sábado, 1 de dezembro de 2012

SONETO DAS METAMORFOSES



Carlos Pena Filho


Carolina, a cansada, fez-se espera
e nunca se entregou ao mar antigo.
Não por temor ao mar, mas, ao perigo
de com ela incendiar-se a primavera.

Carolina, a cansada que então era
despiu, humildemente, as vestes pretas
e incendiou navios e corvetas
já cansada, por fim, de tanta espera.

E cinza fez-se. E teve o corpo implume
escandalosamente penetrado
de imprevistos azuis e claro lume.

Foi quando se lembrou de ser esquife:
abandonou seu corpo incendiado
e adormeceu nas brumas do Recife.

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