sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SAUDADE DA TUA AUSÊNCIA

Antonino Oliveira Júnior




A luta renhida para conquistar-te
Norteou minha vida
E fez de mim um incansável
E irremediável sonhador;
Troféu de meu coração,
Vejo-te deitada ao meu lado,
Em corpo...

O tempo que trouxe a ti para mim
É o mesmo que te mostra distante,
Ainda que tão perto, tão junto assim...
Juntos e tão equidistantes
Vejo-te adormecida ao meu lado,
Como um corpo apenas
Sem vida, sem cheiro, sem vida...
Senti vontade de te buscar outra vez,
Senti saudade da tua ausência.


OFICINAS GRÁTIS

A partir da próxima segunda-feira (dia 25 de fevereiro) estarão abertas as inscrições para as duas oficinas gratuitas programadas para o “Trocadilho: I Encontro Prático e Teórico de Pesquisa em Danças Populares”, que acontecerá de 19 a 23 de março, no Centro Cultural Correios e sede do Coletivo Lugar Comum, ambos no Bairro do Recife. Com incentivo do Funcultura e proposto pela atriz-dançarina e pesquisadora Viviane Souto Maior, o evento propõe o intercâmbio entre artistas-pesquisadores das áreas de Dança, Teatro e Culturas Populares que têm nas danças tradicionais de Pernambuco a base do seu trabalho pessoal, técnico e cênico, assim como a divulgação de suas pesquisas para a classe artística pernambucana.

 
Duas oficinas gratuitas serão oferecidas concomitantemente:

Teatro e Dança: Uma Brincadeira, com Viviane Souto Maior
De 19 a 23 de março, das 9 às 12h, na sede do Coletivo Lugar Comum (Rua Madre de Deus, 170, sala 202, Bairro do Recife). A oficina dialoga com diferentes linguagens: teatro, dança e cultura popular, apresentando os diversos desdobramentos possíveis da dança do frevo e do cavalo-marinho e o seu aproveitamento técnico, cênico e educativo como potencial para o trabalho nas artes cênicas.

Viviane Souto Maior faz parte de uma nova geração de artistas atuantes no mercado de dança e do teatro, com um olhar voltado para as manifestações populares e suas contribuições na formação dos estudantes e profissionais das artes cênicas. A atriz é formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem grande experiência na Antropologia Teatral, tendo participado de atividades culturais do cenário teatral internacional, como Dinamarca e Equador. Mudou-se para Pernambuco em 2007 para conhecer e vivenciar as manifestações populares da região, a fim de aplicar este conhecimento ao seu trabalho de atriz. Desta pesquisa surgem dois resultados: a aula espetáculo “Fervo, Frevo” e a performance “Carnavale”, já apresentadas na Bahia, Pernambuco e Paraíba.

Cavalo Marinho e o Corpo na Cena, com Lineu Gabriel
De 19 a 23 de março, das 9 às 12h, no Centro Cultural Correios (Av. Marquês de Olinda, 262, Bairro do Recife. Tel: 3224 5739 e 3424 1935). A oficina oferece exercícios e dinâmicas elaboradas a partir da corporalidade presente na brincadeira de cavalo marinho, com o objetivo de estimular a criatividade do ator-dançarino, assim como sua capacidade de passear por diferentes gramáticas corporais. Estimulando o corpo e a construção de uma qualidade de presença para a cena, os elementos da tradição aparecem como detonadores de estados corporais que enriquecem a composição de teatro e/ou dança.

Lineu Gabriel (paulistano radicado em Olinda) é Mestre em Artes pela Unicamp, graduado em Antropologia pela mesma universidade, e docente do curso Práticas e Pensamentos do Corpo, da Faculdade Angel Vianna no Recife. Ator-dançarino do Grupo Peleja, pesquisa manifestações da Zona da Mata Norte pernambucana, em especial o Cavalo Marinho e o Maracatu Rural, desde o ano de 2003. No mais recente festival Janeiro de Grandes Espetáculos, Lineu Gabriel conquistou o título de Melhor Bailarino, pelo espetáculo “Tu Sois de Onde?”, empatado com o bailarino contemporâneo Ivaldo Mendonça.

Para inscrição nas oficinas, basta mandar e-mail com breve currículo para: trocadilhooficina@gmail.com Haverá seleção para os participantes. Todo o restante da programação (ainda a ser divulgada), que vai contar com palestras, aulas demonstrações e exibição de vídeos, tendo como convidados os artistas-pesquisadores Viviane Souto Maior, Helder Vasconcelos, Lineu Gabriel, Maria Acserald, Roberta Ramos, Tainá Barreto e Valéria Vicente, é gratuita, não sendo necessária inscrição prévia. O evento conta com incentivo fundamental do Funcultura.

Contatos: Lineu Gabriel (99259356 / 8538.7700) e Viviane Souto Maior (9600.5165).

Maiores informações com o produtor executivo do evento, Hudson Wlamir: 9699 2731 ou 88263459.


A ORFANDADE DE CECÍLIA


Douglas Menezes*



                                            
                                            ORFANDADE
                            “A menina de preto ficou morando atrás do tempo/ sentada no banco, debaixo da árvore / recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados. /  Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido, /  e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse, murmurou: A MAMÃE MORREU. /  Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também. / O olhar caiu dos seus olhos, e está no chão, com as outras pedras, / escutando na terra aquele dia que não dorme / com as três palavras que ficaram por ali”. ( Cecília Meireles)
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    É inegável a força do Simbolismo na poesia de Cecília Meireles, responsável, mesmo, pela reabilitação desse estilo dentro da Literatura brasileira. E a presença da linguagem vaga, imprecisa, escondida na conotação evidente confirma ser a poetisa  carioca a mais simbolista dos modernistas brasileiros. Toda a sua obra é marcada, também, pela musicalidade, sonoridade constante, típicas dessa escola do final do século dezenove.
    E essa melodia é evidenciada na assonância do seu poema Orfandade, materializada na repetição da vogal E (alguém, ninguém). Outro elemento que nos indica musicalidade se refere à Aliteração, concretizada na consoante P (passam, parou, passa), o que confere um ritmo regular, próprio da música, embora com a métrica instável, marca do Modernismo.
     Ainda vislumbramos uma outra presença que configura sonoridade e empresta uma beleza plástica fundamental ao texto. Trata-se dos dois últimos versos: “ Escutando na terra aquele dia que não dorme/  Com as três palavras que ficaram por ali”. A terra, junto com as pedras, como que repetem a frase constantemente: “ A mamãe morreu”.
      A primeira imagem forte do texto diz respeito à visão de que morar atrás do tempo é, na verdade, viver de memória. Daí, já sentirmos ser o texto profundamente introspectivo, apesar do “eu lírico” apresentar-se na terceira pessoa.
      Depois, visualizamos a cor branca da espiritualidade, presente no primeiro verso da segunda estrofe: “Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido”.
       O poema Orfandade, expresso quase que totalmente por Figuras de Linguagem, mostra em termos de conteúdo, confirmando nossa análise, aspectos bastante encontrados na estética simbolista, como o pessimismo, confirmado  pelo fato negativo passado por alguém que perdeu a mãe; o sentimento de solidão (“Já ninguém passa mais”); e a forte imagem associada ao Simbolismo, expressa na presença da Sinestesia, que capta elementos sensoriais, como forma de ligar o ser à natureza e a seus sons: “ O olhar caiu (visual); Escutando na terra (auditiva)”. Além de tornar concreto, elementos abstratos, ao misturar as palavras com as pedras, e a terra.
          No mais, a imagem geral de que a dor nunca dorme, nunca acaba, estará sempre como marca da vida: “Aquele dia que não morre”.
   Fevereiro de 2013.

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

FREVO DE SAUDADE




Nelson Ferreira e Aldemar Paiva

Quem tem saudade
Não está sozinho
Tem o carinho, da recordação
Por isso quando estou
Mais isolado
Fico bem acompanhado
Com você no coração...
Uma sorriso, uma frase, uma flor,
Tudo é você na imaginação
Serpentina ou confete
Carnaval de amor
Tudo é você no coração
Você existe
Como um anjo de bondade
E me acompanha
Neste frevo de saudade

(A)FETO





(A)FETO
Antonino Oliveira Júnior

O olhar, a simpatia,
a atração, o querer,
as mãos, o desejo,
o prazer e a consumação.
Unidos, os dois,
corpo e mente...
O gozo pelo amor
sem egoísmo,
sentido por dois
em função de três.
Dedicação, entrega, sussurros
e um amor intenso
deixando vestígios no mundo.

PARA UM FINAL DE VERÃO


             
                                              DOUGLAS MENEZES*

  Começo, neste dia cinzento, pensando  nos quase duzentos e cinquenta jovens assassinados em Santa Maria. Sim, foram mortos estupidamente pela negligência e irresponsabilidade de muitos  culpados, a começar por quem  deveria zelar pela segurança do povo. O estado que só cuida quando as tragédias acontecem. O choro dos políticos não vai trazer os jovens de volta, nem minimizar a dor maior. Mais uma lição sofrida para que a responsabilidade seja retomada, se é que já existiu.
   Nesta manhã cinzenta, penso, atrasado, naqueles que tinham uma vida pela frente,  enganados, partiram mais cedo, e, em um país sem memória, logo irão fazer parte do esquecimento de uma população acostumada a relegar a um plano secundário coisas sérias que deveriam estar sempre em pauta na vida das pessoas. O brasileiro parece anestesiado, conformado e vivendo num estado de letargia que passa a ideia de que vivemos instintivamente, apenas para sobreviver. Perdemos a gentileza e a solidariedade maior, apesar de ações pontuais, que deveriam ser coletivas e constantes.
    Nesta manhã cinzenta, faço crônica pessimista. Impaciente, digo coisas que não queria dizer. Olho ao redor, dorme minha gente, que sustenta e ampara a angústia e essa visão negativa que eu não queria que existisse. Sou dependente dela. O bálsamo, a ilusão de que haverá dias mais risonhos e só notícias boas a comentar.
    Assim, corro os olhos nos jornais. O real se sobrepõe, então. Esforço enorme para encontrar notícias que causem alento, que me façam acreditar num mundo mais feliz. Os jornais não têm cor. Iguais a esse mormaço, a  esse calor sem vento, a esse suor vindo não sei de onde. Iguais, os jornais,  a essa  tediosa e quase inútil manhã cinzenta.

*DOUGLAS MENEZES é da Academia Cabense de Letras

    


sábado, 2 de fevereiro de 2013

HÁ HOMENS


Antonino Oliveira Júnior
(ao Pastor Erivaldo Alves, pela forma acolhedora com que se relaciona com as pessoas)

  
Há homens que amam suas mulheres
e constroem a vida a dois...
esses são importantes.

Há homens que amam seus filhos,
formam sólidas famílias
e ajudam na construção de adultos equilibrados...
esses são fundamentais.

Há homens que amam um ideal,
carregam uma bandeira de luta
e vislumbram horizontes sociais a alcançar...
esses são necessários.

Há homens que amam indiscriminadamente,
fazem do amor a própria razão da vida
e apostam na criação de uma sociedade justa,
de um mundo de paz.
Para eles, o amor é vital,
amam a todos a vida toda...

esses são imprescindíveis.


THEO SILVA É PRIORIDADE DA ACADEMIA EM 2013

Publicar o livro com a obra literária de Theo Silva é o principal projeto da Academia Cabense de Letras para 2013. Os primeiros contatos foram feitos com o Secretário municipal de Educação, que, nestes dias, receberá o projeto da ACL, para provável parceria da Instituição com o governo municipal.

A Academia Cabense de Letras pretende, com a parceria, levar a obra do poeta Theo Silva para todas as escolas do município, abrindo um debate sobre a obra do poeta mulato. Será uma oportunidade de fazer a cidade conhecer Theo Silva, que empresta o nome a uma praça no centro da cidade, mas, que é um ilustre desconhecido para a população.

16 ANOS SEM CHICO SCIENCE

Em 03 de fevereiro de 1997, um acidente de trânsito levou CHICO SCIENCE, o "cara" que criou e inovou com o Mangue Beat, verdadeira revolução artístico-cultural na música brasileira. Em sua carreira meteórica, Chico levou para o gosto da juventude os nossos ritmos da cultura popular, fazendo uma releitura do maracatu, do caboclinhos, ciranda, etc., tradicionais manifestações culturais, que, a cada ano, se distanciava do público jovem.

Nesse ano, o carnaval não foi de todo alegre e o batuque dos tambores calou diante da tragédia que nos levou Chico Science para sempre. Desde então, nada de novo foi criado na cena pernambucana e a mistura provocada por Chico e sua Nação Zumbi continua inovadora.

"DOMINGO COM POESIA" ENTRE OS MELHORES

O Blog Domingo com Poesia, coordenado pelo poeta Natanael Lima Júnior ficou em segundo lugar, na disputa pelo prêmio Top Blog, que aconteceu na cidade de São Paulo. Disputaram o prêmio cerca de 18 mil Blogs de todo país e o poeta Natanael Lima Júnior conseguiu o segundo lugar, numa final disputadíssima.

Natanael é poeta, membro da Academia Cabense de Letras.