quarta-feira, 20 de outubro de 2010

SOLTE AS AMARRAS


SOLTE AS AMARRAS
*Erivaldo Alves
“Os homens são pássaros que amam o vôo, mas têm medo de voar. Por isso abandonam o vôo e se protegem em gaiolas” Rubem Alves.

Parece muito real o fato que sonhamos o vôo, mas tememos as alturas.
Atualmente, os seguimentos religiosos, parecem uma enorme feira onde se vendem pássaros engaiolados de todos os tipos. Às vezes, esses pássaros saem de uma gaiola (uma religião) e entram noutra.

Fica claro que os hereges, são os pássaros que não se deixam prender. Quando as gaiolas são feitas de ferro, é fácil percebê-las, mas quando são de ensinamentos, doutrinas, dogmas, prendem por dentro. E ai fica difícil escapar. E quando se escapa, as feridas aparecem e as doenças da alma são notórias. Quem já creu e não crer mais que o digam.

Quebrar essas gaiolas internas não é fácil! Pois elas “dão segurança”. Uma espécie de liberdade dentro da prisão. Há muitas gaiolas diferentes. Mas todas elas são gaiolas. Geralmente os donos dessas gaiolas e dos pássaros, são donos da verdade e absolutos em seus posicionamentos

Livrar-se das coisas que nos mobilizam em um só lugar não é tarefa fácil. Em um jogo de cartas, o segredo dos vencedores, está em saber descartar. Na vida, como no jogo de cartas, o que importa é saber descartar – se livrar dos embaraços.

Forças ou hábitos exercem profunda influência. Terei de me livrar deles. Principalmente daqueles que me condicionam. O escritor aos Hebreus põe a questão da seguinte forma: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta” (Hebreus 12.1).

Precisamos descartar o que quer que nos atrapalhem.
Precisamos descartar as prioridades erradas que nos impedem de chegar ao que é mais importante. Talvez o problema seja o medo, ou a dúvida, ou o sentimento de inadequação. Deus chamou Moisés para governar seu povo, mas Moisés não queria sair do seu lugar. Sua baixa auto-estima o conduziu às seguintes evasivas: (conf. Êxodo 3.11, 4.1,10)
• “Quem sou eu para apresentar-me a faraó?”
• “E se eles não acreditarem em mim nem quiserem me ouvir?”
• “Nunca tive facilidade de falar”
• “Não consigo falar bem”

Para soltar as amarras, se faz necessário se desprender da necessidade de segurança e proteção.

Às vezes o que nos prende, a corda que nos segura, é um irmão nosso, um de nossos pais, o nosso líder (foi assim com Davi). Conforme O livro de I Samuel 17.28. Há algumas pessoas em nossa vida que são nossas cordas. Isto é, são pessoas que nos prendem. São aqueles que quando levantamos vôo eles se sentem presos e não voam conosco. No de Davi era seu irmão Eliabe que após ver seu irmão sendo ungido como rei de Israel, assim se referiu a ele: “Por que você veio aqui? Com quem deixou aquelas poucas ovelhas no deserto? Sei que você é presunçoso e que o seu coração é mau” (I Samuel 17.28).

Às vezes nossas cordas são imperceptíveis para nós e até gostamos das amarras. Isto porque nos sentimos seguros e não corremos risco. No filme Sonho de Liberdade o personagem interpretado por Morgan Freeman, fala do medo dessa liberdade sentida por quem passou tempo demais preso:
“No começo, essas paredes, você as odeia. Elas te deixam louco. Depois de algum tempo você se acostuma com elas, nem mais nota que elas estão aí. Até que chega o dia em que você se dá conta de que precisa delas”.

Muitos de nós nos queixamos das amarras ao invés de desatá-las. Há quem goste de status de vítima. Se alguém se aproxima e desata-lhe as cordas, ela mesma torna a amarrar-se.
Algumas perguntas que podem ajudar à liberdade:
1. Que cordas estão lhe amarrando?
2. Você deseja arrebentá-las?
3. Ou você já está acostumado? Está com medo da liberdade?
4. Você pode libertar-se sozinho ou precisa da ajuda de alguém?

Reflexão por ocasião do culto de ação de graças do Ministério de Homens da IEBC
17.10.2009 PIEBGarapu -28.04.2010. Pastor Erivaldo Alves.

*Erivaldo Alves é Pastor da Igreja Batista da Cohab e membro da Academia Cabense de Letras.

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