sábado, 27 de julho de 2013

A MÁQUINA E EU

A MÁQUINA E EU
Antonino Oliveira Júnior

Triste, sem cor, abatido, chego no final da batalha daquele dia diante de quem imaginei como inimigo maior. Estou diante da máquina, séria, fria, que me olha e esboça um leve sorriso de vencedor, notado apenas por mim. As pessoas falavam ao meu redor e quase não as escutava, com os olhos fixos naquele ar de riso à minha frente, cuja dona estava a poucos centímetros de me tocar e de se tornar vencedora por inteiro.

Com a dignidade de quem sabe perder, entreguei-me à vencedora, cujos braços não me machucaram, mas, acolheram-me como uma mãe à sua cria mais nova. Apesar do medo, cheguei dormir ao seu lado, tanto foi o sentimento de afeto que recebi. Quem eu tanto imaginei que me mataria, dava-me vida e, ao ouvir a voz do médico falando que “encerrara por hoje”, levantei corado, falante, um novo homem. Olhei para trás e vi aquele ar de riso e vibrações que me mandaram uma mensagem : “Tá vendo? Eu só queria ajudar...”

Feliz, revigorado, estava saindo da sala e virei para um derradeiro olhar daquele dia. A máquina estava igualmente feliz. E se aos olhos de qualquer outro, ela não passa de um equipamento frio e inerte, aos meus olhos é um coração que pulsa ao lado do meu.

*Antonino é da Academia Cabense de Letras

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