quinta-feira, 10 de maio de 2012

ERAM TANTOS

Roberto Menezes



Eram tantos
Que já não podia se amontoar.
Eram tantos
Que não afundavam mais no mar.
Eram tantos
Que sob pistas de aeroportos
E alicerces de construção
Não podiam mais ocultar.
Eram tantos
Que passaram a incomodar
E voltaram a queimar
Como nos primeiros fornos
E nos banhos de melaço quente
Onde camponeses e operários de usinas
No golpe cruel e demente
Encontraram a morte de suas vidas severinas.
Eram tantos
E deles se livraram.
Mas esqueceram
que não se queima
Lembrança de ser querido
Afeto de desaparecido
Dor que é brasa que teima
Chama escondida que arde
Até que se faça justiça
Até que se mostre a verdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário