sábado, 20 de agosto de 2011

A CIÊNCIA DA ABELHA É UM SEGREDO, FAZER MEL SEM TER TACHO E SEM CALDEIRA. (Uma homenagem ao poeta João do Vale)

Alberto Oliveira


Fio doce a correr pelos meus dedos

Levo à língua a porção desse manjar,

Natureza por certo há de explicar

A ciência da abelha e seu segredo,

E também como veste o arvoredo

Bota o néctar na flor da aroeira

Faz buraco na velha gameleira

Prá coleia ali se abrigar

Mãe rainha põe zangões prá trabalhar

Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.


A abelha não faz qualquer roçado

Prá plantar nem sequer um pé de cana,

Piojota ou os colmos da caiana

É mistério ou milagre anunciado,

A natura dá conta do traçado

Tanto mel prá guardar na garrafeira

O produto daquela taifeira,

A ciência da abelha é um segredo

É tão grande que até me mete medo

Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.


Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira

Nem engenho pra cana esmagar,

Alambique pro caldo depurar

Não precisa coar pela peneira,

Com certeza alquimia verdadeira

Nunca vi o seu mel sair azedo

Começando o trabalho logo cedo

Pois é grande o poder da natureza

Diga lá donde vem essa grandeza

A ciência da abelha e seu segredo.


Batalhões de abelhas operárias

No ofício e labuta do trabalho

Parecendo o ferreiro no seu malho

Não se vê entre elas qualquer pária

Não recebem tostões pela diária

Seja aqui ou em terra estrangeira

O zumbi quando ouvi a vez primeira

Eu fiquei meditando no lajedo:

A ciência da abelha é um segredo

Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.

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