A bomba explode distante
e me deixa cego agora
como o sol radiante
naquela noite lá fora.
Sol que me tirou o olhar
sol que mostra e zomba
sol que pra amar me chama
Hiroshima, mulher, menina.
Hiroshima. Só.
O sol, a bomba
e me tornei cego radioativo
perseguindo tua imagem
na loucura de uma viagem
que imagino, vivo e ativo:
sem saber se és Nevers
sem saber se és Hiroshima.
Cego sigo nessa dramática vertigem
de um pretenso e tenso cine-poema
que nunca passou, nem passará, no cinema.
(Para quem assistiu Hiroshima Mon Amour. E prá ela)
*Roberto Menezes é Jornalista.
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