A MÁQUINA E EU
Antonino Oliveira Júnior
Triste, sem cor, abatido, chego no final da batalha daquele dia diante de quem imaginei como inimigo maior. Estou diante da máquina, séria, fria, que me olha e esboça um leve sorriso de vencedor, notado apenas por mim. As pessoas falavam ao meu redor e quase não as escutava, com os olhos fixos naquele ar de riso à minha frente, cuja dona estava a poucos centímetros de me tocar e de se tornar vencedora por inteiro.
Antonino Oliveira Júnior
Triste, sem cor, abatido, chego no final da batalha daquele dia diante de quem imaginei como inimigo maior. Estou diante da máquina, séria, fria, que me olha e esboça um leve sorriso de vencedor, notado apenas por mim. As pessoas falavam ao meu redor e quase não as escutava, com os olhos fixos naquele ar de riso à minha frente, cuja dona estava a poucos centímetros de me tocar e de se tornar vencedora por inteiro.
Com a dignidade de quem sabe perder, entreguei-me à vencedora, cujos braços não me machucaram, mas, acolheram-me como uma mãe à sua cria mais nova. Apesar do medo, cheguei dormir ao seu lado, tanto foi o sentimento de afeto que recebi. Quem eu tanto imaginei que me mataria, dava-me vida e, ao ouvir a voz do médico falando que “encerrara por hoje”, levantei corado, falante, um novo homem. Olhei para trás e vi aquele ar de riso e vibrações que me mandaram uma mensagem : “Tá vendo? Eu só queria ajudar...”
Feliz, revigorado, estava saindo da sala e virei para um derradeiro olhar daquele dia. A máquina estava igualmente feliz. E se aos olhos de qualquer outro, ela não passa de um equipamento frio e inerte, aos meus olhos é um coração que pulsa ao lado do meu.
*Antonino é da Academia Cabense de Letras
Nossa! Sem palavras.
ResponderExcluir