Alberto Oliveira
Fio doce a correr pelos meus dedos
Levo à língua a porção desse manjar,
Natureza por certo há de explicar
A ciência da abelha e seu segredo,
E também como veste o arvoredo
Bota o néctar na flor da aroeira
Faz buraco na velha gameleira
Prá coleia ali se abrigar
Mãe rainha põe zangões prá trabalhar
Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.
A abelha não faz qualquer roçado
Prá plantar nem sequer um pé de cana,
Piojota ou os colmos da caiana
É mistério ou milagre anunciado,
A natura dá conta do traçado
Tanto mel prá guardar na garrafeira
O produto daquela taifeira,
A ciência da abelha é um segredo
É tão grande que até me mete medo
Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.
Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira
Nem engenho pra cana esmagar,
Alambique pro caldo depurar
Não precisa coar pela peneira,
Com certeza alquimia verdadeira
Nunca vi o seu mel sair azedo
Começando o trabalho logo cedo
Pois é grande o poder da natureza
Diga lá donde vem essa grandeza
A ciência da abelha e seu segredo.
Batalhões de abelhas operárias
No ofício e labuta do trabalho
Parecendo o ferreiro no seu malho
Não se vê entre elas qualquer pária
Não recebem tostões pela diária
Seja aqui ou em terra estrangeira
O zumbi quando ouvi a vez primeira
Eu fiquei meditando no lajedo:
A ciência da abelha é um segredo
Fazer mel sem ter tacho e sem caldeira.
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