
Deserto feliz (2007, 88 minutos), Paulo Caldas
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