domingo, 24 de junho de 2012

OLHA PRO CÉU MINHA GENTE, VÊ QUE LUA MAIS LINDA !

Douglas Menezes*


   Eu invento frases de efeito que aprendi com os mestres. Eu douro as palavras de modo artificial porque os bancos e os livros me ensinaram. Digo coisas, às vezes bonitas, legítimas até, mas apropriadas por um conhecimento adquirido. Ele, não: disse o que eu sempre quis dizer e não soube como. Ele, natural; ele, voz do povo; ele  enquadrado naquilo que outro poeta falou: “ se a gente sofre, ele sente”. Aridez da vida transformada em ternura. Na poesia, a terra seca chega a parecer molhada, mesmo expressando a dor maior da sobrevivência.
   Vi de perto um dia, muito tempo faz, jovenzinho ainda. Ele junto, atencioso. Ele respondendo as perguntas, paciência de Jó
Quando soube que não éramos jornalistas, brincou, fingindo severidade: “vocês são uns nojentos” e depois riu aquele riso sertanejo, forma carinhosa de falar que estava só brincando. Depois, a missa, os vaqueiros perfilados, a fé maior,o canto inconfundível ecoando na imensidão do mundo do interior. Contrita aquela gente, ouvindo a voz que ela conhecia tão bem, famosa e, ao mesmo tempo de uma simplicidade comovente. Deus ali, também refletindo por que tanto padecimento, já que aquele povo acreditava tanto Nele. A missa nordestina com charque e rapadura, e a música dele, misturada a toda a paisagem dessa Palestina brasileira.
   Na poética, a sensibilidade nata, as personificações nunca esquecidas, de emoção à flor da pele? “ Quando vivim cantou / Corri pra ver você / Atrás da serra o sol tava pra  se  esconder / Quando você partiu / Eu não esqueço mais / Meu coração amor/ Partiu atrás”. Ou o jogo de palavras do ABC DO SERTÃO, com a defesa da língua sertaneja, do sotaque que faz a diferença e reafirma a personalidade própria. Aliás, décadas vivendo no sul e nunca mudou o modo de falar, criticando aqueles que macaqueavam, que perdiam a identidade, imitando o sulismo, mesmo com pouco tempo naquela região.
   Toda uma vida dedicada a analisar musicalmente a sociologia de um povo. O amor, a natureza, as cidades, as serras, as paisagens diversas, as festas, os personagens, as injustiças sociais, a dignidade do nordestino sempre ultrajada até hoje. Conseguiu, como poucos, unir forma e conteúdo. Sem conhecimento histórico, expressou na obra, na melodia,  a origem Ibérica e do Oriente Médio da música nordestina.
   Telúrico em toda a trajetória. Chão de terra batida, cheiro e mato seco, uma voz de quintal ouvida em todo canto: “ vem ver quanta fogueira / No terreiro embandeirado,/Foguetes e balões/ Sob o céu todo estrelado / Namoro à moda antiga / Com suspiro ao luar /Vem ver coisa bonita / São João no arraiá”.
  Sim, faço frases que a escola ensinou a fazer. Ele ganhou a elite pensante com o pulsar de uma poesia vindo do coração e do músculo sensíveis, no entanto.  Passou por todos os temas possíveis. Gente de peso da arte nossa rende-lhe até hoje homenagens. Cem anos que vão ser centenas, com certeza. Pois arte maior não morre nunca. Discípulos estão aí, bons ou maus, perpetuando seu legado. Os pés-de-bode continuarão animando as festas da cabroeira que tanto ele amava. Agora, também o ano inteiro.
    Pois é, o casal olha no céu deste junho a lua redonda, que insiste em ficar entre as estrelas. Lua gorda, morena escura. Ele olha de cima, risonho, feliz, vendo ainda algumas fogueiras brilhando lá embaixo na terra. Lua feliz olhando, com alegria de menino, ouvindo o som que ele deixou. E mais ainda, a confirmação de que, mesmo com a tirania do tempo, implacável com o destino humano, o seu povo não o esquecerá jamais.

Douglas Menezes, junho 22 de 2012

*Douglas Menezes é da Academia Cabense de Letras.
   

sexta-feira, 8 de junho de 2012

UMA LÉGUA NEM TÃO TIRANA



               
                                                    DOUGLAS MENEZES

  Ele não está mais aqui, mas o sol continua testemunhando a agonia do seu povo. Uma dor sem fim que os homens que podem não acabam nunca. Dá lucro a inclemência natural para os donos de gado e gente. Dá voto e prestígio o sofrimento do sertanejo. Tão seca a Palestina. Tão seco Israel e eles resolveram a escassez de água. Tirana e infinita essa légua sertaneja. O poeta, no entanto suavizou a angústia trágica de séculos: “Ah que estrada mais comprida,/ Ah que légua tão tirana; / Ai se eu tivesse asas inda hoje eu via Ana”. Amor onde poderia apenas haver o ódio. Lua, em outro espaço, deve estar chorando a repetida tragédia de sua gente. Manchete sem graça: “a pior seca dos últimos cinquenta anos”. Grande artista é aquele que ultrapassa, com sua obra, o tempo presente e ingressa no futuro. Nesse aspecto, é triste a atualidade do cancioneiro de Luiz do Exu. Quisera ele, com certeza, que parte de sua música fosse apenas lembrança de um passado que não voltasse mais.
  Não é bem assim, porém. Entretanto, o mestre faz da dor um rasgo de esperança e de confirmação que o místico ajuda a amenizar a agonia de todo um povo: “ Quando o sol tostou as foias/  E bebeu o riachão / Fui inté ao Juazeiro/ Pra fazer a minha oração”. É como se o sofrimento fosse tão-somente um modo de expiar os pecados. Não há um mínimo de revolta contra o divino. O esgotamento traz, na verdade, a grandeza de quem sofre sempre tudo e não perde a condição de humanismo e bondade:” Tou voltando estropiado / Mas alegre o coração/ Padim Ciço ouviu a minha prece/ Fez chover no meu sertão”. Uma légua cuja tirania é desconstruída a favor de uma visão otimista. A concepção de que a vida vale a pena  viver, apesar de tudo de ruim que os próprios homens fazem. Talvez não seja bom esse conformismo conservador, mas não deixa de ser um exercício de que a humanidade tem salvação.
  É por isso que existe poesia. Para que creiamos num mundo possível, mais feliz e solidário. O poeta crê no homem, até mesmo quando o expressa o mais profundo pessimismo. Há, na Légua tirana do Lua uma confirmação de que a estrada da vida é tortuosa e longa, todavia com um vislumbrar de se atingir algum lugar como objetivo: “ Varei mais de vinte serras/ De alpercata e pé no chão/ Mesmo assim, como ainda farta ! / Pra chegar no meu rincão”.
  Gonzaga, então, modifica o sentido da palavra “tirana”. Põe um bálsamo sobre a aridez original do vocábulo. Tirana: opressora, déspota, ruim, desumana, ditadora, violenta. A tirania do rei é leve para o homem. O eu-lírico sofre, cansaço atroz que, no entanto, não atinge as pessoas, necessitadas de algo leve,  criando a ilusão de um sol menos inclemente, de uma existência pouco sofrida. O final arrebata, na singeleza dos versos, essa concepção de cantiga de ninar, alguma coisa que faz dormir e sonhar, como um céu de estrelas, como uma chuva fazendo brotar a fartura: “Trago um terço pra Das Dores / Pra Reimundo um violão / E pra ela e pra ela trago eu e o coração”.

"O PÁSSARO DE PAPEL" SE DESPEDE DIA 10

foto: Pedro Portugal

Acontece neste domingo, dia 10, a última apresentação da Peça  O PÁSSARO DE PAPEL, que discorre sobre um pássaro cor de mel, desenhado por uma garota numa folha de papel, que aprende a voar, mas que acaba rejeitado pelos outros pássaros, por ser diferente.

O texto é baseado em conto da pesquisadora sergipana Aglaé D'Avila Fontes e tem no elenco Sofia Abreu e Regina Medeiros. A realização é dos produtores Pedro Portugal e Paulo de Castro. A encenação é de Moncho Rodriguez.

A apresentação é no Teatro Arraial, na rua da Aurora, 457, Boa Vista, Recife, às 16:30 horas. O preço dos ingressos é R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).

terça-feira, 5 de junho de 2012

CINEMAS DO COSTA DOURADA SÃO UMA REALIDADE

Será nesta quinta-feira, dia 7 de junho, a inauguração das quatro Salas de Cinema do Shopping Costa Dourada. As instalações são excelentes e os equipamentos todos top de linha, o que assegura uma projeção de qualidade. Das quatro Salas, duas utilizarão o sistema 3 D, que serão, com certeza, um atrativo a mais para os usuários.

A primeira Sessão será sempre às 12 horas e a última às 21 horas, terminando por volta das 23 horas. Segundo Carla Cardoso, Diretora dos Cinemas, o ônibus grátis estará à disposição após a última sessão, o que tranquiliza aos que não possuem veículo próprio.

Os primeiros filmes programados estão em cartaz nos principais cinemas da capital: Madagascar 3, Homens de Preto 3,  Os Vingadores e Paraísos Artificiais. Nesta terça-feira houve uma sessão especial para a imprensa e na oportunidade a direção do Shopping, Dr. Ayrton Cardoso, Carlos Eduardo e Carla Cardoso, recepcionaram o pessoal da imprensa e serviram de cicerone por todas as dependências dos cinemas, incluindo-se as salas de projeção.

Assistindo à sessão estavam Emerson Santa Rita (Biu) e sua esposa. Biu é funcionário do Shopping Costa Dourada e nunca tinha entrado num cinema antes. No final da exibição do filme, Biu revelou que estava maravilhado e emocionado com o que viu.

A Direção dos cinemas revelou que dentro dos próximos oito ou dez dias o público poderá adquirir seu ingresso pela internet (www.ingressos.com) ou, ainda, num dos terminais de auto-atendimento à disposição na entrada dos cinemas.